Carreira & Educação

E o “curriculum mortis”?




Por Mario Sergio Cortella
Professor, Escritor e Filósofo

(…) Na educação, nós devemos ensinar o que sabemos, ter generosidade intelectual; praticar o que  ensinamos, ter coerência ética; e, claro, perguntar o que não sabemos, ter humildade pedagógica.

Ao ler um currículo, temos a sensação de que a pessoa é muito importante. Claro, em geral, somos nós mesmos quem fazemos o nosso currículo. Então, destacamos os nossos valores.

Há dois lugares na história da humanidade onde as pessoas são perfeitas: um deles são as lápides dos túmulos. Se você reparar, não há um canalha enterrado. No cemitério, encontramos as seguintes homenagens nas lápides: “pai amadíssimo”, “mãe dedicada”, “filho amoroso”, “irmão encantável”. Não há um safado sequer enterrado em lugar algum. Outro lugar da perfeição humana é o currículo. Quando eu fui secretário da cidade de São Paulo, antes de nomear um assessor, eu pedia ao futuro candidato que me enviasse, além do curriculum vitae, um curriculum mortis. Ou seja, o que ele fez e deu errado. Sabe por quê? Porque você não conhece alguém apenas pelo que fez e deu certo. Nenhum de nós faz tudo certo, o tempo todo, de todos os modos. Por isso, se você quiser conhecer alguém de fato, tem de saber o que deu certo em seu histórico, seja profissional ou de vida, e o que deu errado, e se ele não desistiu.

Quer um exemplo? Quem inventou a lâmpada elétrica de corrente contínua? Thomas Edison (1847- 1931). Os alunos estudaram apenas quem inventou a lâmpada, mas a questão era mera decoração. De fato, Thomas Edison não inventou a lâmpada em sua totalidade. Ele inventou a lâmpada elétrica de corrente contínua – a de corrente alternada não é invenção dele. Até chegar à lâmpada, Edison fez 1 430 experiências que falharam. Ele mesmo registrou isso em seu livro: “Inventei 1 430 modos de não fazer uma lâmpada”. Porque saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer. Não é à toa que Thomas Edison é um dos homens que mais criou invenções – ele não tinha medo de errar. E aprendeu algo especial em sua vida: não há fracasso quando você erra, só há fracasso quando você desiste depois de ter errado. O erro está na desistência. Qualquer um de nós pode errar. O fracasso vem quando, tendo errado, ao invés de persistir, de buscar, de tentar refazer e reinventar, você desiste.

Erro não é o mesmo que negligência, desatenção ou descuido; o erro é uma possibilidade quando se procura fazer algo, e faz parte da vida.

(…) Trecho retirado do livro “Educação e esperança”, disponível em https://amzn.to/2RfZqh1

 

Fonte: Linkedin

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