Comportamento

Bebês de 0 a 2 anos expostos a tablets têm risco aumentado para miopia




Uma nova série exibida pelo Fantástico (O maravilhoso mundo dos bebês) trouxe, em seu primeiro episódio, um estudo comportamental que comprovou que bebês de zero a dois anos que fazem uso de tablets e celulares para se distrair não têm a coordenação motora afetada negativamente – ao contrário. Mas o oftalmologista Renato Neves adverte que esse hábito contribui para um aumento expressivo nos casos de miopia e estrabismo em crianças.

Uma nova série exibida pelo Fantástico (O maravilhoso mundo dos bebês) trouxe, em seu primeiro episódio, um estudo comportamental que comprovou que bebês de zero a dois anos que fazem uso de tablets e celulares para se distrair não têm a coordenação motora afetada negativamente. Ao contrário, os bebês avaliados atingiram ótimo desempenho nas atividades propostas. Vale ressaltar que esse é só um aspecto relacionado às crianças nascidas na era tecnológica. No Reino Unido, 75% dos bebês usam esses aparelhos todos os dias. No Brasil, é cada vez mais comum encontrarmos crianças que manuseiam um telefone celular melhor do que um adulto. Na opinião do oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, o uso em excesso de tablets e smartphones pode acelerar um processo de miopia, já que a criança tende a focar tudo muito de perto e acaba perdendo a capacidade de enxergar ao longe com precisão.

“A miopia entre crianças vem aumentando faz tempo. Principalmente por questões de segurança, elas passam a maior parte do tempo brincando dentro de casa, se distraindo com videogame e televisão. Nos últimos anos, com o acesso facilitado a dispositivos eletrônicos de todo tipo (notebooks, tablets e aparelhos celulares inteligentes), o aumento da miopia passou a ser sentido com maior frequência. Além disso, o uso prolongado desses eletrônicos também tem mostrado aumento na incidência de casos de estrabismo – que consiste no desvio dos olhos e cuja correção pode ser cirúrgica”, diz Neves.

Com relação à miopia, o médico explica que a dificuldade de enxergar o que está distante pode impactar significativamente o desempenho escolar de uma criança, já que ela terá dificuldade para acompanhar o que o professor escreve no quadro negro se não estiver nas primeiras fileiras. “Algumas crianças com baixo desempenho escolar e que foram diagnosticadas com miopia mudaram completamente seu comportamento em relação aos estudos depois que passaram a usar óculos”. Diante do aumento da incidência de miopia – que vem acontecendo no mundo todo -, Neves recomenda que seja feito um acompanhamento desde cedo com um oftalmologista.

“Embora os bebês não possam cooperar, um exame oftalmológico é necessário por volta dos seis meses de idade. Neste caso, a retinoscopia é usada para diagnosticar erros de refração, como hipermetropia, miopia e ambliopia (síndrome do olhinho preguiçoso). Depois, por volta dos três aos cinco anos de idade, a criança já pode ser examinada dentro dos padrões convencionais – que vão confirmar ou não o que já se sabia sobre a visão daquele paciente. A próxima consulta deve acontecer assim que a criança começa o processo de alfabetização, para justamente oferecer tratamento em caso de alguma necessidade apresentada em sala de aula. Depois disso, a cada três anos vale a pena fazer um exame clínico, intensificando as consultas com o oftalmologista no Ensino Médio, quando o preparo para o vestibular pode impactar significativamente a acuidade visual”, explica Neves.

O oftalmologista afirma que, nos primeiros anos de vida, a correção da miopia é realizada através de óculos – lembrando que o uso de lentes de grau não impede a progressão do problema, que deve ser reavaliado periodicamente. Quando a criança atinge a adolescência é possível migrar dos óculos para as lentes de contato – embora isto dependa do senso de responsabilidade que a criança tem em relação aos cuidados que as lentes necessitam. Para alguns jovens, os óculos continuam sendo a opção de tratamento mais prática, já que exigem baixa manutenção.

Depois dos 18 anos, a cirurgia refrativa surge como opção para quem quer se livrar tanto dos óculos como das lentes de contato. Com uso do laser, a córnea é remodelada para fazer com que a luz seja focada na retina. “A maioria das pessoas com miopia não tem complicações mais graves. Mas cerca de 10% desses pacientes apresentam ‘alta miopia’. Neste caso, eles têm de ser devidamente acompanhados ao longo da vida, porque existe um risco considerável de desenvolverem outras doenças oculares, como glaucoma, catarata, degeneração macular e descolamento da retina”, diz o médico.

Para quem se preocupa com o grau de intimidade entre crianças e tablets, principalmente em relação à saúde ocular, Renato Neves adverte: “É fundamental brincar ao ar livre, passar um tempo olhando ao longe e recebendo luz natural. Até mesmo crianças que passam muito tempo dentro de casa ou da escola devem ser estimuladas a focar objetos distantes com certa frequência. Além disso, os pais devem estar bastante atentos a quantas horas por dia a criança se distrai com tablets e smartphones, impondo um limite dentro do razoável”.

Fonte: Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br

Continua após a publicidade..