Economia & Política

Cheque especial: as mudanças são positivas?




Foto: Reprodução/Divulgação

A partir do dia 1º de Julho, as novas regras para o cheque especial entram em vigor e assim os bancos terão de oferecer aos clientes que entrarem nessa linha de crédito uma opção de parcelamento com taxa de juro mais barata do que as exorbitantes cobradas normalmente. Mesmo com um leve recuo no mês de maio, a taxa média cobrada ao ano ainda ultrapassa os 300%.

Essa opção será oferecida a quem estiver por 30 dias consecutivos utilizando mais de 15% do limite disponível na conta, mas a nova regra se aplica somente para aqueles com dívidas superiores a R$200. Lembrando que os consumidores não serão obrigados a aceitarem as propostas e nesse caso nada mudaria.

“A medida à primeira vista parece bastante positiva, porém ainda é muito tímida perto do descontrole financeirodas pessoas relativas a essa linha de crédito, sem contar que terá que avaliar se realmente as menores taxas a serem oferecidas serão interessantes, sendo que cada instituição irá estruturar a própria linha alternativa”, explica o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.

Para o presidente, qualquer linha seria mais interessante do que as absurdas que são cobradas pelos bancos. Mesmo assim é interessante pesquisar para possivelmente conseguir outras opções com juros ainda menores.

“Mas, o que mais me preocupa nessa questão é que não se está tratando o real problema relacionado ao cheque especial, que é a falta de educação financeira. Na verdade, essa nova linha pode ser um falso aliado e um grande inimigo para quem quer sair do vermelho. Pois, mesmo se conseguir juros menores, se não for combatido o problema real que levou ao endividamento, se entrará em uma “bola de neve” financeira”, alerta Domingos.

“O endividamento no cheque especial demonstra a fragilidade da educação financeira da população, que gasta mais do que pode, sem planejamento, e acaba não conseguindo honrar com seus compromissos financeiros. O mais preocupante é que muitas pessoas já contam com o valor do limite como parte de sua renda”, avalia Reinaldo Domingos.

Para sair do vermelho e deixar de contar definitivamente com o cheque especial, Reinaldo Domingos comenta sobre alguns passos que vão melhorar de vez sua saúde financeira. Confira:

Mensure o tamanho da sua dívida – Parece óbvio, mas o primeiro passo e que muitas vezes as pessoas não sabem é calcular exatamente o quanto você deve. Principalmente se além do cheque especial, você também tiver outras dívidas como cartão de crédito, financiamentos, empréstimos, entre outros. Somente conhecendo o panorama da sua situação financeira você conseguirá agir de forma assertiva para sair do vermelho.

Calcule o quanto você gasta por mês – Numa planilha do Excel, Google Docs e até mesmo num caderninho, anote todos os gastos, sem exceção, dos menores aos maiores, desde o pedágio pago em dinheiro ao jantar com o chefe. Isto te ajudará a fazer um diagnóstico financeiro para que você saiba onde está gastando seu dinheiro, onde pode enxugar os gastos e finalmente conseguir sair do cheque especial.

Enxugue os gastos e use rendas extras – Com base no diagnóstico financeiro, corte gastos desnecessários ou supérfluos. Antes de fazer qualquer compra, pergunte-se: “eu realmente preciso disso?”, “tenho dinheiro para pagar à vista?”, “conseguirei pagar a parcela daqui três ou seis meses?”. Ao receber rendas extras, como 13º salário, férias e comissões, planeje o uso consciente dando preferência para quitar dívidas e pedindo descontos.

Negocie sua(s) dívida(s) – Após fazer o diagnóstico financeiro e enxugar gastos supérfluos é hora de calcular o quanto você dispõe por mês para quitar sua dívida no cheque especial. Tente negociar sabendo o quanto você pode dispor por mês. Afinal de nada adianta fazer o acordo e não conseguir pagar as parcelas.

Opte sempre por juros menores – Uma opção também é conversar com seu gerente e checar que opções o banco oferece com juros menores. Vale lembrar que trocar uma dívida pela outra nem sempre é a melhor alternativa. É claro que o crédito consignado, por exemplo, oferece juros mais baixos que o cheque especial, já que o pagamento é retido diretamente do salário. Justamente por isso é preciso cautela, já que para quem já está com dificuldade em administrar as finanças, ter sua renda habitual reduzida pode desencadear novos endividamentos e problemas ainda maiores, virando uma verdadeira bola de neve.

Não acredite no cheque especial – Segundo o Banco Central, os juros do cheque especial podem chegar juros exorbitantes, o que pode ser uma cilada para quem não consegue se planejar. Esse tipo de linha de crédito só é recomendada quando você tiver certeza que conseguirá pagar a curto prazo.

Deixe de contar com o cheque especial no seu orçamento – Se você quer, de fato, deixar de ser dependente do cheque especial é importante ter consciência de que ele não faz parte da sua renda mensal. Deixe de contar com ele, cancele o serviço e mantenha seu real padrão de vida. Muitas pessoas acreditam que o cheque especial é uma segurança, mas, por fim, cobra juros altíssimos. Caso perca o controle financeiro, recorra imediatamente ao diagnóstico financeiro para combater a causa do problema e sair do vermelho.

Resgate seus sonhos – Para sair do cheque especial é importante ter uma motivação. Resgate seus sonhos e pense no que realmente você deseja conquistar. Estabeleça pelo menos três objetivos: de curto, médio e longo prazo. Orce os custos e veja o quanto você precisa poupar mensalmente para realizar cada um dos seus sonhos. Assim estará priorizando aquilo que tem verdadeiro significado para sua vida.

Crie uma reserva financeira – Crie também uma reserva financeira para situações emergenciais, como perda de emprego, problemas de saúde, dentre outras situações em que você vá precisar de uma quantia que não estava prevista. Assim você não precisará cair em tentação e recorrer novamente ao cheque especial.

*Colaboração: DSOP – Educação Financeira

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