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Estudo mostra que a maioria das pessoas não vê problema em compartilhar senhas




Compartilhar senhas é, curiosamente, um hábito comum — especialmente em se tratando de serviços de streaming. A afirmação tem como base uma pesquisa feita pela SurveyMonkey Audience, que aponta o seguinte dado: 71% das pessoas entrevistadas disseram que consideram compartilhar uma senha com um cônjuge ou parceiro.

Além destes, mais de um terço das pessoas alegaram estarem dispostas a cancelar um serviço de streaming se a companhia começasse a usar tecnologia de inteligência artificial para impedir compartilhamento de senhas. “Foi quase como se eles tivessem o direito de compartilhar”, disse a pesquisadora Jillesa Gebhardt, que conduziu o estudo.

A pesquisa também abordou pessoas que sabiam que seus dados tinham sido violados por e, de maneira assustadora, 46% dos usuários desse grupo pareceram ainda mais propensos a compartilhar suas senhas bancárias do que os que não sofreram vazamento de informações. Apenas 41% dos que acreditavam não terem ter tido seus dados vazados disseram que compartilharam senhas de banco.

Razões para compartilhar senhas

O comodismo é uma das principais razões pelas quais os usuários compartilham suas senhas, especialmente quando se trata de casais; afinal, enquanto um pode pagar pela Netflix e pelo Spotify, o outro pode cuidar do Hulu e da HBO, certo? Além disso, é bastante comum que toda uma família tenha acesso à senha do Wi-Fi.

Compartilhar senhas da Netflix, Amazon Prime e outros serviços de streaming é uma prática comum, mas perigosa. (Imagem: Arquivo Canaltech)

Compartilhar é o que nos torna humanos, no fim das contas, mas a segurança cibernética não corrobora muito com isso. Existem inúmeras dicas e formas de se prevenir, evitando que os dados caiam em mãos erradas pela internet afora — da mais básicas, como trocar senhas regularmente, às mais complexas, como ter de usar um app autenticador ou tokens físicos.

Além disso, é difícil perceber o perigo em compartilhar senhas quando grandes vazamentos de dados de companhias de renome não aconteceram porque o CEO deu sua senha para um cônjuge ou amigo: a maioria acontece por conta de vulnerabilidades na segurança e/ou ataques de cibercriminosos.

Motivos para não compartilhar

Na pesquisa da SurveyMonkey Audience que será publicada nesta semana, apenas 16% das pessoas afirmaram que compartilham suas senhas, mas o número real pode ser muito maior. É uma prática conveniente, mesmo que não seja nada segura. E uma das principais razões pelas quais as pessoas deveriam manter seus dados de acesso para si mesmas é o “disse-me-disse”.

Isso porque quanto mais pessoas sabem, mais chances existem de as credenciais serem espalhadas por aí e a coisa fugir do controle do usuário principal, o assinante. Com isso, eventualmente as senhas chegam aos hackers. Além disso, a prática torna mais difícil que serviços online consigam proteger os usuários com softwares especiais de detecção de digitação e/ou movimentos do mouse, alertando os proprietários da conta quando um estranho está tentando acessá-la.

Assim como serviços de streamings e contas bancárias, senhas para e-mails pessoais e redes sociais também são bastante compartilhadas. (Imagem: Arquivo Canaltech)

As empresas já estão cientes

O estudo também apontou que pouco menos da metade das pessoas abordadas reutilizam senhas, e que muitos usuários usam e-mails corporativos para acessar contas, o que pode colocar em risco informações comerciais também. E além de serviços de streaming e acessos bancários, 31% dos entrevistados disseram que compartilham senhas de redes sociais.

Partindo desse grupo, 39% dos usuários com menos de 35 anos afirmaram que compartilham senhas de redes sociais, enquanto 29% compartilham senhas de e-mail pessoais. Felizmente, esses dados não são tão alarmantes para as empresas, já que elas sabem que o compartilhamento de senhas é real — e é um problema.

É por isso que algumas companhias estão incentivando um compartilhamento mais seguro para seus usuários: a Amazon, por exemplo, permite o compartilhamento dos benefícios Prime com outro adulto e também a adição de filhos através do serviço Amazon Household. Bancos e cartões de créditos permitem contas compartilhadas e cartões adicionais.

Outra solução seria usar um gerenciador de senhas através de um aplicativo que ajuda a criar e armazenar senhas exclusivas para todas as contas. Embora não seja a melhor alternativa, pode ser a mais eficiente, ainda que pouco prática (e pouco usada pelas pessoas também, segundo a pesquisa, com apenas 21% dos entrevistados afirmando usar esse método).

Fonte: Canaltech

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