Quando você compartilha um arquivo pelo Google Drive, está, sem perceber, fazendo uso de uma “faca de dois gumes”: por um lado, a experiência automatizada, simplificada e de fácil compreensão no ato é um benefício enorme para usuários, que gozam de facilidades de compartilhamento e amplo espaço de armazenamento; por outro, não é exatamente fácil eliminar por completo traços de arquivos que lhes são inúteis e o compartilhamento requer apenas um endereço de e-mail, abrindo a porta para práticas de spam.
A Google disse, porém, que uma de suas prioridades para 2019 é justamente fechar essa porta. Em um comunicado lançado pela empresa, um porta-voz disse: “Para a vasta maioria de usuários, as permissões padronizadas de compartilhamento do Drive funcionam como deveriam. Infelizmente, este não é o caso desta usuária e nós pedimos sinceras desculpas pela experiência dela. Em vista desta situação, nós estamos avaliando mudanças para as funções de bloqueio de spam, abuso e bloqueio a fim de prevenir que tais atividades ocorram no Drive. Neste ínterim, usuários que passarem por experiências similares podem remover a si próprios da pasta compartilhada, e tal pasta não deverá reaparecer nas abas ‘Meu Drive’ ou ‘Compartilhados comigo’ a não ser que sejam revisitadas”.
O comunicado veio em resposta a uma usuária dos fóruns do site HowToGeek, que apontou as falhas de exibição dos arquivos nas páginas de acesso rápido do Drive. Ela comentou, em seu perfil no Twitter, que mantinha uma pasta compartilhada com um ex-namorado abusivo, com o qual ela terminou há anos. Porém, este ex-namorado ainda usa a mesma pasta e cada upload que ele faz no local, aparece na página de acesso rápido da mulher em questão.
😡
Four weeks ago I discovered I am still shared on a Google Drive folder of photos my abusive ex controls and is actively putting photos into.
At the same time I learned there is **no way to remove your own access from a folder you have been given view-only access to**.
— jlord i 🇩🇰 igen (@jllord) 27 de dezembro de 2018
E isso é um problema porque…
Basicamente, porque qualquer arquivo compartilhado com você será exibido na página principal de sua conta no Google Drive. Isso se dá porque não há qualquer questionamento de aceitação por parte do usuário receptor. Consequentemente, a home page fica cheia de arquivos, os quais você até pode clicar com o botão direito e selecionar a opção “Remover”, porém o arquivo em questão ainda estará no menu de acesso rápido e ainda vai aparecer em resultados de busca do Drive.
Pense em uma caixa de entrada cheia de e-mails, só que, ao invés de propagandas elimináveis com alguns cliques, são arquivos dos quais você não se livra por completo. Para piorar, se as permissões de compartilhamento ajustaram o seu e-mail para para visualização do arquivo, você não consegue se remover da pasta ou tirá-lo de seu histórico.
Mais além, não há uma função de bloqueio no Drive, mesmo quando tal recurso está disponível em outros serviços da Google, como, digamos, o Gmail. O que aponta para uma incoerência: se você bloqueia um endereço de e-mail no Gmail, por que isso não ocorre simultaneamente no Drive, que também depende de um endereço de e-mail para funcionar corretamente?
Até existe uma função de reportar spam ou abuso, mas testes do HowToGeek apontavam para “erro 404” (página não existente) na maioria das vezes. E na tentativa em que um relato deu certo, o arquivo ainda estava disponível na página principal.
Fonte: Canaltech
