Ciência & Tecnologia

Rede social voltada para público LGBT ganha espaço na América Latina




A rede social GPSGAY, que apresenta uma proposta conhecida no mercado, mas com um direcionamento específico para a comunidade LGBT, conquistou em apenas alguns meses quase 200 mil usuários na America Latina.

A GPSGAY, que além de seu site apresenta uma versão para celulares, é muito diferente dos sites de namoro e sexo e conquistou não só os membros da LGBT (Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais), mas também as empresas multinacionais e instituições.

Este segmento da população, que se insere no mercado DINK (Double Income, No Kids) – casais sem filhos e com renda de dois salários -, gasta cerca de 40% a mais que o público heterossexual. Somente em turismo, os homossexuais chegam a gastar até 57% a mais, segundo dados de especialistas em marketing.

Por trás desta rede social, que tem o objetivo de promover o relacionamento entre amigos, divulgação de vídeos, compartilhamento de fotos e dicas de lugares e hotéis bacanas para o público LGBT, há duas uruguaias, Magdalena Rodríguez e Rosário Monteverde, ambas com 32 anos. Recém-casadas, elas conquistaram o Prêmio Cartier em 2009, na categoria de melhor iniciativa feminina, pela Pro Internacional, uma agência de desenvolvimento de sites com consciência social.

“Acredito que para fazer, por exemplo, uma rede social voltada para a comunidade judaica, os criadores devem ser judeus, porque é necessário ter uma sensibilidade especial, compreender o assunto e muitas questões que têm a ver com a história desta comunidade. O mesmo acontece com os gays”, disse Magdalena em entrevista à Agência Efe.

De acordo com estatísticas próprias e do Google Analytics, a GPSGAY possuía mais de 180 mil usuários no final de 2014. Desses, mais de 50% estavam ativos, e o tempo médio de utilização da rede era superior a 10 minutos.

Magdalena afirma que o número de usuários aumenta a cada dia, o que talvez não seja mérito exclusivo da GPSGAY. A plataforma tem poucos concorrentes na América Latina, algo chocante ao levar em consideração as oportunidades comerciais e de negócio que a comunidade LGBT oferece.

Um estudo realizado pela revista “Out Now” mostra que o público LGBT brasileiro gasta mais de US$ 20 milhões ao ano em viagens e turismo, os mexicanos, US$ 8 milhões, e os argentinos, US$ 4 milhões. Apesar de altos, esses números ainda estão muito distantes dos registrados pela comunidade gay nos Estados Unidos, onde este mercado está avaliado em cerca de US$ 660 bilhões.

O país com a maior quantidade de usuários registrados na GPSGAY é o México, representando 25% da rede, seguido pela Colômbia, com 20%, Venezuela, com 14% e Argentina, com 10%.

A orientação sexual predominante é a homossexual, que corresponde a mais de 50% dos usuários da GPSGAY, que é constituída em 60% por homens e 40% por mulheres, cuja média de idade é de 30 e 32 anos, respectivamente.

Os heterossexuais apenas ignoram esta janela para o mundo LGBT. Magdalena afirmou que, se muito, eles representam 1% dos usuários e contou que alguns entram na rede somente para olhar, mas há também os que o fazem para insultar, “especialmente as lésbicas”.

O regulamento da rede social proíbe atitudes discriminatórias e também conteúdo erótico. Um aviso aos usuários adverte que a postagem deste tipo de fotos não é permitida.

Atualmente o registro é totalmente gratuito e, de acordo com Magdalena, permanecerá deste modo. Ela explica que por ora a rede se sustenta por meio de comissões em função de reservas em hotéis e locais de lazer feitos através do site. Algumas marcas e instituições mostraram interesse em se aproximar da comunidade LGBT através da GPSGAY, Magdalena acredita que em março a rede possa contar também com este patrocínio.

Magdalena e Rosário aplicaram até agora cerca de US$ 300 mil na empresa, retirados de suas economias e da contribuição de investidores.

Embora ainda não tenham se dissipado todos os medos e tabus, há uma mudança de atitude visível, afirmou Magdalena, que contou que no início da GPSGAY, muitos usuários se registravam na rede com perfis falsos, mas que atualmente isso se reduziu a uma pequena minoria. É comum que outros usuários incentivem os que permanecem com esses perfis ‘fake’ a colocarem suas próprias fotografias e “saírem do armário” definitivamente.

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