Ciência & Tecnologia

Uber oferece mais conforto, mas é mais caro que táxi comum




Em duas viagens nesta semana, o repórter Rafael Barifouse testou na cidade de São Paulo o serviço do Uber, o aplicativo de caronas pagas que está sendo alvo de críticas de taxistas e ainda é ilegal perante a lei federal brasileira.

No exterior, depois de controvérsia semelhante, o aplicativo acabou recebendo a aprovação de prefeituras de cidades importantes como Washington e Seattle, ambas nos Estados Unidos.

Para o repórter, apesar de ser mais caro que o serviço de táxi comum, o Uber oferece ao usuário mais conforto e a facilidade de não ser necessário abrir a carteira – o pagamento é processado pelo próprio aplicativo.

Leia abaixo como foi a experiência de Rafael:

“Nem sempre é fácil conseguir um táxi em São Paulo, principalmente quando chove ou de madrugada. Na minha opinião, isso mudou com a chegada dos aplicativos de táxi, que tornaram mais fácil e prático andar de táxi pela cidade.

Por isso, quando o Uber estreou na cidade em junho, me interessei pelo aplicativo, que poderia ser mais uma alternativa de locomoção.

A princípio, o Uber é bastante parecido com os aplicativos de táxi. Você se cadastra alguns minutos – isso exige informar dados de cartão de crédito ou de uma conta no serviço PayPal, únicas formas de pagamento aceitas pelo serviço – e em alguns minutos já pode pedir um carro. O programa oferece uma estimativa do preço do trajeto.

Aí começam a ficar evidentes as diferenças do Uber em relação a outros serviços parecidos. Em vez de me conectar com motoristas de táxis disponíveis na praça, o Uber me coloca em contato com motoristas particulares em carros de luxo.

Nas duas viagens que fiz com o Uber, os modelos dos carros eram novos, lançados em 2012 ou mais recentes, com vidros fumês e bancos de couro. Ao chegar, um dos motoristas desceu do carro para abrir a porta para que eu entrasse pelo “lado mais espaçoso”.

No banco de trás, sempre havia água. Por regra da empresa, o ar condicionado está sempre ligado. Isso impressionou uma colega de trabalho para quem ofereci carona, que arregalou os olhos ao embarcar comigo.

É como me disse um passageiro que se tornou um cliente fiel do serviço: funciona como um motorista particular sob demanda.

Medidas de segurança
Em ambos os casos, os condutores trabalhavam como motoristas particulares antes de aderir recentemente ao serviço por indicação de amigos. Eles precisam ter carteira de habilitação profissional e atender a uma série de critérios, como ter seguro para o passageiro e não ter antecedentes criminais.

São medidas para garantir a segurança do passageiro e a qualidade do serviço. O Uber diz que fará 2 milhões destas checagens em 2014. Em comparação, o Walmart, maior empresa do mundo, faz 1 milhão por ano.

“Olha ali aquele taxista”, me disse o motorista Marco Aurélio Oliveira. “Janelas abertas, música alta, correndo. A gente não pode fazer isso.”

Por enquanto, me explicaram os motoristas, a maioria dos passageiros já havia conhecido o serviço no exterior. Além das comodidades, quem embarca tem outra vantagem. O motorista não sabe qual será o trajeto até o passageiro o informar. Isso previne que o motorista recuse uma viagem por não considerá-la vantajosa ou, como às vezes ocorre nos aplicativos de táxi, aceite seu pedido e depois volte atrás quando aparece uma corrida melhor.

Em ambas as viagens, entre os bairros de Pinheiros (zona oeste) e a Avenida Paulista (zona central), o preço ficou dentro da faixa prevista pelo aplicativo. Uma foi à noite a outra pela manhã, mas ambas custaram exatamente R$33, talvez porque o Uber não use o sistema de bandeirada, mas um preço fixo independentemente do período do dia.

Saiu 30% mais caro do que uma corrida de táxi em bandeira 1, mas apenas R$3 a mais do que uma corrida em bandeira 2. Em comparação com os táxis executivos, que prestam um serviço semelhante aos motoristas do Uber, ficou mais barato.

A maior diferença vem quando a corrida termina. Não é preciso abrir a carteira para pagar. Isso é feito pelo próprio aplicativo, que depois envia uma mensagem com o valor viagem.

Ao passageiro, cabe apenas desembarcar – e agradecer pelo ótimo serviço prestado.”

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