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WhatsApp 10 anos | Como era o mundo antes do aplicativo?




O WhatsApp está fazendo 10 anos. Sim, o tempo passa muito rápido e parece que foi ontem que o mensageiro entrou tão forte em nossas vidas (sendo inclusive tema de polêmicas para eleições no Brasil). Aliás, faz pouco mais de quatro anos que a rede social foi comprada pelo Facebook e ganhou mais notoriedade. Talvez, os mais desavisados tenham passado a usar o programa neste período.

Para comemorar esta dezena de anos, vamos voltar no tempo e lembrar: afinal, como fazíamos antes desta maravilhosa ferramenta surgir em nossas vidas?

Hardware

Nos idos de 2009, a CNN produzia um texto falando sobre o boom dos smartphones, assim chamados “os celulares que funcionam como um computador”. Era neste ano também que as stores e os aparelhos Android ganharam mais espaço, convidando os desenvolvedores a entrarem neste mercado de apps.

Uma reportagem da Época, por exemplo, noticiava a entrada de aparelhos Android aqui no Brasil. No caso, era o lançamento do Galaxy i7500, aparelho da Samsung que estreou o mercado por aqui.

Outros sucessos para quem estava disposto a gastar mais eram o BlackBerry 8520, com seu teclado que fez muita fama na época; o Nokia 7230, com slide para o teclado numérico e tela maior; o Sony Ericsson X10, também com Android; e, claro, o iPhone 3GS, já preparadíssimo para o padrão 3G de rede que chegava na época.

Tudo ainda muito incipiente em um mercado que ainda trabalha com o SMS como grande mecanismo de mensagens via mobile (quando se conseguia ter esta mordomia).

iPhone 3GS, o xodó da época (Foto: Apple)

Conversas

Colocados na mesa os aparelhos da época, vamos à forma como nos comunicávamos. Pode parecer que 10 anos seja muito pouco para criar mudanças muito significativas em comportamento, mas a verdade é que antes do WhatsApp e Facebook, o tempo de comunicação era muito mais lento do que é hoje.

Como dito, quem tinha um smartphone ou celular para chamar de seu, geralmente abusava de pacotes de SMS que as operadoras vendiam. Contudo, para quem não tinha esta mordomia, o caminho era buscar o computador. Em 2008, segundo dados da Cisco no país, já havia uma gama de 20 milhões de usuários com banda larga, sendo que a projeção era de que este número fosse alcançado somente em 2010.

Assim, os pontos fixos de conexão, seja em casa, no trabalho, faculdades ou bibliotecas, eram o grande lugar para se usar a web. Os mais jovens já providos deste tipo de conexão utilizavam ou o ICQ (na época, já em desuso), ou o MSN Messenger, a ferramenta mais moderna do momento.

Ambos funcionavam da mesma forma com a qual o WhatsApp trabalha no computador, mas permitiam algumas ferramentas a mais (como buscar usuários por e-mail, nome ou localização).

Outro local de concentração eram as lan houses, os espaços nos quais as pessoas pagavam por hora pela utilização de computadores e conexões de alta qualidade para época, simplesmente para bater papo por mensageiros ou checar suas redes sociais (no caso, estamos falando da época do Orkut no Brasil).

O Orkut, a rede social que bombava em 2009 (Foto: Captura)

Veja bem que todos estes meios de comunicação não são corriqueiros e eventualmente associados ao cotidiano dos usuários. Isso quer dizer que sem estarem conectadas o tempo todo à rede, as pessoas reservavam momentos para checar os e-mails, conversar com outras conectadas e até enviar comentários nas redes sociais.

Em suma, quando você precisava de uma resposta imediata sobre um assunto, o caminho mais fácil não era enviar uma pergunta por apps mensageiros ou mesmo mandar um e-mail. O mais certo seria efetivamente ligar, ou enviar um SMS, como caminho mais seguro para a uma resposta urgente.

O ritmo de resposta e até a exigência de estar sempre disponível não existia desta forma no universo online.

O Scrapbook

Há 10 anos, um hábito comum do Orkut era deixar “um scrap” no perfil de quem você gosta. A expressão vem da palavra scrapbook, algo como livro de recados. Funcionava assim: você entrava no perfil da pessoa e deixava uma mensagem de como ela era demais, de como você sente saudade ou qualquer outra trivialidade. Pronto.

Horas ou (mais comum) dias depois, era possível que a sua pessoa querida lhe respondesse o gracejo com outra mensagem também em seu scrapbook, a qual você poderia ver quase que uma semana depois quando entrasse em seu perfil.

Este ritmo lento, quase de cartas virtuais que demoram a serem lidas, era a cadência com que as relações se davam naquele momento. Raramente alguém cobrava de outro por uma mensagem não lida ou até mesmo lida e não respondida. Afinal, em 2009, nem mesmo o WhatsApp tinha os “dois tracinhos” que informavam se alguém leu seu recado.

Os passarinhos

Quem surfava na crista da onda nesta época também era o Twitter. Foi um dos momentos em que o “até então chamado de microblog” também ganhou mais destaque e passou a ditar os trâmites de mídia, como ainda faz hoje. Por exemplo, a morte de Michael Jackson, também daquele ano, foi primeiro noticiada pela rede social.

O Twitter já galgava espaço aqui no Brasil, sendo o Facebook ainda uma mídia muito incipiente por aqui, por conta ainda do respiro do Orkut.

Notícias

Ao contrário do que se acredita hoje, que as notícias (ou as informações incorretas) chegam pelo WhatsApp, antes do surgimento desta ferramenta o fluxo da informação também ainda era muito mais lento.

Embora o Twitter fosse tido como uma plataforma bastante ágil de informação, não era tão comum que as pessoas estivessem o tempo todo checando sua rede social sobre o que está acontecendo. Aliás, vale lembrar que estamos falando da época da ascensão dos smartphones — e com eles o nascimento das notificações dos apps.

Assim, TV e rádio ainda eram as plataformas pelas quais a comunicação de notícias fluía de forma mais rápida e até mais confiável do que é hoje. Dentro do mercado digital, eram os portais que dominavam o cenário de notícias.

Contudo, existia também espaço para fake news e compartilhamento de informações totalmente sem fonte. Há 10 anos isso era feito por correntes de e-mail, as quais poderiam ter mensagens motivacionais com GIFs (exatamente iguais àqueles que você recebe de seus avós no grupo da família) ou até mesmo histórias mirabolantes sobre como o Brasil perdera as últimas Copas do Mundo. A diferença é que a ferramenta agora é muito mais ágil e barata para servir a estes propósitos.

Saudades?

Se você tem saudades da época sem WhatsApp, isso é fácil de se resolver: basta tentar ficar sem o app por algum tempo. Mas, calma, com uma comunicação que exige cada vez mais agilidade (muitas vezes até profissionalmente), pode ser um desafio ficar sem o queridinho dos mensageiros aqui no Brasil.

Fonte: Canaltech

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