Ciência & Tecnologia

Internet das coisas já está presente, mas tem obstáculos




Internet das coisas já é uma realidade no Brasil, mas ainda falta pontos cruciais para crescer como privacidade, legislação da lei de antenas, e a melhoria na conectividade, durante um painel no segundo dia oficial da Futurecom 2014, evento que discute o futuro das telecomunicações, realizado em São Paulo.

No painel realizado no período da manhã e começo da tarde, executivos das operadoras de telecomunicações, desenvolvedores de aparelhos de comunicação e representantes de órgãos governamentais abordaram os principais desafios para o crescimento da rede que deve ter até 2020 mais de 50 bilhões de dispositivos conectados no mundo.

“A gente está em um situação semelhante como em 1995, quando teve o começo da internet no Brasil. Todo mundo queria migrar para rede, mas não sabiam como fazer”, disse Maximiliano Martinhão, secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, ele ainda acredita que até 2020 o brasileiro estará conectado a pelo menos sete máquinas, e cita como exemplo, os wearables.

Sobre as tecnologias que estão por vir, Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm na América Latina, apontou não apenas os wearables, mas também avanços na área médica.

“Teremos desde a geladeira conectada, que faz a compra ela mesma (quando percebe que falta um produto). Também temos avanços no setor médico, setor de transportes e na robótica”, afirmou Steinhauser, que demonstrou um robô é controlado por smartphone.

Para John Xiong Yuhui, diretor de marketing da chinesa Huawei, a internet das coisas pode mudar o modo como nos sociabilizamos.

“No futuro estaremo bem conectados. Falar sobre a sociologia dela (internet das coisas) é importante. Mas seu conceito passa pelos sensores. Com eles seremos capazes de ver e ouvir algo que não está no nosso alcance”, disse Xiong Yuhui.

“Seremos, mais ou menos, parecidos com um X-Men”, disse o chinês em tom de brincadeira, ao comparar com os personagens dos quadrinhos da Marvel.

Cenário no Brasil e no Exterior
Para os executivos, os usuários brasileiros já começam a sentir a interetr das coisas. A parceria entre Ericsson e Telefónica Vivo é um dos exemplos citados pelos líderes do setor. As duas empresas transformaram a cidade de Águas de S.Pedro em uma cidade inteligente (com estacionamento e luz inteligente) e totalmente conectada (com cobertura de Wi-Fi em toda o munícipio).

“Em 2010, quando a gente falava de internet das coisas, isso era muito polêmico. Hoje a gente já começa a trabalhar isso no Brasil”, disse João Yazlle, vice presidente de marketing e estratégia da Ericsson. Além do projeto em Águas de São Pedro, Yazlle ainda explicou sobre outro projeto que envolve segurança. Em segurança, a gente criou uma rede de segurança com câmeras em toda S.J Campos que reduziu de 12 para 9 mortes por cem mil habitantes os homícidios”.

Já para Antonio Augusto Firmato Glória, presidente da Alcatel-Lucent, o desafio da internet das coisas está adiantado em países como os Estados Unidos. Ele cita exemplo das operadoras americanas Verizon e At&T que trouxerem recentemente inovações diretas para os usuários, ligadas a casa e aos usuários.

“Um exemplo interessante é o auto-share da Verizon, anunciado em setembro, que você pode compartilhar o carro com outras pessoas. Mostra uma interação, homem máquina e máquina carros que começa a se pensar, precisa ter carro?”, questiona Glória. “E a AT&T está trabalhando com casas conectadas, o digital life. Ela integra todos os aplicativos usando via Wi-Fi consegue ter o controle de casa, ar-condicionado e TV por exemplo”.

Melhor conectividade e privacidade
Ainda em começo no Brasil a necessidade por rede 4G também foi tema abordado no painel. Os executivos pediram uma maior capilarização da quarta geração da internet móvel.

O discurso foi encabeçado pelo diretor de tecnologia da TIM, Leonardo Capdeville. Ele abordou que a conectividade da rede é importante para o crescimento da internet das coisas, e também o crescimento do parque de antenas, que hoje é apenas com aprovação municipal.

“Precisamos de uma legislação flexível e ágil para aumentar o número de antenas. O 4G pode ajudar nesta latência e deixar o volume de informação trafegar mais rápido”, apontou o executivo.

Em resposta, Martinhão disse que o governo está trabalhando no Congresso Nacional para aprovar a lei federal das antenas, que “harmoniza” uma legislação nacional para instalação dos equipamentos.

Outro tema que fora debatido durante a palestra foi a privacidade, uma das grandes preocupações da internet das coias, uma vez que diversos dipositivos pessoais estarão conectados na internet, como as geladeiras. Para o conselheiro da Anatel, Rodrigo Zarbone, a regulamentação é crucial para mantê-lo.

“Veja o caso do Edward Snowden. A possibilidade de invadir (por meio de hackers) a privacidade das pessoas é muito grande hoje. Com a internet das coisas é ainda maior”, disse Zarbone. “Para isso precisamos de uma legislação forte”, e cita o trabalho feito pela agência de telecomunicações, como no Marco Civil da Internet.

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