Alguns dos principais desenvolvedores de softwares antivírus e de segurança estão se reunindo em uma coalização para combater os stalkerwares, aplicativos maliciosos que registram toda a utilização dos celulares em que estão instalados. A ideia é compartilhar amostras destas pragas e ampliar a detecção e bloqueio de soluções desse tipo, com foco na luta contra violência doméstica, abuso e perseguição.
A iniciativa é liderada por empresas como Avira, Kaspersky e Malwarebytes, além da G Data e da Electronic Frontier Foundation (EFF). Elas se unem a ONGs internacionais como a Rede Nacional pelo Fim da Violência Doméstica, Operation Safe Escape, Weisser Ring e NortonLifeLock no combate à prática, que costuma ser usada como uma forma de espionar parceiros, familiares, entes queridos ou pessoas de interesse, normalmente para fins escusos.
A partir desses softwares maliciosos, uma série de dados podem ser extraídos sem o conhecimento das vítimas. Os celulares podem ser rastreados por meio do GPS, por exemplo, e terem seus registros de ligações e trocas de mensagens expostos, bem como fotos e outras informações sensíveis. Mais tarde, tais informações podem ser usadas na prática de abusos e violência.
–
CT no Flipboard: você já pode assinar gratuitamente as revistas Canaltech no Flipboard do iOS e Android e acompanhar todas as notícias em seu agregador de notícias favorito.
–
O anúncio da coalizão, inclusive, acompanha um dado triste: o Brasil é o terceiro maior país em detecções de stalkerwares, com 10,39% de todos os casos registrados no mundo pelas empresas de segurança. Nos primeiros oito meses de 2019, foram 518,2 mil casos do tipo registrados, um crescimento de 373% em relação ao mesmo período do ano passado.
Um dos objetivos principais, no caso das empresas de tecnologia, é garantir que os softwares de segurança sejam mais sensíveis à presença dos stalkerwares nos smartphones, tablets e outros dispositivos. O funcionamento dessas soluções não apenas deve ser impedido, como os usuários também devem ser notificados, de forma clara e precisa, sobre a presença de pragas desse tipo em seus aparelhos pessoais e o que isso pode significar.
Ao mesmo tempo, as organizações de apoio trabalham na outra frente, prestando auxílio às vítimas de violência doméstica e fornecendo dados sobre o funcionamento desses sistemas e novas instâncias de abuso que possam surgir por meio deles. Além disso, a ideia é informar sobre a forma como esse tipo de invasão acontece, já que ela normalmente envolve um acesso indiscriminado e desconhecido a dispositivos pessoais de parceiros e familiares, e de que forma as pessoas podem se proteger.
Algumas medidas já estão sendo implementadas. A Kaspersky, por exemplo, anunciou que a presença de stalkerwares e mecanismos de espionagem dará origem a um alerta de privacidade nos dispositivos com Android, informando aos usuários que algo suspeito está acontecendo. Eles poderão, então, apagar os processos ou colocá-los em quarentena, de forma a impedir o acesso aos dados.
O Google, por outro lado, já anunciou uma parceria com firmas de segurança para detectar pragas que estejam disponíveis na Play Store. A EFF, por sua vez, pede medidas mais drásticas, envolvendo não apenas a retirada destas soluções do ar como também o indiciamento dos desenvolvedores sob acusações de invasão de privacidade e hacking.
Trending no Canaltech:
- Falha na câmera do Android permitia que hackers espionassem sua vida pessoal
- Hands-On | Volkswagen deixa trecho final divertido com bike e scooter elétricas
- E se pudéssemos entrar em um buraco negro? O que encontraríamos no caminho?
- Este telescópio poderá encontrar novas “luas” orbitando a Terra; entenda!
- Só R$ 1.199 | 5 motivos para comprar o Redmi Note 8T, recém lançado pela Xiaomi
Fonte: Canaltech