Carreira & Educação

Como a frase “Eu me cobro demais” acaba com a sua carreira?




 

Por Eberson Terra

Pressão, metas, concorrência interna por cargos altos, resultados! Quem não convive atualmente em seu trabalho com estes grandes desafios?

Desde crianças somos doutrinados por uma cultura da concorrência e da comparação. Nossos processos de seleção e avaliação nos classificam e nos ordenam entre números mais altos e baixos. A punição é um dos pilares desta cultura que transforma colegas de classe em inimigos naturais, algo que levamos para a vida adulta quando concorremos às mesmas vagas de emprego ou ao tentarmos ser reconhecidos como uns “melhores” que os outros.

A necessidade perversa de provar que “se é bom” diariamente nos tornou mais ansiosos e acorrentados a autocobrança exagerada. Mas já que não podemos mudar imediatamente a nossa cultura agressiva da corrida por um lugar ao sol, precisamos entender como estes sentimentos nos levam a um suicídio de carreira, termo que já escrevi em alguns outros artigos para referir como o futuro de nossas carreiras estão mais em nossas mãos do que nas de nossos empregadores.

Quando iniciamos nossas carreiras somos pressionados para atingir o sucesso rapidamente, mas quando nos vimos estagnados podemos perceber que uma parcela desta situação também foi gerada por nós mesmos. Já vi muitos colegas de trabalho dizerem: “Eu me cobro demais, mas nunca me vejo preparado”, mas a verdade é que nunca estamos totalmente preparados para assumirmos um novo desafio, um novo cargo ou um novo projeto. Se o medo paralisa, a justificativa mais comum é achar que não merecemos crescer por não estarmos preparados e assim a autocobrança só aumenta, criando um ciclo vicioso que prejudica ao invés de ajudar.

 Ansiedade x meu status na empresa

Quando passamos no vestibular ou somos aprovados pela primeira vez em um trabalho que desejávamos muito, é natural que fiquemos ansiosos e receosos quanto ao futuro. Enquanto pensamos as perspectivas à frente, esquecemos do presente. Muitas vezes perdemos a noção de dedicação e extrapolamos toda nossa ansiedade tentando compensar gaps de maturidade e de habilidades comportamentais com o esforço operacional. É comum trabalharmos até a exaustão para buscar retribuir à empresa aquilo que ainda nos falta e por isso que a autocobrança pode ser exageradamente equivocada.

Como as habilidades comportamentais, o conhecimento sistêmico do funcionamento da empresa e a maturidade corporativa leva tempo, caímos na armadilha da ansiedade pois não queremos que nosso status seja violado neste ambiente que é tão importante para nosso crescimento profissional.

Profissionalismo x Perfeccionismo

Diante de um novo desafio, costumamos demonstrar todo nosso potencial para continuarmos bem vistos e quistos em nossas organizações. Muitos profissionais confundem dedicação plena com perfeição e acabam passando do ponto em uma busca insaciável por fazer tudo certo.

Sabe aquela máxima de que “o ótimo é inimigo do bom”? Pois é, nem sempre a empresa tem o tempo necessário para que os profissionais façam e refaçam suas atividades até que tudo fique perfeito. O tempo é um fator importante para qualquer indústria, afinal sair a frente da concorrência é um diferencial competitivo e demorar demais para entregar algo simples pode transformar você como profissional em um colaborador lento e que não compreende as necessidades reais do negócio. Mesmo que você tenha as melhores intenções, isso enfraquece sua imagem ao invés de fortalecê-la.

Quando profissionais confundem profissionalismo com perfeccionismo, eles entram um processo de comparação errada de que seus pares e colegas de trabalho produzem menos, são relapsos ou desleixados, quando na verdade é o contrário, pois entregam o bom no tempo certo e não o ótimo depois que os prazos mais importantes findaram!

A cultura do Erro zero x Medo do julgamento alheio

Vivemos uma era de alta tensão empresarial. A economia precária, o desemprego e baixa do poder de consumo no país, fizeram com que as organizações sofressem de uma ansiedade cultural absurda aumentando a pressão para seus quadros de funcionários e gerando a cultura do erro zero. Com a saúde financeira entre a cruz e a espada, muitas empresas não podem dar ao luxo de errarem em projetos disruptivos ou de grande investimento.

Apesar de fazer certo sentido, a cultura foi disseminada de maneira tão enfática que qualquer erro, por menor que seja, é punido de forma agressiva e desmedida. Os colaboradores então, passaram a sofrer inconscientemente de um medo irracional do julgamento de seus líderes, mas também de seus pares.

Muitas empresas caíram na armadilha de deixarem esta cultura do medo e do erro zero contaminarem seus funcionários jogando uns contra os outros, formando um ciclo de apontar os dedos quando alguém erra ao invés de buscar a solução conjunta.

O autoconhecimento é muito relevante para que você dose exatamente quais tipos de exigências com seu próprio corpo e mente. O exagero é sempre prejudicial, seja na vida pessoal quanto na profissional. A busca pela excelência pode ser natural e válida, mas os métodos para se chegar lá a qualquer custo pode te levar a estados indesejáveis de ansiedade e de autocobrança que ao invés de te ajudar na caminhada para uma carreira sólida, acaba prejudicando seus objetivos.

Tenha controle de seus impulsos, boa sorte e siga o @SeuCaminho!

Fonte: Linkedin

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