Ciência & Tecnologia

“Brasileiro tem que parar de reclamar”, diz Miguel Nicolelis




O neurocientista e professor brasileiro Miguel Nicolelis, criador do primeiro exoesqueleto a permitir que um paraplégico chutasse uma bola em demonstração na abertura da Copa do Mundo de 2014, convocou os jovens brasileiros a se tornarem cientistas. O chamamento foi feito durante palestra na Campus Party 2015, que termina no dia 7 de fevereiro em São Paulo.

“Eu fui geek e todos os meus amigos são. Eles (campuseiros) têm capacidade de serem cientistas. Ter a paixão de criar”, disse Nicolelis.

O neurocientista diz que deseja recrutar cientistas do Brasil e do mundo para o centro de desenvovimento que chefia em Natal (RN), conhecido como Campus do Cérebro. Nele, está sendo desenvolvido o próximo passo do programa “Andar de Novo”, do qual o exoesqueleto faz parte. Lá, Nicolelis também desenvolve a chamada “internet de cérebros”, que interligará “mente com mente” e não mais “máquina e mente”, como acontece atualmente com o exoesqueleto.

Questionado se o exoesqueleto desenvolvido por sua equipe servirá a outros usos, como o industrial, à luz do modelo apresentado recentemente pela Lockeheed Martin, Nicolelis foi taxativo. “Nosso (exoesqueleto) é apenas para reabilitação. O que eles fazem já existe há um tempo. Mas não há função neural como o nosso”, explicou. Por neural, Nicolelis se refere à tecnologia que permite que comandos do cérebro controlem os mecanismos de acionamento do aparelho.

Durante o chamamento aos jovens, Nicolelis ainda exaltou o Brasil e pediu para que o povo seja menos negativo com a ciência produzida no País.

“O brasileiro tem que parar de reclamar, de comentar ciência como comenta o futebol”, afirmou. “É preciso educação. Ensinar ciência aos jovens”.

Perguntado sobre exemplos de sucesso da ciência brasileira, ele citou o recente voo teste do primeiro carguerio da Embraer, o KC-190. As plataformas da Petrobras do Pré-Sal também foram descritas por ele como “as melhores do mundo”.

“Tenho vários colegas (brasileiros) que pesquisam e dão aulas nos Estados Unidos”, disse Nicolelis. “Todos os meus colegas americanos, quando recebem colegas brasileiros, se impressionam. A reputação do cientista brasileiro é excelente lá fora”.

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