Comportamento

Por que nós gostamos tanto de promoções?




Se você é uma pessoa que gosta de passear em shoppings ou no centro da cidade, deve ter percebido que em determinadas épocas do ano, as lojas fazem algumas promoções.

Geralmente essas grandes liquidações, chamadas também de “queima de estoque”, acontecem depois de datas especiais como o Natal, o dia das mães, dos pais e dos namorados.

Se pensarmos do ponto de vista das empresas, isso acontece para que as lojas não fiquem com produtos retidos em seus estoques, pois isto é, no extremo, um prejuízo. E claro, os consumidores agradecem, até porque, o cérebro humano gosta de promoções, ou seja, a economia gera euforia.

Mas, afinal de contas, por que isso acontece? Por que nós gostamos tanto de promoções e não podemos ver uma que já queremos comprar?

Nossas compras são por impulso

Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 60% dos brasileiros fazem compras de modo impulsivo, sem raciocinar. Isto acontece, geralmente, com as compras no cartão de crédito.

Ainda segundo o SCP e a CNDL, 19% dos gastos impulsivos dos brasileiros são com as roupas, os sapatos e os acessórios, as compras de supermercado e os perfumes e cosméticos vêm logo em seguida e representam um gasto de 17%.

É interessante notar que a ida a bares e restaurantes, também entra nestes gastos supérfluos e impulsivos e representa 13% do valor total gasto no crédito.

Por que preferimos passar os gastos no crédito?

É importante notar que, geralmente, estes gastos mais supérfluos não são pagos à vista. Segundo os órgãos que pesquisaram os hábitos de compra impulsivos dos brasileiros, estas despesas vão para os cartões de crédito, isto é, ficam para um pagamento futuro.

E você sabe por que isso acontece?

Falta de educação financeira

Alguns economistas dizem que esse comportamento de compra impulsiva no crédito é mais comum entre a população de baixa renda que, historicamente, não tem uma educação financeira mais formal.

Mas podemos dizer que parte da classe média brasileira que não recebeu esse aprendizado mais formal também está propensa a se endividar com as parcelas do cartão de crédito.

A compra no crédito é atrativa principalmente porque as parcelas parecem mais baixas e as pessoas não levam em conta a quantidade de juros embutido nessas prestações. Além disso, as pessoas acabam acumulando muitas compras, o que “congestiona” o cartão de crédito e compromete a renda.

Sensação de que não perdemos nada

Além deste fator decisivo da educação financeira, há ainda a ideia de que, ao comprar no crédito, não estamos realmente perdendo dinheiro, ou, pelo menos, não estamos ficando mais pobres no ato da compra.

Obviamente, essa sensação é falsa e, se a pessoa gasta muito no crédito e de forma descontrolada, quando chega a fatura ela, com certeza, vai ter a sensação de prejuízo e desperdício.

Mas, afinal, por que gostamos de promoções?

Nós gostamos tanto de promoções, liquidações, queimas de estoque sales e afins pelo mesmo motivo que apreciamos tanto as compras no cartão de crédito: temos a sensação de que não estamos perdendo nada, aliás, ao contrário, que estamos ganhando.

Ou seja, o nosso cérebro olha para a promoção e entende que, de fato, ao adquirir um produto com desconto de 20, 30 ou 50% estamos realmente fazendo um bom negócio e ganhando dinheiro. E nosso cérebro reage com euforia diante destes good deals.

E, racionalmente, estamos mesmo levando vantagem. Se pudermos comprar uma geladeira que, originalmente, custa R$ 4 mil por R$ 2 mil é claro que estamos lucrando. O pensamento é claro e, de certa forma, objetivo.

Pegadinhas do cérebro

A questão maior não é a promoção em si, mas sim o impulso, sobre o qual já falamos. Ou seja, muitas vezes não estamos precisando de fato do produto que está em promoção, mas nossas emoções nos guiam a achar que sim. E o cérebro reforça esta ideia, dizendo que é sim um bom negócio a se fazer.

Ou seja, no extremo, nós gostamos tanto de promoções por causa destas pegadinhas do nosso cérebro. E, apesar de parecerem incontroláveis, elas podem sim ser contornáveis, principalmente quando aprendemos a importância da poupança e do gasto consciente.

Mistério desvendado? Agora é ficar mais atento às próprias emoções e evitar sucumbir sempre às tentações das liquidações.

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