O sucesso não vem por acaso. Na final da Libertadores e líder isolado do Campeonato Brasileiro, o Flamengo está próximo de coroar com grandes títulos a tão falada reestruturação administrativa e financeira pela qual o clube passou desde 2013. E este novo momento passa, fundamentalmente, pela equalização de dívidas trabalhistas.
Há seis anos, como destaca o blog Lei em Campo, existiam mais de 500 processos na Justiça do Trabalho contra o clube, o que gerava uma dívida superior a R$ 55 milhões. Segundo Bernardo Accioly, que foi diretor jurídico rubro-negro neste período, havia um descontrole gerencial que colocava a instituição sem condições de pagar salários, rescisões, FGTS etc. em média, a cada dois funcionários, um movia ação contra o clube. Foi feita uma análise de cada um dos processos e, dois anos depois, o número de ações já havia caído para 60. Aliás, foram realizados 180 acordos com credores que buscavam direitos na esfera trabalhista.
Até 2017, por meio do Ato Trabalhista (instrumento assinado junto ao Tribunal Regional do Trabalho e que ajudou na organização do pagamento de ações contra os clubes), o Flamengo quitou nada menos que R$ 90 milhões em dívidas. Um dos casos mais emblemáticos foi o de Ronaldinho Gaúcho. Demitido, ainda pedia ressarcimento por danos morais em uma ação que totalizava R$ 70 milhões. No fim, a pendência foi encerrada com o repasse de R$ 17 milhões. Ao conseguir sair do Ato, foi possível deixar de recolher 15% de receitas de patrocínios, bilheterias e direitos de televisão para passar a investir em outras áreas, como o futebol. Se em 2012, a dívida trabalhista abocanhava R$ 55 milhões do Flamengo por ano, em R$ 2018 este número caiu para R$ 2,7 milhões. Ou seja, colocando na cabeça que a manutenção dos pagamentos em dia não geraria futuras obrigações, a roda começou a girar em favor do Fla.
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Fonte: 90min
