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FIFA 22: repetição da fórmula ou revolução tecnológica?

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A contagem regressiva para grandes lançamentos começa com meses de antecedência. Do ventre incubador da EA Sports até o dia 1 de outubro, data que marca o lançamento oficial do aguardado FIFA 22, foram meses de grandes expectativas. Durante o período, a base de fãs do popular game consumiu vorazmente todas as pílulas estratégicas liberadas pela desenvolvedora de jogos.

Os bastidores, o trailer que pouco revela, as análises dos influenciadores mais renomados, as discussões nas redes sociais, as cartas lançadas… tudo envolvendo o game de futebol resulta em paixão e extremismo. Não poderia ser diferente, certo? Afinal, estamos falando de uma modalidade que leva pessoas ao delírio com frequência.

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Fifa 22 será lançado oficialmente no dia 1º de outubro | SOPA Images/Getty Images

No entanto, como em todo acalorado debate, as opiniões são divergentes. “EA está fazendo um ótimo trabalho para o meio ambiente, pois reciclou o mesmo jogo por 30 anos”, “3 anos o mesmo jogo. FIFA 19.3”, “EA nem tenta mais. Eles perceberam que as pessoas ainda vão comprar”. Esses comentários foram retirados das mídias oficiais da empresa idealizadora.

Tratando especificamente do FIFA 22, temos uma espécie de novidade principal dentre tantas outras anunciadas: a tecnologia HyperMotion. Apesar do nome cheio de requintes, a inovação promete algo bem básico ao jogador: tornar a experiência mais realista. Buscando atingir essa missão, a EA captou os movimentos de 22 jogadores profissionais de futebol enquanto disputavam uma partida de alta intensidade.

Nas palavras do próprio estúdio através de comunicado, “seja com um chute, passe ou cruzamento, a HyperMotion transforma como os jogadores se movem com e sem a bola”. Mesmo diante do aperfeiçoamento de nome pomposo, as críticas dos fãs, que passam longe de ser recentes, não diminuíram nas redes sociais. As vendas do game, em contrapartida, seguem a mesma tendência das opiniões adversas: crescimento exponencial. Segundo informações do site GfK Entertainment, o FIFA 21 foi o jogo mais vendido do ano na Europa em 2020.

Estamos, então, diante de um paradoxo? Se as considerações são tão negativas, o que explica as vendas se manterem tão altas? Para Viní Viseman, mais conhecido como Fifalize, a razão não é tão difícil de entender assim: “É que é futebol também no final das contas, então às vezes você tá chateado com o seu time que não tá jogando bem, mas você não deixa de apoiar, você continua acreditando que no próximo jogo as coisas vão ser diferentes e que vocês vão ganhar o jogo. O time tá fugindo do rebaixamento e você tá ali torcendo, lutando também, acompanhando, porque é uma paixão“.

FIFA: apenas um jogo?

É possível partir de um “clichê” para entender a dinâmica do FIFA: muito mais que um jogo. A realidade é que o game reúne diversos modos dentro de um só universo. Assim, através de um mesmo FIFA, é possível jogar de diferentes maneiras, visitando modos como Ultimate Team, Pro Clubs, Modo Carreira e muito mais. Ao mesmo tempo que isso significa mais opções ao usuário, representa também maior responsabilidade à EA Sports.

Dessa forma, seria equivocado analisar o FIFA e fazer uma constatação geral sem perceber as características próprias de cada modo de jogo. Além disso, é importante destacar que os públicos dessas variadas opções, embora convergentes em alguns aspectos, são diferentes. Agradar a todos, portanto, torna-se uma tarefa ainda mais árdua, haja vista as particularidades e necessidades específicas de cada opção dentro do game.

Fifalize explica que avaliar o papel da EA é algo relativo, justamente devido ao modo de jogo que a pessoa costuma escolher: “Eu acho que é muito relativo, é muito interpretativo, se tem conteúdo, se não tem conteúdo. Eu acho que sempre há as duas posições. Eu sou muito ligado ao Ultimate Team. O que eu posso dizer é que comparado aos últimos anos a questão de conteúdo, na minha opinião, vem crescendo”.

Um dos modos que constantemente aparece no centro das discussões sobre mudanças é o Modo Carreira. Para muitos, a EA Sports concentrava seus esforços no Ultimate Team – modo que gera maior lucro para a empresa –, e deixava o Modo Carreira em uma espécie de sono letárgico, sem muitas novidades. A produtora parece ter dado ouvidos ao clamor dos fãs e preparou inovações significativas para o modo no FIFA 22. Um dos principais pedidos é por uma maior sociabilidade de técnicos e jogadores dentro da opção Carreira.

Acho que é legal esse ponto de adicionar as transições ali. A conversa do jogador, e aí você fala: ‘Vou oferecer tal valor ‘. ‘O cara não aceitou, ele ficou bravo, agora só posso falar na próxima temporada’. Isso é legal, porque antes era algo do tipo: você mandava a proposta, era uma opção e pronto, né? Hoje a gente tem essas telas. Pra mim, eu sou muito mais ligado à jogabilidade, mas eu acho legal também e de vez em quando eu jogo o Modo Carreira e é bacana poder acompanhar issoFifalize ao 90Min

Recursos semelhantes foram implementados no Modo História, que esteve presente nas edições 17, 18 e 19 do FIFA. O ponto chave do The Journey, como era chamado o modo, era justamente abordar esse lado mais real da vida do jogador, não apenas restrito às quatro linhas. Há agora, porém, uma tendência de que o Modo Carreira adapte algumas das ferramentas do História, aproximando-se, assim, da tão cobrada sociabilidade.

META do FIFA 22 e expectativas para a nova temporada

Não é difícil compreender os motivos que levam a EA a direcionar tantos investimentos assim ao FIFA Ultimate Team (FUT), afinal, estamos falando do modo que gera maior lucro à desenvolvedora e que abriga um número cada vez maior de usuários. A lógica econômica (e social) não deixa espaço para outra interpretação: mais dinheiro, mais cuidado.

Como dito pelo próprio Fifalize, a questão do conteúdo dentro do Ultimate Team vem crescendo. Semanalmente, por exemplo, são lançados novos Desafios de Montagem de Elenco, Team of the Week e muito mais. Ele classifica as recentes novidades do FUT como positivas: “Agora em termos de conteúdo mesmo, de você poder jogar com cartas diferentes, testar times diferentes, ter objetivos diferentes, eu acredito que evoluiu bastante e que eles cada vez façam um trabalho mais próximo em termos de data mesmo, talvez diário, pra acompanhar o mercado e as pessoas ali”.

 

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Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade? Nem tanto. Apesar da novidade ser crucial rumo à equidade, múltiplas problemáticas rodeiam tais questões, incluindo a carência de seleções africanas, escassez de times brasileiros e, claro, participação de mulheres.

Eu acredito que em algum momento a gente vai chegar nessa igualdade, mas eu não sei em qual velocidade. Eu gostaria que fosse para hoje, eu acho que é justo, eu acho que é legal. Mas eu também gostaria que o futebol feminino tivesse o mesmo espaço na televisão, de publicidade, e em todos os outros pontos. Então acredito que já seja uma vitória por estar evoluindo, talvez não na velocidade que todos gostaríamos, mas que está avançando, todo ano tem um passinho pra frenteFifalize ao 90Min

Delírios de consumo

Bem, no meio de tantos debates acalorados, têm somente um atributo envolvendo o jogo que não abre margem para discussão: mesmo entre tapas e beijos, os fãs do game futebolístico não abandonam a franquia. Somando as quase 30 edições do título que já foram lançadas, chegamos ao expressivo número de 260 milhões de cópias vendidas ao redor do globo. As estatísticas certamente serão alavancadas nos próximos meses, quando as vendas do mais recente exemplar forem contabilizadas.

Para Max Mallow, do portal DBLTAP, a relação entre críticas constantes e alto número de vendas não é tão difícil de entender assim: “As pessoas sempre farão comentários negativos sobre as coisas, essa é a natureza das redes sociais. As pessoas continuam comprando FIFA porque é o maior título de futebol do mundo e a EA Sports conquistou o mercado”, ressalta.

Mas, afinal de contas, o FIFA 22 será feito de repetições das fórmulas utilizadas em outras oportunidades ou de uma completa revolução tecnológica? Há mudanças no conteúdo? Será o início de uma nova era? Para responder essas perguntas, lançamos outro questionamento: é possível encontrar consenso em situações tão subjetivas? 

Fazendo também um pouquinho o papel de advogado do diabo aqui, é um pouquinho complicado para a EA porque, não estou defendendo nem criticando, mas quando trazem conteúdo o pessoal fala: 'Ah, mas onde já se viu o Firmino com uma carta 99, sendo que o Pelé também tem uma carta 99?'. A gente tá falando de um jogo aqui, a gente tá falando de um conteúdo, é muito interpretativo.Fifalize ao 90Min


Lançado oficialmente no dia 1º de outubro, o FIFA 22 pode ser encontrado nas mais diversas lojas ao redor do Brasil, com versões que variam entre R$ 249 e R$ 499. O game está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X/S, PlayStation 4, Xbox One e PC.

Fonte: 90min

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