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Alemanha enfrenta forte letargia econômica em 2024: desafios geopolíticos e tensões internas ameaçam economia europeia




Imagem de 12019 por Pixabay

 

As perspectivas econômicas para a Alemanha em 2024 não são animadoras. A principal potência europeia e a quarta maior do mundo enfrenta um ano de relativa letargia que também ameaça a economia europeia como um todo.

A locomotiva alemã, conhecida por seu crescimento robusto, está avançando menos do que o esperado e isso tem gerado preocupações na Europa. Apesar das previsões mais otimistas indicarem um aumento de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) alemão nos próximos meses, especialistas alertam que não há sinais significativos de um crescimento dinâmico.

A Alemanha está enfrentando uma situação inédita nas últimas duas décadas, com a economia no fim da fila entre os 38 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Essa situação remonta às turbulências do final dos anos 90, após a reunificação das duas Alemanhas.

Já em novembro de 2023, a OCDE projetava uma redução nas expectativas de crescimento para a Europa tanto no ano passado (0,6%) quanto neste ano (1,2%). Caso essas previsões se confirmem, a Europa será a região entre as economias avançadas que mais demorará a se recuperar, enquanto os Estados Unidos mostram alguma resiliência com previsão de crescimento de 2,4% para 2023 e 1,5% para este ano. A China e a Índia lideram o crescimento em 2023 e devem manter níveis semelhantes ou superiores em 2024, com a China prevendo um crescimento de 4% e a Índia com mais de 6%.

A situação na Europa é ainda mais desfavorável. De acordo com a OCDE, o crescimento na zona do euro em 2023 chegou a apenas 0,6%, três décimos de ponto percentual abaixo do estimado em junho do ano passado. Isso se deve principalmente à queda da atividade econômica na Alemanha (-0,1%) e ao desempenho pouco expressivo da França (0,9%) e Itália (0,7%). A Espanha foi uma exceção positiva na zona do euro em 2023, registrando um aumento de 2,4% no PIB, o mais alto entre os países do bloco.

As projeções feitas em novembro precisaram ser reduzidas devido ao impacto dos elevados custos de financiamento e ao alto nível de incerteza na União Europeia. Agora, espera-se um crescimento modesto de apenas 0,9% para os países da União Europeia em 2024. Segundo especialistas, será necessário esperar até 2025 para ver uma taxa um pouco mais animadora, em torno de 1,5%.

Mesmo fora da União Europeia, o Reino Unido também não apresenta resultados promissores. O país terá uma expansão econômica de apenas 0,7% em 2024 e uma projeção de 1,2% em 2025.

Segundo análises econômicas, a Europa passou pelos seus dois piores trimestres no terceiro e quarto trimestres de 2023. Agora, espera-se uma fase de crescimento suave. No entanto, a crise na Alemanha é preocupante e está ligada a fatores geopolíticos, entre outros.

A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 tem desafiado a Alemanha e a Europa como um todo. A cooperação militar com a Ucrânia está enfraquecendo, principalmente entre os membros da OTAN, devido aos altos custos e à falta de resultados militares concretos. Além disso, a Alemanha tem sofrido com o aumento do preço do gás russo, afetando sua competitividade internacional.

A relação entre a Alemanha e a China também está tensa. Enquanto a ex-chanceler Angela Merkel tinha uma postura mais amigável em relação ao governo chinês, o atual governo considera a China um concorrente e rival sistêmico da União Europeia. Apesar disso, a China continua sendo o principal parceiro comercial da Alemanha.

Além dos desafios econômicos, a Alemanha enfrenta turbulências políticas internas. Recentemente, o Tribunal Constitucional alemão desautorizou o redirecionamento de bilhões de euros destinados a investimentos ecológicos e apoio à indústria durante a pandemia, resultando em tensões políticas e um déficit orçamentário significativo para 2024.

As perspectivas sombrias para a economia europeia refletem uma nova realidade política mundial, onde crises econômicas abrem espaço para projetos de direita e oportunismo. No entanto, há movimentos de resistência em vários países da Europa Ocidental, mostrando que a mobilização social ainda é uma possibilidade diante desse cenário desafiador.

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