Notícias

Mercado Agrícola Sinaliza Positividade para 2024 Mesmo Diante dos Desafios Climáticos




Imagem de Stefan-1983 por Pixabay

 

Após um período de alta nos preços, os insumos agrícolas estão apresentando uma queda significativa no segundo semestre de 2023. Essa redução tem impactado positivamente os custos de produção na safra anterior e espera-se que se mantenham em níveis mais acessíveis no futuro próximo. No entanto, essa diminuição nos valores dos insumos pode afetar as margens de produção da soja e do milho.

De acordo com o relatório “Perspectivas para o agronegócio brasileiro – 2024”, divulgado recentemente pela equipe de analistas do Rabobank Brasil, banco especializado em soluções financeiras e estratégicas para o agronegócio, essa tendência está gerando uma maior pressão sobre os preços da soja e do milho, enquanto beneficia o setor de proteínas.

O mercado de insumos agrícolas teve um período de alta nos preços devido às repercussões negativas da pandemia nos agroquímicos e à situação na Ucrânia, que afetou os fertilizantes. No entanto, a partir do segundo semestre do ano passado, os valores praticados no mercado brasileiro começaram a declinar. Isso resultou em uma redução nos custos de produção na agricultura durante a safra 2022/23 e espera-se que se estabilizem em níveis mais baixos no próximo período.

Segundo Bruno Fonseca, analista do setor, os custos de adubação das lavouras de grãos tiveram uma queda média de 36% nesta safra 2023/24. Além disso, as entregas desses insumos pelas indústrias aos clientes finais estão se recuperando em comparação ao ano passado. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) registrou um aumento de 10,4% no volume entregue, atingindo 28,6 milhões de toneladas de janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.

As projeções do Rabobank indicam que as entregas de insumos agrícolas devem chegar a 43,9 milhões de toneladas em 2023 como um todo, ante 41,1 milhões no ano anterior, com tendência de subir para cerca de 45 milhões em 2024. No entanto, Fonseca ressalta que, apesar da queda nos preços dos agroquímicos, as margens de produção da soja e do milho podem ficar mais estreitas, já que os valores desses grãos também estão em declínio.

No setor da soja, que é o destaque do agronegócio brasileiro, houve uma safra recorde em 2023, levando a uma queda nos preços. Isso gerou turbulência na comercialização, ampliando os gargalos logísticos e prejudicando a venda do milho safrinha. Além disso, houve competição por espaço nos armazéns e nos portos, inclusive com o açúcar.

Já para o milho, o foco está na safrinha no Brasil. O plantio pode ser adiado em algumas regiões produtoras se a colheita da soja se prolongar devido às condições climáticas desfavoráveis. Além disso, os baixos preços do milho, que são menos rentáveis do que os da soja, têm desmotivado os produtores.

No segmento de proteínas, como carnes bovina, suína e de frango, há expectativa de crescimento em 2024 devido à recuperação da demanda chinesa. A desaceleração da queda observada em 2023 traz sinais promissores para o próximo ano, principalmente no setor de alimentação fora do lar. A China é o principal destino das exportações brasileiras de proteínas animais.

No mercado de carne bovina, as chuvas do El Niño podem beneficiar os produtores, permitindo que os animais permaneçam mais tempo no pasto e aumentando seu poder de negociação com os frigoríficos. Ao mesmo tempo, a limitação da oferta nos EUA abre espaço para mais exportações dos frigoríficos brasileiros. No entanto, a Austrália surge como um concorrente com maior oferta disponível.

No segmento de aves e suínos, a queda nos preços dos grãos nos últimos meses reduziu os custos, impulsionando as exportações em 2023. Além disso, o mercado interno apresenta sinais de recuperação. No entanto, é importante destacar que a questão sanitária é crucial no setor de aves. O Brasil não registrou casos de gripe aviária em granjas comerciais e ganhou terreno no mercado internacional em comparação com países afetados. Portanto, é necessário manter a vigilância e investir em prevenção.

No setor sucroalcooleiro, o açúcar continua sendo o destaque. As cotações da commodity estão altas, principalmente devido à redução das exportações da Índia e Tailândia. As usinas brasileiras estão maximizando a produção de açúcar com o máximo possível de caldo de cana. No entanto, problemas logísticos, competição com grãos e condições climáticas como chuvas podem aumentar os custos. Quanto ao café, embora a oferta esteja aumentando no Brasil e na Colômbia, há uma possível ampliação da demanda. Os preços estão em queda tanto no mercado internacional quanto no nacional este ano, mas as exportações brasileiras devem crescer nos próximos meses. No caso do suco de laranja, as perspectivas são positivas para os preços internacionais, já que estão em níveis recordes devido à redução na oferta da Flórida e ao declínio nos estoques do produto brasileiro. A demanda global se estabilizou após o período crítico da pandemia e não há previsão de queda nos preços, tanto nos EUA quanto na Europa.

Continua após a publicidade..