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Hacktivismo se tornou mais organizado e com estrutura clara




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Foram-se os tempos dos pequenos grupos organizados, mascarados e bradando palavras de ordem enquanto desfiguravam sites ou tiravam sistemas momentaneamente do ar. A nova cara do hacktivismo tem organização, liderança e recrutamento, adicionando um teor político aos ataques cibercriminosos que acontecem diariamente em todo o mundo.

A conclusão é de uma pesquisa da Check Point Research, divisão de inteligência em ameaças da empresa de segurança, que aponta um modelo mais estruturado para o hacktivismo em 2022. A guerra da Rússia contra a Ucrânia é citada como o principal intensificador desse movimento, com organizações coordenadas e ferramentas avançadas que são fornecidas aos membros dos grupos.

Segundo o estudo, os bandos têm hierarquia clara e um processo de recrutamento com requisitos mínimos, com os aprovados recebendo acesso a sistemas internos e plataformas de lançamento de ataques. Enquanto isso, relações públicas falam em nome dos grupos para a imprensa, enquanto as notícias sobre os golpes e a retirada dos serviços do ar é veiculada por aí.


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O DDoS, claro, continua sendo o principal método de mobilização online, com sites de governos, empresas e serviços sendo bombardeados com requisições até saírem do ar. O levantamento da Check Point cita grupos como Killnet, Xaknet, From Russia With Love (FRwL), NoName057, Hackers of Savior, Black Shadow e Moses Staff como os principais atores no atual cenário global, os primeiros envolvidos na guerra entre Ucrânia e Rússia, enquanto os três últimos se mobilizam contra Israel.

A mudança é tamanha que o relatório da Checkpoint já cita mobilizações como a feita pelo Anonymous, AntiSec e outros grupos hacktivistas reconhecidos como “old school”. Operações focadas em figuras políticas ou iniciativas específicas podem ser coisa do passado, enquanto o novo mote é criar uma sensação de insegurança online nacional, que acompanha conflitos geopolíticos e interesses internacionais.

Guerra no hacktivismo e exército digitais

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Gráfico mostra os alvos de ataques do grupo hacktivista Killnet, que apoioi os interesses russos no contexto da invasão da Ucrânia (Imagem: Divulgação/Check Point)

Nesse sentido, a pesquisa também dá destaque ao Exército de TI ucraniano. Ainda nos primeiros dias de conflito, o governo do país invadido lançou uma chamada global para hackers e especialistas em tecnologia, para que se juntassem ao conflito cibernético de qualquer lugar do mundo.

Do outro lado estava o Killnet, principal grupo de apoio à Rússia, que afirma ter realizado mais de 550 ataques relacionados à proteção dos interesses geopolíticos do país, sendo 45 contra a Ucrânia. Estônia e Letônia foram os mais atingidos por essa ofensiva, que também envolveu ataques DDoS contra aeroportos dos Estados Unidos e os governos da Romênia, Polônia, Noruega e Japão.

“O hacktivismo não é mais apenas sobre grupos sociais com agendas fluidas. Tudo mudou no ano passado”, aponta Sergey Shykevich, gerente do grupo de inteligência de ameaças da Check Point Software. Na visão dele, a tendência é que o movimento se espalhe ao redor do mundo, com mais e mais grupos concentrados em interesses regionais surgindo. “Grandes corporações e governos na Europa e nos Estados Unidos estão sendo fortemente visados por esse tipo emergente de hacktivismo, mobilizados para narrativas governamentais e com objetivos estratégicos, níveis de sucesso mais altos e impacto público muito mais amplo.”

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Fonte: Canaltech

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