Mundo Tech

Facebook derruba apps de monitoramento de campanhas políticas usadas por ONGs




O Facebook tirou de sua plataforma uma ferramenta terceirizada que levantava informações de publicidades políticas para organizações não-governamentais (ONG) e empresas de notícias. Um dos principais era o Facebook Political Ad Collector, plataforma da ProPublica voltada a monitorar tais propagandas na rede.

Segundo nota enviada ao ProPublica, a proposta da rede social não é evitar que tais organizações façam críticas à sua plataforma. O Facebook se defende ao dizer que a ideia é evitar que desenvolvedores usem do levantamento de forma maliciosa.

Contudo, tal mudança derruba plugins como o da ProPublica, usados por empresas de notícias e ONGs para monitorar como campanhas políticas estão sendo veiculadas na rede social, assim, podendo denunciar ações irregulares.

O próprio Facebook Political Ad Collector continha mais de 120 mil propagandas políticas por conta de 22 mil usuários que contavam com o plugin. Agora, não é mais possível usar este sistema para coletar os dados, sendo que as informações ainda permanecem públicas.

A rede social teria bloqueado estas ferramentas por conta de um snippet no código JavaScript, o qual evita que computadores possam fazer a leitura do link “Por que estou vendo isso?” na rede social. Em suma, era assim que tais ferramentas conseguiam de forma fácil captar tais dados.

Empresas como a Wh Targets Me e até a Mozilla, a qual oferece uma ferramenta semelhante a da ProPublica no Firefox, confirmaram também que seus plugins não estão funcionando.

Pelo Twitter, o vice-presidente de produtos do Facebook, Rob Leathern, manteve a postura da rede social e disse que o objetivo é “evitar o mal uso destas informações”. Já Alex Stamos, ex-chefe de segurança do Facebook, disse que, apesar de não ser ideal esta era ação fácil de se prever.

“Este é mais um exemplo da mídia dizendo que o ‘Facebook precisa acabar com esta atividade ruim’ e, depois, que ‘não queríamos dizer que era com a gente’. Os veículos de mídia que venderam o Cambridge Analytica como ‘a pior coisa de todos os tempos’ têm ajudado a pavimentar o caminho para dificultar a vida dos pesquisadores”, criticou.

Stamos se refere ao escândalo de março do ano passado em que informações de mais de 87 milhões de usuários foram trabalhadas de forma irregular para campanhas que levaram à eleição de Donald Trump e ao Brexit, em que o Reino Unido se desligou, em partes, da União Europeia.

Desde então, o Facebook tem tomado medidas para diminuir a quantidade de informações que apps terceirizados podem capturar em sua plataforma.

Em defesa da plataforma, também, o Facebook respondeu ao ProPublica informando que já conta com uma plataforma, na qual estão reunidas todas as publicidades, o que pode ser segmentado também por escopo político. A Biblioteca de Anúncios foi lançada em maio do ano passado, com o propósito de armazenar todas as peças pagas na rede, pelo tempo mínimo de 20 anos. “A Biblioteca de Anúncios contém propagandas sobre representantes eleitos, candidatos a cargos públicos e temas de importância nacional, como educação ou imigração”, aponta o site. Contudo, a agência ProPublica argumenta que estes dados estão disponíveis apenas em três países (dentro dos quais está o Brasil) e que não é um mecanismo de busca tão amplo como os levantamentos de ONG e agências de notícia.

Apesar disso, Leathern, do Facebook, prometeu que uma nova ferramenta para transparência será lançada no final de junho, mas ainda não informou o que deve conter nela.

Fonte: Canaltech

Continua após a publicidade..