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Células cardíacas sofrem alterações genéticas em ambientes de microgravidade




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Um estudo publicado na revista científica Stem Cells Report revela algo que deverá ajudar muito nos treinamentos de astronautas: como exatamente os efeitos da microgravidade afetam as células cardíacas humanas.

Com se sabe, as viagens para o espaço causam diversas alterações na fisiologia, e algumas delas são a redução dos batimentos cardíacos, a redução da pressão arterial e o aumento do débito cardíaco (o volume de sangue que é bombeado a cada minuto). Por isso, cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford (EUA) realizaram um estudo para entender melhor como a microgravidade afeta as células do coração e toda a função cardíaca em um nível molecular.

Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram células-tronco pluripotentes derivadas de células cardíacas humanas, e então enviaram parte dessas células para a Estação Espacial Internacional (ISS) . Enquanto a astronauta Kate Rubins cuidou das células em órbita (ela possui um diploma de microbiologia e Ph.D em biologia do câncer, ambos pela Universidade de Stanford), a outra parte das células cardíacas criadas para o experimento ficou nos laboratórios da universidade, servindo como grupo de controle.


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Nave da SpaceX foi a responsável por levar as células do estudo para a ISS (Imagem: SpaceX)

De acordo com Joseph C. Wu, autor principal do estudo, esta é a primeira vez que cientistas utilizam células-tronco pluripotente humanas para estudar os efeitos que viagens espaciais causam à função cardíaca humana. E os resultados são intrigantes, pois, apesar de não apresentar nenhuma mudança estrutural, as células que ficaram no espaço apresentaram algumas mudanças genéticas.

Ao analisar a sequência de RNA das células para tentar entender por que, mesmo sem apresentar mudanças na estrutura, essas células tinham um ritmo cardíaco e padrões de reciclagem de cálcio diferentes daqueles que ficaram na Terra, foi descoberto que cerca de 2.635 genes das células enviadas ao espaço foram expressados em porcentagens diferentes do que o observado nas células que ficaram na Terra, como forma de fazer com que essas células se adaptassem ao ambiente de microgravidade.

Outra descoberta é que as sequências genéticas relativas às funções mitocondriais apareciam com muito mais frequência no grupo de células que foram para o espaço do que naqueles que ficavam na Terra, mas em apenas dez dias depois de retornar à Terra as sequências genéticas de todos os grupos (tanto as células que foram para o espaço quanto as que ficaram na universidade) já não apresentavam praticamente nenhuma diferença.

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Foto em imunofluorescência das células cardíacas que foram enviadas ao espaço (Imagem: Universidade de Stanford)

De acordo com Wu, essa descoberta foi a que mais surpreendeu a equipe, pois talvez seja o resultado mais quantitativo da velocidade com que as células cardíacas humanas conseguem se adaptar às necessidades do ambiente em que se encontram, mesmo naqueles em que praticamente não há gravidade. De acordo com o cientista, esta descoberta pode servir não apenas para garantir que os astronautas corram menos riscos à saúde em viagens espaciais de longa duração, mas também ser usada como base para novos tratamentos de doenças cardíacas.

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Fonte: Canaltech

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