Mundo Tech

Empresas de tecnologia, um valor seguro contra o coronavírus?




Os mercados têm sido muito voláteis nos últimos meses, devido à incerteza gerada pelo coronavírus. O fechamento das economias ao redor do mundo durante semanas causou a queda dos mercados acionários. Os ativos de muitas empresas caíram para mínimos históricos e os índices europeus, asiáticos e americanos mostraram essa tendência de queda. No entanto, algumas empresas se saíram melhor do que outras. A maioria das que foram capazes de controlar perdas e até mesmo registrar lucros pertence ao mundo da tecnologia.

Entre as notícias econômicas mais surpreendentes dos últimos meses, destaca-se o enorme crescimento de uma dessas empresas relacionadas à tecnologia: a Zoom. Antes do surto do coronavírus, esta empresa com sede em San José, Califórnia, tinha cerca de 10 milhões de usuários ativos, atrás de outras plataformas mais populares de videoconferência. Entretanto, desde abril de 2020, o número de usuários disparou em poucas semanas para mais de 300 milhões em todo o mundo.

Paralelamente ao aumento de usuários, as ações da empresa subiram e o valor unitário passou de $70 para $160 em poucas semanas. Esta forte valorização e o bom desempenho das demais empresas de tecnologia durante a pandemia fez com que o índice americano NASDAQ-100 sofresse menos que outros índices bolsistas. O NASDAQ-100 é o índice de referência para o setor de tecnologia, já que entre as cem empresas listadas nele estão algumas das gigantes como Facebook, Apple, Amazon, Intel, Adobe, Microsoft, Netflix e a própria Zoom.

 

 Quarentena, um fator chave para os produtos e serviços tecnológicos

O bom desempenho das empresas de tecnologia durante esses meses não é acidental. Ao contrário, é uma consequência direta da quarentena obrigatória em praticamente todas as partes do mundo. Sem poder sair, as opções de lazer passaram a ser a televisão e as plataformas online de filmes e séries. Além disso, o fechamento de escritórios forçou os funcionários de muitas empresas a trabalharem em casa. Isto significou uma implantação de mídia física (hardware) e ferramentas ou programas (software) que acionaram o preço dos fabricantes.

Este é o caso da Zoom, que se tornou a opção preferida por milhões de pessoas ao redor do mundo para interagir e socializar à distância, através de um computador. Ou outras plataformas similares que facilitaram reuniões de trabalho e aulas virtuais para alunos de todas as idades. A quarentena, que despoletou o valor de muitas empresas ligadas à indústria e, em particular, ao setor de serviços —hotelaria, restauração, viagens e turismo— teve o efeito contrário no caso das empresas de tecnologia.

 

O que os investidores devem esperar nos próximos meses?

Diante deste bom desempenho nos últimos meses, pode-se dizer que as empresas de tecnologia se tornaram ativos seguros ou de refúgio em caso de turbulência? Sim e não. Embora o tenham sido até agora, vale a pena relembrar que os mercados já nos surpreenderam várias vezes este ano com a sua reviravolta. Além disso, a crise do coronavírus e seus efeitos eram, e ainda são, completamente imprevisíveis. Agora, as possibilidades de um possível ressurgimento estão assustando alguns investidores.

No caso de uma nova quarentena, é previsível que as empresas de tecnologia reajam da mesma forma que no período de quarentena anterior: subindo. Mas também pode acontecer que algumas delas já tenham atingido um teto difícil de ser batido com picos bastante altos nos últimos meses. Em resumo: tudo pode acontecer e prever o desenvolvimento dos mercados até janeiro de 2021 é muito ousado.

No entanto, será fundamental acompanhar de perto as notícias sobre a evolução do coronavírus no mundo, o progresso na busca de uma vacina eficaz, a recuperação das economias ao redor do mundo após meses de confinamento e, finalmente, os eventos geopolíticos que normalmente movem os mercados. Em novembro, as eleições presidenciais americanas terão um grande efeito sobre os mercados, independentemente do resultado. Ainda antes, tensões comerciais entre China e Estados Unidos poderiam levar a uma nova guerra econômica ou, ao contrário, resultar em um novo acordo semelhante ao que já haviam assinado no final de 2019.

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