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Google projeta chatbot que responde de forma “quase humana”




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A tecnologia dos chatbots, comumente empregada em serviços automatizados de atendimento ao consumidor ou empresas que compram produtos de outras empresas, segue com relativas limitações: as conversas são estranhas e as respostas devem obrigatoriamente identificar-se com um roteiro pré-programado. Em outras palavras, “fuja do script” e o chatbot entra em parafuso, oferecendo erros ou simplesmente não respondendo.

Uma tecnologia do Google, porém, busca mudar isso: apelidado de “Meena”, o projeto consiste de um chatbot que, graças ao poder da inteligência artificial (IA), consegue compreender noções básicas de contexto. Diante desse novo entendimento, o software consegue responder a interações com pessoas de forma “quase humana”, disse a empresa.

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Chatbots são mecanismos de conversação automatizada entre usuários e empresas: projeto do Google busca aprimorar sistemas atuais

O projeto é encabeçado pelo time conhecido como “Google Bain”, que disse que o Meena consiste de uma “rede neural de ponta a ponta” que emprega um modelo de conversação que “corrige uma ‘falha crítica’ dos atuais chatbots especializados”.


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“Eles [os chatbots] algumas vezes dizem coisas que são incoerentes com o que vem sendo discutido até o momento [durante uma interação com o usuário], ou então lhes falta senso comum e conhecimento básico sobre o mundo. Ademais, chatbots comumente oferecem respostas que não específicas para o atual contexto”, explicou a equipe.

No caso do Meena, a compreensão de contexto tem o intuito de oferecer uma interação bastante próxima do que seria caso a conversa fosse engajada entre dois humanos normais. Nos exemplos abaixo, vemos o Meena responder com recomendações de filmes e também com piadas. Neste último, nota-se um detalhe interessante: a proatividade de contar uma piada vem do próprio chatbot, ao contrário do que se vê, por exemplo, em assistentes virtuais, onde isso é uma interação iniciada pelo usuário.

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O Meena mostra ser capaz de identificar e gerar recomendações de atividades com respostas mais contextualizadas, deixando a interação com o usuário mais próxima de algo humano (Imagem: Divulgação/Google)
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O Meena também apresenta capacidades próativas de interação, iniciando uma piada sem que o usuário peça por ela diretamente (Imagem: Divulgação/Google)

Como treinamento para o Meena, o Google Bain disse que empregou modelos de 341 GB de conversas de domínio público das redes sociais, um número 8,5 vezes maior do que qualquer outro modelo de ponta atualmente existente no setor. Além disso, o Google também criou uma nova métrica de avaliação da responsividade de um chatbot, a qual chamou de “SSA” (sigla em inglês para “Média de Sensibilidade e Especifidade”.

“Se algo parecer estranho — confuso, sem lógica, fora de contexto ou factualmente errado — então [o Meena] registrará isso internamente como ‘sem sentido’. Se a resposta fizer sentido, porém, o sistema trabalha para analisar se ela tem relação com o contexto dado”, explicou a empresa. “Por exemplo, se a pessoa A diz ‘Eu amo tênis’ e a pessoa B responde ‘Legal’, então o discurso é avaliado como ‘não específico’, já que essa resposta poderia ser usada em dúzias de outros contextos. Mas se B responder ‘Eu também: não me canso de assistir ao Roger Federer’, então a resposta é marcada como ‘específico’, já que ela é intimamente relacionada com o que está em discussão”.

Em um gráfico divulgado, o Google diz que o Meena é, hoje, o que mais se aproxima de uma interação humana, ficando alguns poucos pontos percentuais atrás de uma conversa entre duas pessoas reais — porém consideravelmente à frente das soluções de chatbot mais conhecidas do mercado, como Mitsuku (da Pandorabots), Cleverbot (criado pela empresa homônima), DialoGPT (um modelo de código aberto usado pela Microsoft, Twitch e outras empresas) ou Xiaolce (desenvolvido pela própria Microsoft).

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O Meena, em testes estatísticos, mostrou-se mais próximo do que seria uma interação entre humanos do que as principais soluções hoje disponíveis no mercado (Imagem: Divulgação/Google)

Ainda que o projeto pareça promissor, o Google diz que ainda não há uma forma de demonstrar o Meena pelas vias práticas, haja vista que ainda é desejo da empresa treinar o sistema em outros pilares, como adicionar tratos de personalidade e conhecimentos factuais, além de mecanismos de segurança e imparcialidade. Por essa razão, os dados divulgados são estudos estatísticos. O Google, porém, planeja lançar uma demo do Meena em algum momento no futuro.

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Fonte: Canaltech

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