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Objetos que ninguém sabe o que são orbitam buraco negro da Via Láctea




Objetos que ninguém sabe o que são orbitam buraco negro da Via Láctea - 1

Astrônomos encontraram seis objetos orbitando o Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo localizado no centro da Via Láctea. Mas não são objetos comuns, não. Eles são diferentes de tudo na galáxia, tão peculiares que foi necessário criar uma nova classificação para eles: eles são chamados de objetos “G” e cada um recebe um número. Assim, são chamados de G1, G2 e assim por diante.

Os dois primeiros, encontrados há quase duas décadas, chamaram a atenção dos astrônomos quando eles notaram as órbitas estranhas desses objetos através dos dados coletados ao longo dos anos. Eles se pareciam com nuvens gigantes de gás, medindo 100 unidades astronômicas de diâmetro (Uma Unidade Astronômica é a distância média entre a Terra e o Sol). Em 2014, os astrônomos observaram o G2 seguindo direto para o Sgr A*, e a previsão era que essas “nuvens” fossem facilmente engolidas pelo buraco negro. Porém, não foi isso que aconteceu.

Ou seja, esses objetos não estavam se comportando como nuvens de gás.


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Andrea Ghez, física e astrônoma da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, explica que “esses objetos parecem gás, mas se comportam como estrelas”. Junto de seus colegas, Ghez estuda o centro galáctico há mais de 20 anos. Seus dados serviram como base para o novo estudo de uma equipe liderada pela astrônoma da UCLA, Anna Ciurlo, que identificou mais quatro desses objetos: o G3, G4, G5 e G6.

Esses novos objetos estão em órbitas muito diferentes do G1 e G2. Juntos, os objetos G têm períodos orbitais que variam de 170 a 1.600 anos. Ainda não se sabe exatamente o que eles são, mas Ghez diz que há uma grande pista: o ponto em que G2 esteve mais próximo do buraco negro, em 2014. “No momento da maior aproximação, o G2 tinha uma assinatura realmente estranha”, disse ela. “O G2 sobreviveu e continua feliz em sua órbita. Uma nuvem de gás não faria isso”, afirmou Ghez.

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Cada um dos objetos “G” tem uma órbita distinta, completamente diferente dos demais (Imagem: Anna Ciurlo/Tuan Do/UCLA Galactic Center Group)

Embora algo assim já tenha sido visto antes pelos astrônomos, dessa vez foi mais peculiar, pois o G2 chegou perto do buraco negro e se alongou, e muito do seu gás foi dilacerado. Se ele fosse uma nuvem de gás hidrogênio, como os astrônomos pensavam anteriormente, teria sido absorvido pelo Sgr A*, produzindo algumas emissões luminosas. Isso nunca aconteceu, fato que ficou conhecido mais tarde como um “fracasso cósmico”. Agora, o G2 está ficando mais compacto novamente.

Pouco depois, o G1 também se aproximou do buraco negro o suficiente para ser absorvido, caso fosse uma nuvem de gás. Mas também sobreviveu. Na época, a cientista deduziu que os dois objetos seriam o produto de estrelas binárias fundidas, resultando em uma única estrela massiva. Outra equipe disse que o G2 poderia ser uma nuvem, porém como parte de um fluxo maior de gás que também incorporava o G1, formando uma “serpentina de gás”.

Porém, essa hipótese veio considerando a existência de apenas dois objetos. Agora que mais quatro foram descobertos, o mistério aumenta. Uma das possíveis explicações é que eles também podem ser fusões de estrelas binárias. “Fusões de estrelas podem estar acontecendo no Universo mais frequentemente do que pensávamos, e provavelmente são bastante comuns”, disse Ghez. Com sua força gravitacional, os buracos negros podem desestabilizar a órbita de estrelas binárias, levando-as a colidirem entre si.

Stefan Gillessen, astrônomo que propôs a hipótese da “serpentina de gás”, diz que é improvável que todos os seis objetos tenham se formado em fusões de estrelas binárias. Ele sugere que os objetos “G” podem ser uma série de fenômenos cósmicos diferentes, estranhos e ainda desconhecidos.

Seja como for, parece que os “Gs” têm muito em comum, e o aumento do conjunto de dados pode fornecer ainda mais informações para completar o quebra-cabeça. Os objetos G3, G4, G5 e G6 vão passar pelo buraco negro supermassivo nos próximos anos e os astrônomos os acompanharão para obter mais informações sobre eles.

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Fonte: Canaltech

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