Há muito tempo atrás, em uma galáxia longe daqui, uma estrela pulverizou um planeta inteirinho, deixando para atrás um rastro de destruição. Ao menos foi isso que astrônomos anunciaram nesta quarta-feira (21), depois de observarem uma estrela anã branca desintegrar um planeta rochoso, assim como a Terra.
O fenômeno foi captado pelo observatório espacial Kepler, que monitora estrelas em busca de planetas que possam orbitá-las. Nessa pesquisa, os dados revelaram uma queda regular na luminosidade, a cada 4,5 horas, o que aponta a órbita do planeta para aproximadamente 850 mil quilômetros da anã branca, aproximadamente o dobro da distância entre a Terra e a Lua.
“É algo que nenhum homem jamais viu”, disse Andrew Vanderburg, pesquisador do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e líder do estudo. “Nós estamos vendo um sistema solar ser destruído”, concluiu.
A descoberta confirma uma teoria sobre a fonte da “poluição” por metais das anãs brancas – que são similares à famosa Estrela da Morte, da saga Star Wars.
Uma estrela anã branca é o último estágio antes de um astro “morrer”. Quando uma estrela chegam ao fim da vida, normalmente ela se expande num gigante vermelho e perde suas camadas exteriores. O núcleo, do tamanho aproximado da Terra, sobrevive como uma anã branca.
Devido a sua intensa gravidade, estrelas anãs deveriam ter uma superfície quimicamente “pura”, coberta somente com elementos leves como Hélio e Hidrogênio. Por muitos anos, os pesquisadores observaram evidências de que algumas estrelas anãs tinham uma atmosfera “poluída” com traços de elementos mais pesados, como cálcio, silício, magnésio e ferro. Cientistas suspeitavam de que a fonte dessa poluição eram pequenos asteroides ou planetas que foram desintegrados pela intensa gravidade das estrelas anãs. Agora, é possível dizer que há fortes indícios de que a teoria possa ser verdadeira. Ao menos é o que mostra os dados coletados pela equipe de Vanderburg.
Kepler
No dia 6 de março de 2009, a Sonda Kepler foi lançada pela NASA (Agência Espacial Americana) ao espaço com a missão de observar estrelas mais brilhantes no céu, e com isso, detectar a presença de planetas. Em 11 de janeiro de 2011 os cientistas da NASA confirmaram a descoberta do primeiro planeta rochoso, chamado Kepler-10b, um planeta pequeno, que mede 1,4 vez o tamanho da Terra. A missão teria originalmente apenas 4 anos, porém, em 2013, mesmo com um problema no giroscópio da sonda, a NASA pediu a continuidade da missão – o plano era ajustar o modo de obter esses dados, já que a sonda ainda estava funcionando. Em 18 de novembro de 2013, foi criada a K2 (também chamada “Second Light”), um plano alternativo para detectar planetas habitáveis em torno de uma menor dimensão, de estrelas anãs vermelhas. Até agora, a Kepler já encontrou mais de mil planetas.