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Lideranças indígenas e quilombolas questionam a atuação de líderes dos países para impedir a crise climática. Nesta quarta-feira (12), durante a COP30, em Belém, o xamã Davi Kopenawa, do povo Yanomami, de Roraima, e Katia Penha, coordenadora da Conaq, Articulação das Comunidades Negras Quilombolas, participaram de um debate sobre as soluções dos territórios para o combate à crise climática, na zona azul, área oficial de negociação da Conferência.

Davi Kopenawa questionou a ausência dos Estados Unidos, um dos maiores poluidores do mundo, nesta COP.
“Quem inventou isso? Mudança climática? Os americanos. Será que tem americanos aqui, para explicar para nós como que eles criaram esse problema, criaram essa doença, criaram esse veneno? Envenenar a água, desmatamento. Eles são culpados. Cadê eles?”
Nos últimos anos, a Terra Indígena Yanomami vem sofrendo com invasões de garimpeiros, que tem levado fome e morte à comunidade. Desde 2023, uma força tarefa do governo federal busca a desintrusão do território. Kopenawa prevê que o mundo passe por mais dificuldades nos próximos anos devido à falta de ações para preservar o meio ambiente.
“Daqui para a frente vai ter muita coisa ruim. Vai morrer muita floresta. Vai ter muito problema. Daqui para frente, 60 anos, a sofrimento vai chegar. Vai chegar fome. Essa mudança climática que, para mim, significa pobreza, doença, poluição de água. Sem a floresta, nós vamos sofrer”.
Territórios quilombolas
Já Kátia Penha reforçou o papel da população quilombola na proteção dos diversos biomas do país. Para ela, a solução passa pela titulação das terras tradicionais desta população.
“Nós estamos com uma delegação grande e trazendo pontos. Porque nós queremos discutir soluções climáticas e não há soluções climáticas sem pensar em território quilombola titulado no Brasil. Não há soluções climáticas sem haver mudanças de adaptações viáveis e a gente falando como nós queremos construir essas soluções climáticas”.
Para a coordenadora da Conaq, as ações de combate às mudanças climáticas dependem dos líderes mundiais ouvirem as comunidades mais afetadas.
“A comunidade deve ser incluída nas decisões sobre as mudanças climáticas. Nós somos um povo guardião desse planeta e nós estamos nessa América Latina protegendo 205 milhões de hectares. Isso aí não dá para ser invisível e isso precisa discutir aqui como uma política, porque esses territórios estão preservados, porque se tem essas comunidades, esse povo, esse saber ancestral dentro desses territórios”.
A COP30 vai até o dia 21 de novembro aqui em Belém com o desafio de buscar consensos entres os países para a implementação de medidas que evitem o aumento da temperatura do planeta e a continuidade da crise climática.
Gésio Passos – repórter da Rádio Nacional , .
Fonte: Agencia brasil EBC..
Wed, 12 Nov 2025 21:13:00 -0300

