Uma mistura de mitos antigos com relatos de acidentes ou incêndios na imprensa deixam os usuários de smartphone cheios de dúvidas e em polvorosa. Afinal de contas, por quanto tempo se deve deixar a bateria do celular carregando? Dá para estragar um aparelho deixando ele ligado na tomada a noite toda? Como manter a vida útil da bateria e evitar o desgaste desse componente?
A resposta não é tão complexa quanto as perguntas fazem parecer. Via de regra, a recomendação de todas as fabricantes de smartphones é que o recarregamento sempre respeite o ciclo completo das baterias. Ou seja, o ideal é que os aparelhos sejam conectados à tomada quando estiverem se aproximando do fim de sua carga corrente, com menos de 10% disponíveis, e permaneçam ligados até chegarem a 100%. O motivo para isso, porém, pode não ser bem aquele que você está pensando.
Sai o efeito memória, entram os ciclos
É comum, quando se fala em bateria de celular, tentar evitar que ela “vicie”, perdendo rapidamente sua capacidade completa de carga por conta de um uso inadequado. Essa, porém, é uma relíquia do passado da tecnologia chamada de “efeito memória”, existente em baterias antigas de níquel cádmio (NiCd) ou níquel-hidreto metalíco (NiMH). Apesar de esse tipo de célula ainda ser usada em pilhas recarregáveis, nos smartphones essa combinação não é mais a norma há pelo menos 10 anos.
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Mais do que perderem a capacidade de carga com mais facilidade, essa antiga composição tinha vida útil menor e era mais poluente quando descartada inadequadamente na natureza. Hoje, o mercado de celulares e a indústria de dispositivos tecnológicos em geral adota como padrão a bateria de lítio-íon (Li-ion), mais leves, menores e com maior capacidade de carga.
Baterias são, essencialmente, células de reação química que geram energia. E como nada é infinito na natureza, os componentes de Li-ion também possuem sua vida útil limitada, contada em ciclos de recarregamento. Explicando de maneira bem básica, é como se um novo ciclo fosse iniciado cada vez que você remove o celular da tomada.
As características variam entre fabricantes, capacidades e também tipo de dispositivo, mas de maneira geral, uma bateria é construída para ter uma vida útil de 500 a 600 ciclos antes de começar a apresentar problemas, sejam eles quais forem. As falhas podem variar desde uma redução na autonomia máxima até uma menor quantidade de energia sendo entregue ao dispositivo, resultando em lentidões e funcionamento anormal do sistema operacional.
É justamente por conta dos ciclos que a recomendação das fabricantes é para que os usuários respeitem o tempo de descarregamento de um aparelho por completo. Ligar o smartphone na tomada antes disso “gasta” um ciclo enquanto ele ainda está bem longe de apresentar um nível crítico de bateria, e mantê-lo conectado mesmo com a carga completa pode fazer o mesmo diversas vezes seguidas, apesar de fontes mais modernas resolverem essa questão ao cortarem o fluxo de energia para o dispositivo quando ele atinge o nível máximo.
O que as fabricantes dizem

Até agora, estamos falando de recomendações e estimativas gerais, que valem de maneira genérica para todo o mercado de dispositivos eletrônicos. Mas é claro que cada empresa do setor tem sua própria abordagem quanto à bateria e, logicamente, dispositivos de proteção próprios para evitar problemas para os clientes, alongar a vida útil e a autonomia, além de evitar acidentes.
Em uma página dedicada somente às baterias em seu site oficial, a Apple recomenda que, além do uso de carregadores e cabos originais ou certificados, o usuário retire o aparelho da capa na hora de fazer isso. É importante, também, evitar condições extremas durante a utilização e recarga dos dispositivos. O ideal é que iPhones, iPads, Watches e MacBooks sejam utilizados entre 0 e 35 °C, com temperaturas acima disso podendo interferir permanentemente na carga e autonomia da bateria. Abaixo de zero, os efeitos também são sentidos, mas apenas até que o aparelho retorne à operação em ambiente ideal.
Em seu site de suporte, a Samsung aponta que deixar o smartphone descarregar completamente antes de ligá-lo à tomada pode causar danos ao componente. A recomendação é que o dispositivo seja recarregado sempre que estiver abaixo da marca dos 20%.
A Motorola, por outro lado, não dá indicações desse tipo e deixa os usuários livres para recarregarem seus aparelhos quando quiserem, desde que isso seja feito apenas com fontes certificadas ou originais da empresa. Em um guia de boas práticas, a LG também segue esta mesma linha, mas reforça a recomendação para que o smartphone não seja conectado à tomada durante tempestades ou em uma instalação elétrica inadequada.
Outras práticas

Mais comportamentos comuns também podem auxiliar na preservação da vida útil da bateria do seu celular. Pelo mesmo motivo pelo qual o ideal é não manter o aparelho conectado depois de atingir carga completa, não é bom o utilizar durante esse processo, uma vez que o uso também consome energia, alongando o tempo de espera e entrando no caminho do sistema de ciclos.
Conforme nos explicou o engenheiro elétrico Levi Rodrigues da Silva, e de acordo com indicações das próprias fabricantes, o ideal é usar apenas carregadores originais ou, pelo menos, de marcas certificadas, evitando conectar o dispositivo à tomada durante tempestades ou momentos de oscilação elétrica.
Ele também alerta quanto à prática de deixar o smartphone carregando durante a noite, enquanto o usuário dorme. Isso não apenas pode consumir mais ciclos de bateria como causar acidentes, com o usuário incapaz de notar rapidamente quando um problema está acontecendo. “O ideal é desconectar o celular e tirar o carregador da tomada quando não precisar usar. Além da segurança, isso também proporciona uma pequena economia de energia elétrica”, completa.
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Fonte: Canaltech