Carreira & Educação

Como o mercado de trabalho tem absorvido a mão de obra de pessoas com deficiência?




No último Censo Demográfico feito pelo IBGE em 2010, havia mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência vivendo no país. Este número representa uma expressiva parcela da população brasileira, mais precisamente, 23,9% dos brasileiros.

Quando falamos de Pessoas com Deficiência (PcD), não nos referimos apenas aos deficientes visuais ou àqueles que têm mobilidade reduzida nas pernas e braços. Também incluem-se aí as pessoas com alguma limitação auditiva e aquelas com deficiência mental e/ou intelectual.

Apesar deste número elevado de PcD’s no Brasil, apenas 0,9% destes mais de 45 milhões está empregado com carteira assinada. A boa notícia é que, segundo o Ministério do Trabalho, em 2016, foram criadas mais de 418 mil vagas para Pessoas com Deficiência no Brasil.

Para absorver esta mão de obra, as empresas têm apostado em alternativas tecnológicas, como os notebooks adaptados para cegos e a utilização de softwares que permitem, por exemplo, a tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libra).

Legislação Brasileira e a contratação de PcD

O artigo 93 da lei 8.213 de 1991 exige que em empresas com 100 funcionários ou mais, seja reservada uma cota de 2 a 5% dos cargos para o preenchimento de Pessoas com Deficiência (PcD). Assim, se a empresa tiver 200 funcionários, deverá empregar, ao menos, 4 pessoas com algum tipo de deficiência.

Em empresas menores, não há esta exigência legal, mas muitas firmas de pequeno e médio porte têm adotado a prática por livre arbítrio. Muitas vezes, isso acontece porque os gestores têm contato pessoal com PcD’s e sentem a necessidade de começar a inclusão dentro de próprios ambientes de trabalho.

Razões para empregar PcD’s

Alguns ativistas dos direitos das Pessoas com Deficiência (PcD) alegam que é necessário empregar cada vez mais este tipo de mão de obra e não apenas para que as empresas se encaixem nas normas legais ou para que um ou outro deficiente sinta-se acolhido.

É necessário empregar os PcD’s porque boa parcela deles têm boa qualificação profissional. Dos deficientes cadastrados na base de currículos do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), um terço tem ensino superior.

Além disso, as atividades laborais garantem a estas pessoas uma inserção digna na sociedade.

Como garantir a inclusão das Pessoas com Deficiência

Garantir a inclusão das Pessoas com Deficiência não é uma tarefa simples e não se limita a criar alguns espaços ‘adaptados’ para eles. Ou seja, ser efetivamente inclusivo é mais do que criar rampas de acesso para os cadeirantes ou calçadas com pisos táteis para as pessoas com deficiência visual.

Incluir os deficientes é criar condições para que eles consigam desempenhar as suas funções com qualidade e dignidade. Para isso, muitas empresas de grande porte têm investido em tecnologia para esta inserção.

Uso de computadores adaptados

Investimentos comuns feitos pelas empresas são, por exemplo, os computadores adaptados para os deficientes. Geralmente, são notebooks ou desktops que têm processadores rápidos e boa memória e que conseguem rodar, com agilidade, alguns softwares que atendem algumas necessidades dos deficientes.

Tecnologia para os deficientes visuais

Um destes softwares foi desenvolvido pelo Departamento de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se chama Dosvox. O programa lê, para o cego, o que ele está fazendo tanto com o teclado, quanto com o cursor do mouse.

Outro software similar é o Cartavox, que é configurado no email dos deficientes visuais e lê as correspondências virtuais.

No ambiente virtual, é muito raro encontrar sites adaptados que, por exemplo, disponibilizam a leitura das informações para os cegos ou oferecem a assistência de uma tradutora de libras. Por isso, a internet continua sendo um espaço pouco inclusivo.

Muitas empresas têm investido em softwares, como o Jaws, que lê as informações disponíveis nos mais diversos endereços web.

Tecnologia para os deficientes auditivos

Para os deficientes auditivos, é possível investir em equipamentos como o Player Rybená. Esta tecnologia nacional permite que qualquer texto off ou online possa ser traduzido para a Língua Brasileira de Sinais (Libra).

É necessário reforçar que a inclusão das Pessoas com Deficiência é um processo que não se resume a criar espaços ‘acessíveis’. No mercado de trabalho, especialmente, é necessário garantir que os deficientes exerçam as suas funções com dignidade.

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