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O que a maior “treta”​ do Youtube tem a ver com branding pessoal e marketing de influência?




Por Débora Alcantara

O que levaria um influenciador a perder mais de um milhão e meio de inscritos em seu canal no Youtube e outra a ganhar mais dois milhões, em apenas 24 horas?

Esse é o case de James Charles e Tati Westbrook, dois influenciadores digitais dos EUA que construíram suas marcas pessoais no Youtube produzindo conteúdo de beleza, reunindo uma legião de fãs e milhões de visualizações em seus tutoriais.

Em uma sexta-feira (10), ambos ganharam ainda mais visibilidade em uma exposição que envolveu publicidade com marcas, associação de imagem, Stories, vídeos, e, acima de tudo, uma decepção que culminou no fim de uma amizade.

A relação entre os dois criadores de conteúdo começou pelo Instagram. A Tati já tinha uma grande notoriedade nas redes sociais quando James Charles enviou uma mensagem direta para ela, dizendo que era muito fã e que queria criar um canal porque ela o inspirou.

Tati abraçou James e o inseriu no meio digital. Seu potencial o levou ao alcance de milhões de seguidores.

Em 2018, ela lançou sua marca de vitaminas, Halo Beauty. O que fez sem nenhum investimento externo. Tati contatou James, então, para que ele o ajudasse a divulgar sua marca, a partir do marketing de influência. Ele alegou que a marca da amiga não tinha relação com seu público, e mesmo que Tati tenha pedido um orçamento para pagar justamente o valor de uma divulgação, ele recusou a proposta.

Até que no dia No dia 22 de abril, o youtuber James realizou uma publicação em seus Stories do Instagram para promover as vitaminas Sugar Bear Hair, marca concorrente da Halo Beauty.

No mesmo dia em que em que Charles fez a promoção para Sugar Bear Hair, Tati manifestou seu desapontamento na redes sociais. Não acusou diretamente ninguém, mas os seguidores desconfiaram que teria alguma relação com o episódio.

Quando alguns influenciadores discordaram do ponto de vista de Tati, ela resolveu fazer um vídeo para o seu canal no Youtube contando seu ponto de vista, chamado “BYE SISTER” (em português, “Tchau, irmã”), que foi publicado do dia 10 de maio. Nele, ela apresenta um recorte de vários momentos em que aparece elogiando o amigo James, para mostrar como deu suporte a ele.

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Ela explica que o ponto que desencadeou a decepção não foi apenas o fato de James ter aceitado fazer uma publicidade no Instagram para a Sugar Bear Hair, mas todo o processo de usar uma justificativa para ela que não se validou com a outra marca concorrente.

O desabafo de Tati gerou no público um movimento de likes e deslikes. Milhares de pessoas passaram a se desinscrever do canal de James e o canal da Tati passou a ganhar um número absurdo de inscritos.

Criaram até mesmo um contador em tempo real que fez surgir uma espécie de competição entre os dois influenciadores.

No mesmo dia, James postou um vídeo de oito minutos, intitulado “Tati”, se desculpando com a youtuber.

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No dia 16 de maio, uma semana depois do acontecido, o número de inscritos de Tati passou de 6.382.321 milhões para 10.250.225 e só continua a subir. Seu vídeo falando sobre o assunto já tem mais de 46 milhões de visualizações e 3,2 milhões de likes.

Enquanto isso, o canal de James que tinha 16.014.986 milhões de seguidores caiu para 13.429.451, e continua oscilando. Seu vídeo de desculpas já passa dos 47 milhões de visualizações, mas, por outro lado, conta com 2,9 milhões de deslikes.

Mas, afinal, o que isso tem a ver com branding pessoal e marketing de influência?

Esse acontecimento é uma grande lição sobre como um influenciador pode gerar uma crise de imagem se ele não tiver um posicionamento de marca pautado na verdade, na coerência e na responsabilidade.

A partir do momento que a pessoa assume o papel de influenciador digital, cada um dos passos dados, cada decisão feita, irá influenciar em sua imagem e como as pessoas o veem, além de trazer consequências profissionais.

Uma marca pessoal deve ser reflexo de quem se é, realmente, acima de tudo. A partir do momento em que o público sente que pode estar sendo enganado de alguma forma, isso gera uma grande mancha na reputação.

É sobre ser ético diante de seu trabalho e das pessoas com quem você se relaciona. Ser transparente.

Esse caso nos traz muitos ensinamentos sobre como nossas atitudes impactam diretamente em nossa imagem pessoal. Vou pontuar alguns deles.

Gestão de Crise de imagem.

  1. 1. Falar apenas não é o suficiente. Tenha em mente que quando cometemos um erro, o correto é admiti-lo e nos mostrarmos como seres humanos passíveis a cometer falhas. Mas, antes, precisamos analisar como essa verdade que estamos assumindo irá implicar sobre a nossa reputação. Uma crise de imagem começa, sim, a ser reparada pelas desculpas. Mas, mais do que isso, é importante reformular o modo como administramos e mostramos nossa imagem para o público. Cada atitude contará muito na hora de reparar o erro.
  2. 2. Agarra-se à empatia: Nesse caso, é a empatia que faz com que tanta gente escolha um lado, pois as pessoas naturalmente se colocam no lugar do próximo. Por isso, além de assumir o erro, suas atitudes devem ser guiadas pelo bom senso e pela vontade de fazer com que a empatia da sua audiência se volte, novamente, para você.
  3. 3.Tome uma atitude: Mais do que expor os seus pontos de erro é preciso mostrar que você aprendeu com a situação. O que poderia ser feito com esse aprendizado para que isso não voltasse a acontecer e para que outras pessoas também não cometessem o mesmo erro? Pense em como você pode agir e mostrar que está de fato arrependido e que aprendeu com aquele episódio.
  4. Essência e verdade
  5. O público não busca apenas um conteúdo excelente, ele busca verdade, ética e reciprocidade. Ele busca valores. As pessoas também procuram pessoas do bem e não conseguem se ver relacionadas ao sentimento de ingratidão, por exemplo.
  6. Não importa onde você está, você sempre precisa lembrar de onde você veio. Não importa quem você se tornou, lembre-se sempre do porquê.
  7. Esse é o poder da história e da memória. Assim como as marcas trabalham o storytelling, as marcas pessoais também precisam contar a sua trajetória e se orgulhar dela.
  8. Se você não contar sua história, as pessoas irão conta-lá por você – ou inventá-las. Por isso, mostre quem você realmente é.
  9. Sobre marketing de influência
  10. Todo essa crise não foi problemática apenas para o jovem youtuber. Como ficam agora as marcas que tem seus produtos e serviços ligados à imagem dele?
  11. Por isso volto a frisar aqui. Adotar o marketing de influência como estratégia não significa apenas contratar o influenciador mais “hypado” do momento. É preciso muito estudo e análise.
  12. Em um momento como esse a marca precisa saber exatamente quais valores do criador de conteúdo não estão alinhados aos seus, e estar preparada para vir a público mostrar que não concorda com seus pensamentos e ações.
  13. Pode envolver todo um processo muito burocrático como quebra de contrato e claro, entender que de alguma forma aquela pessoa ficará associada a sua empresa.
  14. Por isso, leve a sério o marketing de influência. Se você pensa em trabalhar com essa estratégia, ótimo. Ela traz resultados incríveis. Mas não fuja da análise dos influenciadores. Eles possuem um poder midiático que as marcas – nem sempre – têm a real dimensão.
  15. Conclusão
  16. A “treta” entre Tati e James é um dos maiores casos se crise de imagem do mundo dos influenciadores. O número de ganhos e perda de seguidores e likes só prova que toda atitude que tomamos está ligada a nossa imagem. Quando falo que não existe separação entre o mundo virtual e o real, é justamente por isso. É muito difícil interpretar um papel por muito tempo. Branding pessoal é coisa séria. Um trabalho constante e intensivo. Com o marketing de influência não é diferente.
  17. Qual é a sua opinião sobre tudo isso?
  18. Qual seria sua primeira ação como marca e como pessoa que precisa gerir uma crise de imagem? Ficou interessado em saber mais sobre branding pessoal e sobre marketing de influência? Clique AQUI para receber mais sobre esse assunto.

Fonte: Linkedin

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