Comportamento

A ciência e a tecnologia na busca de mais conforto no trabalho e EAD




A ciência e a tecnologia na busca de mais conforto no trabalho e EAD - 1

Com as restrições de contato pessoal impostas pela atual pandemia, houve um aumento sem precedentes da adoção do trabalho e do ensino a distância. Como alternativa imediata para lidarmos com uma nova doença contagiosa, alunos e profissionais adotaram plataformas digitais colaborativas para poderem estudar e trabalhar permanecendo em suas residências. A maior parte das interações sociais passou a ser regida por plataformas de teleconferência como o Zoom, o Google Meet e o Microsoft Teams, por exemplo. A tecnologia salvou o dia outra vez.

Na verdade, mesmo antes da pandemia, tais tecnologias já eram utilizadas com alguma frequência por alguns profissionais. No entanto, a pandemia trouxe mudanças no perfil do uso: novos tipos de usuários (como, por exemplo, crianças nos primeiros anos do ensino infantil), maior volume de pessoas, e, maior frequência da utilização. É razoável imaginar que tais soluções não haviam sido desenhadas ou pelo menos otimizadas para as situações ou forma como passaram a serem utilizá-las durante a pandemia.

Assim, o novo modo de trabalharmos utilizando tais tecnologias também trouxe alguns desconfortos ou problemas. Por esta razão, pesquisadores passaram a se interessar em entender como estamos utilizando, quais problemas estão surgindo, e, como tais tecnologias podem evoluir para melhorar a qualidade de nossas interações evitando efeitos colaterais, como desconfortos ou fadiga. Um destes estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Stanford criou e validou uma escala conhecida como Zoom Exhaustion and Fatigue Scale (ZEF – Escala de Exaustão e Fadiga) para avaliar o grau de desconforto e fadiga com a utilização de tecnologias de teleconferência. O estudo comprovou que quanto mais longas e mais frequentes as vídeo conferências, maior a fadiga de seus usuários.


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Assim como essa pesquisa, diversas outras utilizando tecnologias inovadoras para o desenvolvimento de novas soluções mais confortáveis para o ensino e trabalho à distância estão em andamento na Universidade de Stanford e iniciarão suas aplicações para validação em outros países, como no Brasil, por exemplo. Pessoas ou instituições no Brasil interessadas em participar deste e de outros estudos avançados utilizando tecnologias em ambiente de trabalho e educacionais poderão registrar seu interesse aqui.

Algumas pesquisas passaram a utilizar inteligência artificial na obtenção de insights em tempo real para que ações sejam tomadas. Por exemplo, algoritmos podem perceber a falta de atenção, desconforto, ou fadiga de participantes. Com isso, podem realizar ajustes automáticos nas configurações ou sugerir medidas profiláticas como, por exemplo, intervalos para que os participantes possam descansar seus olhos. Tais insights podem ser obtidos tanto pela imagem como pela voz, de forma que mesmo aqueles que costumam evitar a utilização de câmeras poderão ter seu estado emocional avaliado e eventual desconforto ou fadiga detectado. Vale a pena ressaltar que a tecnologia permite que a imagem do usuário seja capturada e avaliada em tempo real, com fins de otimização de sua experiência, mesmo que o usuário não deseje que sua imagem seja transmitida para os demais participantes.

É interessante notar que os potenciais de tais aplicações vão muito além de uma atuação pontual numa reunião ou aula à distância. Com uma coleta sistemática de tais informações, algoritmos de inteligência artificial podem otimizar o planejamento de reuniões, levando em conta o efeito de certos temas, tópicos, número de participantes, e horários e dias, para que se obtenha o melhor resultado possível em termos de conforto e produtividade. Assim, por exemplo, um tema mais “pesado” receberá uma recomendação de agendamento e duração em um momento em que exista uma menor probabilidade de fadiga, estresse, falta de interesse ou de atenção dos participantes.

À medida que nos aproximarmos de um período pós-pandemia, devemos adotar uma configuração híbrida em alguns tipos de trabalho, com uma retomada seletiva da interação presencial sem perdermos de vista a conveniência do ambiente digital. Assim, reuniões de trabalho que exigiriam deslocamentos com longas esperas no trânsito serão pragmaticamente reavaliadas, enquanto a própria necessidade de um trabalho presencial em todos os dias por semana já parece ser coisa do passado.

No entanto, as atuais soluções para o trabalho e ensino à distância ainda não permitem endereçar muitos tipos de demandas de interatividade em algumas atividades que exigem uma boa dose de colaboração presencial de times num mesmo ambiente físico. Tais atividades vão desde o ensino infantil, até, por exemplo, um time de engenheiros orientando a montagem de equipamentos num protótipo de um veículo autônomo antes de um teste de campo.

No contexto de uma configuração híbrida, a utilização de inteligência artificial juntamente com tecnologias imersivas como a realidade virtual e aumentada integradas à um ambiente digital colaborativo traz a promessa de uma revolução na forma como trabalhamos e estudamos. Assim, novas plataformas como a Microsoft Mesh estão surgindo para endereçar muitos dos problemas identificados durante a pandemia com o trabalho e ensino a distância. A plataforma Microsoft Mesh promete uma experiência de trabalho e colaboração inovadora para mudar a forma como faremos as interações à distância, abrindo novas possibilidades para o trabalho e o ensino remoto. Para quem não conhece a plataforma, eu recomendo que assista o vídeo de divulgação da solução. A plataforma utiliza realidade aumentada, numa plataforma colaborativa, para que alunos e trabalhadores possam interagir com seus colegas remotos de uma forma mais similar à experiência que temos presencialmente, utilizando inclusive hologramas, tal como idealizado em várias obras de ficção científica. Tal tipo de plataforma, promete aumentar a imersão e reduzir os desconfortos e a fadiga que ocorrem nos ambientes que utilizamos atualmente.

Com isto, vale a pena refletirmos sobre as inúmeras possibilidades que este novo paradigma de plataforma colaborativa viabilizará. Será que finalmente teremos uma experiência de ensino à distância quase tão rica e completa como a experiência presencial, permitindo levarmos o ensino de qualidade para todos os cantos de nosso planeta e reduzindo a desigualdade? Será que teremos uma telemedicina ainda mais rica, e, que levará o acesso aos serviços médicos de alta qualidade para todos? Será que a riqueza de tais plataformas permitirá que finalmente as barreiras geográficas tenham um efeito ainda menor em inúmeros tipos de trabalhos, integrando os diferentes povos, democratizando o acesso a oportunidades de trabalho e reduzindo as desigualdades? E como tais plataformas irão nos ajudar a tornarmos uma espécie multiplanetária?

Os desafios foram e ainda estão sendo significativos durante a pandemia. No entanto, mais uma vez podemos ver que a combinação de tecnologias exponenciais e o poder dos seres humanos de ligar os pontos estão viabilizando novas soluções, que prometem nos surpreender nos próximos anos, e, aumentar nossa resiliência para lidarmos com futuras adversidades, sejam elas na Terra ou, em breve, em Marte. Até o próximo artigo!

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Fonte: Canaltech

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