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Conheça as 10 línguas mais estranhas do mundo




Conheça as 10 línguas mais estranhas do mundo - 1

Com a globalização e internacionalização do comércio, as línguas faladas no mundo estão ficando cada vez menos diversas e mais homogêneas — quase metade de toda a população da Terra fala um dos oito idiomas mais comuns. Mesmo assim, ainda há cerca de 7.000 línguas nativas faladas e escritas, com suas peculiaridades e características únicas.

Muitas sobrevivem por conta de esforços de conservação, como o irlandês e o nheengatu, e conhecê-las pode ajudar na disseminação e valorização de cada uma. Vamos, nesta lista, olhar para 10 exemplos de línguas curiosas e fascinantes espalhadas pelo mundo.

Pirahã

O pirahã ou pirarrã é uma língua falada por algumas centenas de povos originários seminômades que habitam as margens do rio Maici, na Amazônia brasileira, e sua peculiaridade atrai bastante a atenção de linguistas. Uma característica curiosa é a baixa quantidade de consoantes — apenas oito — e vogais — somente três, o que é muito pouco em comparação com outros idiomas.


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A língua Pirahã, falada no estado brasileiro do Amazonas, está entre as mais diferentes gramaticalmente do mundo (Imagem: DanielAcosta2d/Pixabay)
A língua Pirahã, falada no estado brasileiro do Amazonas, está entre as mais diferentes gramaticalmente do mundo (Imagem: DanielAcosta2d/Pixabay)

Para se expressar com tão pouco, os falantes usam diferentes tons de voz, que são tão importantes quanto vogais e consoantes. Há línguas tonais pelo mundo, como vietnamita e chinês, mas os falantes de pirahã vão além. A palavra para amigo e inimigo, por exemplo, é a “mesma”, mas o tom dita sua interpretação. Não há palavras para definir cores, apenas “claro” e “escuro”, e nem números, existindo apenas “pouco” e “muito”, e noções de tempo só existem no presente.

Basco

A língua basca, chamada pelos falantes de Euskara, é uma das mais diferentes de toda a Europa, sobrevivendo no País Basco, região espanhola na sessão oeste dos montes Pirineus, próxima da fronteira com a França. Ela vem de uma família linguística totalmente diferente de qualquer outra língua, não sendo relacionada com o indo-europeu, onde entram desde o português e o russo até o hindu e o norueguês.

O basco é, na verdade, mais antigo do que todos esses idiomas, sendo possivelmente o mais antigo ainda falado no continente europeu. Ele conseguiu se manter majoritariamente intocado pelas línguas circundantes apesar de seu isolamento, e, dos 2,2 milhões de habitantes do País Basco, cerca de ⅓ fala o idioma. A maioria da população usa francês ou espanhol no dia-a-dia, mas, para quem só fala essas duas línguas, no entanto, o basco é praticamente ininteligível.

Silbo Gomero

Falando em sons curiosos, a silbo gomero é uma língua composta unicamente por assobios usada por habitantes de La Gomera, nas Ilhas Canárias, que fazem parte da Espanha. Significando “silvos (assobios) de Gomera”, essa maneira de se comunicar é útil para passar mensagens por longas distâncias através das ravinas profundas e vales estreitos da ilha. Com assobios, o som viaja muito mais longe e com bem menos esforço do que com gritos, e ainda pode facilitar a comunicação pública de informações.

Os sons são feitos ao colocar um ou mais dedos na boca para soltar silvos curtos, agudos e levemente melódicos, e o que parece simples pode ser usado para comunicar uma quantidade impressionante de informação se expresso por falantes habilidosos. A questão é que esse “idioma” é usado apenas em contextos específicos, e ninguém jamais considerou que fosse sua língua materna, por exemplo. Cerca de 20.000 pessoas na ilha de La Gomera entendem ao menos parte da língua.

Taa (!Xóõ)

Sim, o nome do idioma é esse mesmo! o taa (!xóõ) é um dos poucos dialetos africanos que usa sons de estalo na hora de falar. Ele é, na verdade, o mais complexo deles — há 160 fonemas (unidades de som de uma língua), sendo que 110 deles incluem sons estalados. A média de sons distintos na fala de qualquer língua do mundo fica entre 25 e 30. Essa língua é bastante obscura atualmente, sendo falada por apenas 3.000 pessoas em partes de Botsuana e da Namíbia. Ouça:

Pormpuraaw

A língua pormpuraaw é falada por uma comunidade aborígene da região atual de Queensland, na Austrália, e seu aspecto único é nas direções. Nela, não há palavras para “esquerda” ou “direita, e são utilizados os conceitos de “norte”, “sul”, “leste” e “oeste” para expressá-las.

Seu fluxo de tempo é afetado de forma curiosa por conta disso — quando alguém está virado para o sul, o tempo flui da esquerda para a direita, mas, virado para o norte, o tempo passa a seguir da direita para a esquerda. Similarmente, quando se está virado para o leste, o tempo vem em direção ao corpo, e quando se está virado para o oeste, o tempo se afasta do corpo.

Nüshu

Essa linguagem é muito particular por ser compreendida apenas por mulheres. Nüshu foi criada há cerca de 400 anos por mulheres da etnia Yao, no condado de Jiangyong, no sul da China, para se comunicar sem que os homens entendessem. Em tradução livre, “nüshu” significa “escrita das mulheres”, e é a única no mundo desenhada e usada exclusivamente pelo gênero feminino.

Segundo a especialista Zhao Liming, da Universidade Tsinghua de Beijing que estuda o idioma há décadas, ele era usado para contar histórias, confortar uma a outra, expressar tristezas e admiração. O conteúdo dos escritos nüshu vêm da vida cotidiana das mulheres, com assuntos como casamento, família, interações sociais, anedotas, músicas e charadas.

Museu dedicado ao sistema de escrita Nüshu, exclusivo para mulheres — as palavras da foto estão escritas nele (Imagem: Bustamante.tung/CC-BY-4.0)tion
Museu dedicado ao sistema de escrita Nüshu, exclusivo para mulheres — as palavras da foto estão escritas nele (Imagem: Bustamante.tung/CC-BY-4.0)tion

Há muitos costumes populares no idioma, e seu estudo é muito importante para a linguística, gramatologia, arqueologia, antropologia e outras ciências sociais, segundo Zhao. Embora o sistema de escrita tenha se extinguido no século XX, há tentativas de revivê-lo nos dias atuais.

Mixteca (Chalcatongo)

Cálculos computacionais também ajudam na ciência da linguagem. Cientistas do Atlas Mundial das Estruturas Linguísticas usaram dados para descobrir qual língua teria o maior número de características diferentes dos outros idiomas pelo mundo, chegando ao Mixteca — mais especificamente, a variedade Chalcatongo, falada por apenas 6.000 pessoas do povo indígena mixteca, que vive no território do México.

Além de usar um sistema tonal, essa linguagem tem vários sons curiosos, como muitas paradas glotais, conjugações verbais complexas e várias categorias diferentes de substantivo, o que complica o entendimento por falantes de outras línguas. Uma das características mais únicas é a ausência de distinção entre perguntas e afirmações — “você está bem?” e “você está bem!” são frases exatamente iguais, sem distinção nem mesmo na hora de falar, com outras questões contextuais expressando a intenção.

Esperanto

Diferente dos outros idiomas da lista, o esperanto foi artificialmente criado no final do século XIX como uma tentativa de segunda língua universal para a comunicação internacional de pessoas. O objetivo foi o de torná-la neutra e fácil de aprender, com vocabulário vindo de várias línguas europeias. Uma saudação, por exemplo, é feita com a palavra “saluton”, e um agradecimento, com a palavra “dankon” (vinda de “danke”, em alemão).

Durante o século XX, a língua recebeu uma quantidade razoável de atenção, mas o conceito não pegou o suficiente para que atingisse o status de língua franca universal. Atualmente, há menos de 2 milhões de falantes, mas a maioria das pessoas sequer sabe de sua existência.

Nós Incas (Quipu)

O Quipu não é, em termos técnicos, uma língua, mas é considerado por muitos como um sistema de escrita. A forma de expressar linguagem é feita com uma série de cordões coloridos com nós amarrados por toda a sua extensão, com cada ponto correspondendo a uma informação numérica.

A eficiência do método faz com que seja conhecido como “Nós Falantes”, e ele era utilizado majoritariamente pelos incas do passado para comunicar quantidades enormes de informação, já que não havia uma escrita para a civilização. Assim como um ábaco, o Quipu era usado para documentar números, registrando impostos, censos populacionais e organização militar. Alguns especialistas acreditam que o sistema também tenha sido usado para guardar histórias, mitos e canções.

Os quipus eram um sistema bastante avançado de contagem usado pelos incas, que talvez até mesmo contavam histórias com ele (Imagem: Pi3.124/CC-BY-S.A-4.0)
Os quipus eram um sistema bastante avançado de contagem usado pelos incas, que talvez até mesmo contavam histórias com ele (Imagem: Pi3.124/CC-BY-S.A-4.0)

Inglês

Acredite se quiser, o inglês também pode ser considerado uma língua curiosa e diferenciada! Apesar de estar entre as mais faladas, há uma série de curiosidades sobre o idioma anglo-saxão. A grande diferença entre a maneira de escrever e de falar o inglês, surgida da evolução na pronúncia ao longo dos séculos, torna ela muitas vezes complexa de se escrever para estrangeiros e até mesmo para nativos. Competições de soletrar podem ser especialmente difíceis no inglês.

A língua também possui cerca de 44 fonemas, mais do que a média, que fica entre 25 e 30. Muitos sons consonantais são incomuns, como o “th” das palavras “bath” e “bathe”, que está presente em menos de 10 línguas por todo o mundo. Além disso, várias bizarrices gramaticais estão presentes no idioma.

Um exemplo é a frase “Buffalo buffalo Buffalo buffalo buffalo buffalo Buffalo buffalo”, que faz perfeito sentido, já que buffalo pode significar tanto um bisão quanto a cidade do estado de Nova York, ou ainda uma expressão com o significado de confundir ou intimidar alguém. Em português, seria “Um bisão de Buffalo, que um bisão de Buffalo intimida, intimida um bisão de Buffalo”.

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Fonte: Canaltech

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