Comportamento

Recife inaugura Centro de Documentação Dom Helder Câmara

.

A cidade do Recife ganhou um novo espaço de memória que preserva o legado de um homem que, além da vida sacerdotal, teve papel de destaque na política, na educação e na luta por direitos trabalhistas no Brasil: Dom Helder Câmara. O Centro de Documentação Dom Helder Câmara, localizado no bairro da Boa Vista, no Edifício Arquiteto Zildo Sena Caldas, ao lado da Igreja das Fronteiras, foi inaugurado neste fim de semana.

O local reúne mais de 200 mil páginas de manuscritos, 18 mil imagens, além de livros, vídeos, correspondências e documentos históricos ligados ao religioso. Esse acervo estava sob a guarda da Universidade Católica de Pernambuco desde 2020, após a antiga sede ser invadida e vandalizada. A manutenção do acervo e as atividades na nova sede estão garantidas por meio de uma parceria entre a Prefeitura do Recife e o Instituto Dom Helder Câmara, transformando o espaço também em um ponto de pesquisa e visitação pública.

Além da atuação religiosa, Dom Helder foi educador, liderança sindical e opositor da ditadura militar, como lembrou o prefeito do Recife, João Campos.

“O Instituto Dom Helder, ele representa uma preservação da memória de Dom Helder, um acervo muito grande, que é parte da história do Recife. A luta de moradia no Recife passou por Don Helder Câmara, a luta pela defesa da democracia brasileira, contra a ditadura militar, passou por Don Helder Câmara. E a formação de uma escola humanista, onde, independente inclusive da crença, que a gente possa semear o bem, semear a paz. Cultivar Dom Helder é fazer bem ao Recife.”

Dom Helder foi um dos fundadores da CNBB — a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil —, que teve papel importante no enfrentamento ao regime militar. Foi durante a ditadura, em 1964, que assumiu como arcebispo de Recife e Olinda, cargo que ocupou até meados da década de 1980. De acordo com registros históricos, foi indicado algumas vezes ao Prêmio Nobel da Paz nos anos 1970, por sua atuação em defesa dos direitos humanos, especialmente contra a tortura e a repressão do regime. A partir do AI-5, em 1968, a imprensa foi proibida de entrevistá-lo.

Segundo a Comissão Estadual da Memória e Verdade de Pernambuco, que leva o nome de Dom Helder, o governo da época atuou para impedir que ele recebesse o prêmio, em uma das indicações feitas em 1972.


Madson Euler – Repórter da Rádio Nacional , .

Fonte: Agencia brasil EBC..

Mon, 22 Sep 2025 11:59:00 -0300