No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta segunda-feira (20), é preciso lembrar que o racismo impacta a vida de pessoas de diferentes formas, afetando até mesmo a saúde. Segundo estudo da Universidade de Boston, nos EUA, episódios de racismo aumentam o risco de uma mulher negra sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral.
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Conhecida como Black Women’s Health Study (BWHS), a pesquisa revela que mulheres negras que sofreram racismo no emprego, nas interações com a polícia ou mesmo no ambiente familiar têm um risco 38% maior de ter um AVC em comparação com as mulheres negras que não perceberam ter sofrido racismo. Os dados foram descritos na revista JAMA.
Relação entre racismo e AVC
No estudo sobre o impacto do racismo nos casos de AVC entre mulheres, os pesquisadores acompanharam 48,3 mil mulheres negras dos EUA, entre os anos de 1997 e 2019. Nenhuma delas tinha doenças cardiovasculares ou câncer no início do acompanhamento. Só que, nesse intervalo de 22 anos, foram identificados 1,6 mil casos de derrames.
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Nas análises, “as mulheres negras que relataram experiências de racismo interpessoal em situações que envolviam emprego, habitação e interações com a polícia pareciam ter um risco aumentado de AVC”, pontuam os pesquisadores.
Negros e doenças cardiovasculares
Segundo o Office of Minority Health (OMH), do governo norte-americano, os adultos negros já têm um risco aumentado para o AVC, desconsiderando o impacto do racismo. Por exemplo, os afro-americanos têm 50% mais probabilidade de sofrer um derrame em comparação com adultos brancos. Em especial, as mulheres negras têm duas vezes mais probabilidade de sofrer um AVC do que as mulheres brancas não-hispânicas.
Em relação aos óbitos, o risco de um homem negro norte-americano morrer após um caso de AVC é 70% maior quando comparado ao de um branco não-hispânico.
E no Brasil?
No caso brasileiro, essa discrepância nas mortes relacionadas aos derrames também pode ser observada, segundo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na Revista Saúde Pública.
“A mortalidade pela doença cerebrovascular no Brasil mostra nítida diferença entre brancos, pardos e negros, com carga mais elevada entre negros de ambos os gêneros, seguida pelos pardos”, afirmam os autores.
Embora a morte seja o pior desfecho para um caso de AVC, o paciente que sobrevive pode apresentar sequelas duradouras do episódio, como dificuldades para engolir ou enxergar, distúrbios de coordenação, perda (parcial ou total) na capacidade de fala e redução da função cognitiva. A reabilitação é fundamental para reduzir ao máximo essas complicações.
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Fonte: Canaltech