Diversão

Celebrações carnavalescas podem não agradar a todos, mas são muito bem-vindas para o Brasil

Em muitos aspectos, o Brasil acaba sendo um país bastante peculiar. Suas dimensões continentais, com estados e até mesmo cidades cujas extensões territoriais e populações são maiores do que as de países inteiros, são apenas uma dessas características que podem ser consideradas únicas. As vastas fauna e flora, com diversos ecossistemas que, mesmo tendo perdido território para os avanços urbanos, ainda conseguem sobreviver graças aos esforços de organizações governamentais e privadas que protegem tais espaços e também, é claro, a sua gente são outros dois aspectos que fazem do Brasil um lugar especial.

O “caldeirão cultural” que forma o nosso território desde o princípio talvez também seja uma das razões pela qual as misturas de raça, credo e religião se façam tão predominantes no Brasil. Tal diversidade é dificilmente encontrada em outros países, e foi esse aspecto um dos grandes responsáveis por elevar o país da América do Sul para a condição de potência regional e de protagonista no palco mundial após ter passado séculos como mero provedor de “riquezas da terra” para o resto do mundo.

Esse nível de potência que se demonstra no Brasil dentro dos âmbitos político e econômico acaba sendo refletido no campo cultural, outro aspecto em que o país se destaca como único, uma vez que as “misturas” aqui presentes acabaram servindo como catalisadoras para a qualidade, a diversidade e a propagação de gêneros musicais, livros, filmes e tantas outras obras que influenciam gerações inteiras tanto dentro do país quanto lá fora.

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Uma das manifestações mais claras desse caldo cultural é o Carnaval. A festividade chegou ao Brasil por meio dos colonizadores portugueses que instauraram aqui as tradições vindas da liturgia católica, que incluíam celebrações de missas e as épocas de celebração a santos e eventos históricos ligados à religião. Entre a liturgia, encontrava-se o Carnaval, cuja palavra de origem no latim (carne levare) significa “adeus à carne”.

O período festivo que dava chance ao povo brasileiro de reverter, dentro de um espaço de menos de uma semana, as morais e os costumes que regiam suas vidas acabou se tornando a “maior festa do mundo”. Hoje o Carnaval é atrativo para milhões de turistas que visitam o Brasil para aproveitar os mais diferentes tipos de celebração que ocorrem pelo país. Os olhos internacionais, além de fitarem o Carnaval por meio do setor de turismo, acabam também usando os elementos visuais da celebração para ilustrar mídias como shows de televisão, documentários, filmes e até mesmo jogos de cassino online.

Principalmente no Rio de Janeiro, o Carnaval se destaca por ser uma festa altamente democratizante. Em cidades como o Rio, cujas classes sociais ficam muitas vezes divididas por barreiras físicas e não físicas, o período curto de tempo em fevereiro ou março apaga momentaneamente essa divisão, unindo todos os tipos de gente e deixando de lado preconceitos.

Obviamente, a celebração não necessariamente agrada a todos os brasileiros. Manobras de “fuga da festa”, desde viajar para lugares em que o Carnaval não tem muita tradição até medidas governamentais para limitar a escala e o escopo da celebração, são situações que acontecem desde que a a festa começou a se firmar.

O Carnaval, entretanto, continua a resistir, e isso é algo que é bom para a nossa economia ainda em recuperação, que aproveita ao máximo o fluxo de visitantes vindos de outras partes do mundo que deixam no Brasil um dinheiro muito bem-vindo. Além do aspecto econômico, a manutenção dessa tradição também é positiva para a nossa gente, que ainda passa pelos perrengues da vida, mas que tem a chance de deixar de lado, nem que por apenas alguns dias, os estresses cotidianos.