Não faltam histórias de cirurgias plásticas que tiveram graves consequências, e é o caso da modelo e influencer Mariana Michelini, que teve seu lábio superior removido após um caso de preenchimento que danificou os tecidos por conta do uso de um material não-convencional: o PMMA (polimetilmetacrilato), substância plástica que não é reabsorvível pelo organismo.
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Tudo começou em 2020, quando a influencer fez uma parceria com uma clínica, onde fez preenchimento nos lábios, no queixo e na região das maçãs do rosto. Na época, Mariana ficou satisfeita com o resultado, e as consequências só surgiram no ano seguinte.
No relato publicado em suas redes sociais, a modelo conta que acordou com os lábios e queixo inchados, vermelhos e com muitas dores. Frequentou dermatologistas e percebeu que na verdade o preenchimento não tinha sido feito com ácido hialurônico, como ela pensava.-
O tratamento começou com a retirada de pequenas partes do produto e a aplicação de laser na região para diminuir o inchaço, além da prescrição de corticides e antibióticos. Mas em 2022, o PMMA migrou para a região do buço.
Por causa disso, foi necessária a remoção do lábio superior e do buço, porque o PMMA já tinha afetado muito os tecidos. O médico também retirou o PMMA do queixo e colocou um enxerto de pele, que tirou da parte de trás da orelha da paciente. Veja o relato:
Depois disso, Mariana começou a fazer alguns tratamentos para a reconstrução do lábio. No último mês de dezembro, aconteceu a primeira etapa do procedimento, por meio de uma técnica chamada Abbe, que tirou um triângulo do lábio inferior e o costurou na pele do buço para reconstruir o lábio superior.
A luta continua: Mariana agora aguarda para fazer com ele outras cirurgias que vão terminar de reconstituir o lábio superior.
Preenchimentos com PMMA
Wendell Uguetto — cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Hospital Albert Einstein — explica ao Canaltech que o polimetilmetacrilato é liberado pela Anvisa e regulamentado para pequenas áreas, para preenchimento de face em pacientes com HIV que tomavam antirretrovirais e tinham alguma atrofia na face (lipodistrofia).
Principais riscos dos procedimentos com PMMA
Conforme diz o cirurgião, o principal problema da substância é que ela é inabsorvível. “Quando o polímero é inserido no local, vai ficar ali para sempre. O problema é que ele pode migrar de área, e se você tem uma infecção nesse local, é difícil de retirar esse produto”, afirma.
“A região fica infectada ou colonizada perpetuamente. Os antibióticos não chegam até ali e no caso da Mariana Michelini, como houve um preenchimento da substância dentro de um vaso sanguíneo, entupiu uma artéria e atrapalhou a vascularização”, comenta o especialista.
PMMA ou ácido hialurônico?
O PMMA tem um custo muito menor, em comparação com o ácido hialurônico, e como relembra o cirurgião, a grande diferença é que esse ácido pode ser absorvido.
“Depois de seis meses, o produto não está mais lá. Tudo bem que todo mundo deseja o tratamento que tenha mais longevidade, mas a questão é que se tem infecção no ácido hialurônico, esse ácido já é degradado. Se fez a injeção intravascular e gerou uma necrose, é possível dissolver”, esclarece o profissional.
Então, na prática, o preenchimento com ácido hialurônico exige uma repetição periódica (dentro de seis meses a dois anos, dependendo do caso), então sai mais caro que o PMMA, mas é considerado como um método mais seguro e adequado.
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Fonte: Canaltech