Gastronomia & Receitas

Descubra o Segredo por Trás das Fraudes no Azeite e Saiba Escolher a Opção Mais Saudável no Supermercado! ▌

Publicidade



Imagem de Jill Wellington por Pixabay

 

O azeite de oliva, ao lado das carnes e dos lácteos, está entre os alimentos mais fraudados no Brasil e no mundo. O alto valor agregado, a escassez do produto e os preços elevados criam uma oportunidade perfeita para empresas adulterarem o azeite e ampliarem sua margem de lucro.

Para evitar essas fraudes, especialistas recomendam que os consumidores leiam atentamente os rótulos e priorizem azeites fabricados e envasados no mesmo local há menos de seis meses. Neste artigo, você entenderá os motivos por trás dessas recomendações e obterá informações relevantes sobre o tema.

Operações realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revelaram o impacto das fraudes. Em dezembro de 2021, uma operação desarticulou uma rede de fraudadores que atuava em todo o país, resultando na apreensão de mais de 150 mil garrafas e na proibição da venda de 24 marcas de azeite.

Investigações anteriores observaram que entre 40% e 60% dos lotes de azeites analisados não atendiam aos padrões de qualidade.

A associação Proteste acompanha o setor desde 2002 e realizou nove rodadas de testes ao longo dos anos. Na primeira rodada, em 2002, cinco das 15 marcas avaliadas estavam fora do padrão. Em 2019, cinco das 50 opções investigadas também eram fraudulentas.

Esses dados são importantes considerando o protagonismo do azeite na mesa dos brasileiros. O país é o segundo maior importador de azeite no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Em 2019/20, foram importadas 104 toneladas de azeite, um aumento em relação às 67 toneladas da safra 2014/15, de acordo com relatórios do Conselho Oleícola Internacional (COI).

Embora o consumo de óleos adulterados não represente uma ameaça direta à saúde, especialistas e associações criticam a enganação aos consumidores. Ao comprar um azeite de oliva, eles esperam adquirir um produto associado a benefícios alimentares, mas acabam levando um óleo barato com outra composição de nutrientes.

No passado, foram identificados casos raros de azeites adulterados com óleo velho de motor de carro. Essa adulteração era extremamente grave, pois os produtores escureciam o produto para que ele parecesse mais com o azeite verdadeiro.

Mas por que o azeite é um alvo fácil para fraudes? Como evitar armadilhas no supermercado? E como escolher o melhor tipo de azeite e aproveitá-lo ao máximo tanto para a saúde quanto para a culinária?

Para entender as razões por trás das fraudes, é importante conhecer os tipos de azeite e como eles são obtidos.

O azeite é dividido em quatro categorias: extravirgem, virgem, tipo único e lampante.

O extravirgem é produzido apenas por processos mecânicos, sem adição de produtos químicos ou alteração de calor. É obtido a partir de azeitonas colhidas no momento ideal e passa por maceração e prensagem em temperatura ambiente. Esse óleo passa por processos para retirar impurezas e é engarrafado puro. A legislação estabelece que o extravirgem deve ter uma acidez abaixo de 0,8%.

No azeite virgem, a taxa de acidez varia de 0,8% a 2%. Nesse tipo, podem ocorrer pequenos problemas nos processos, como fermentação das azeitonas, que causam alterações nos componentes principais do azeite e modificam sua acidez.

O lampante é um óleo obtido a partir de azeitonas muito fermentadas ou machucadas, com acidez acima de 2%. Esse tipo de azeite tem aspecto rançoso e sabor forte e desagradável, sendo impróprio para consumo humano. Muitas vezes, é utilizado como combustível.

O tipo único é obtido por meio da refinação do lampante e de processos químicos. Depois, é misturado com o azeite virgem antes de ser envasado e vendido.

Um dos fatores que facilitam as fraudes está relacionado às classificações do azeite. Embora existam testes laboratoriais padronizados para determinar se um azeite é extravirgem ou virgem, os tipos mais nobres, a avaliação sensorial realizada por especialistas é crucial.

No Brasil, ainda estamos nos primeiros passos nessa área em comparação com países produtores como Espanha, Portugal e Grécia, onde o sistema de avaliação é bem padronizado.

A adulteração mais simples ocorre quando o sumo da azeitona é diluído em óleos mais baratos, como o de soja. Esses óleos são muito semelhantes e se misturam facilmente, enganando o consumidor. No entanto, as fraudes estão se tornando cada vez mais complexas e elaboradas, com misturas de azeites de várias classificações e até mesmo o uso de azeite lampante puro em alguns produtos.

Essas misturas são vendidas como azeites extravirgens, que são os mais valorizados e geralmente têm um preço mais alto. O objetivo é diluir o produto original, que é o sumo nobre das azeitonas, com óleos baratos de menor valor agregado para ampliar a margem de lucro.

Em relação à saúde, os especialistas afirmam que o consumo desses óleos adulterados não representa um perigo imediato. No entanto, o maior problema está na perda dos compostos benéficos presentes no sumo das azeitonas, muitas vezes sem que as pessoas percebam.

O azeite é conhecido como “ouro líquido” por conter componentes saudáveis como ácido oleico, antioxidantes e compostos fenólicos. Esses compostos têm propriedades anti-inflamatórias, antifúngicas e antioxidantes. O azeite faz parte da dieta mediterrânea, considerada uma das mais saudáveis do mundo.

O consumo adequado de gorduras boas, como as monoinsaturadas e poliinsaturadas presentes no azeite e em outros óleos, pode aumentar o colesterol bom (HDL) e proteger o sistema cardiovascular. Além disso, essas gorduras estão associadas à redução do risco de diabetes tipo 2 e doença de Alzheimer.

Os especialistas recomendam que as gorduras representem até 35% do valor calórico total da dieta. Priorizar o consumo de azeite e outros óleos saudáveis pode permitir a redução do consumo de carnes, que são ricas em gorduras saturadas associadas ao aumento do colesterol ruim (LDL) e problemas cardíacos.

No entanto, é importante ter em mente que uma dieta saudável é equilibrada e depende da combinação de vários nutrientes. O consumo adequado de azeite deve ser determinado por um profissional de saúde especializado, como um nutricionista.

Também é recomendado diversificar o uso de óleos na alimentação, não dependendo exclusivamente do azeite de oliva. Óleos como soja, canola, girassol, gergelim, castanha-do-pará e semente de linhaça também são fontes de gorduras boas e outros nutrientes complementares.

Além das questões relacionadas à saúde, o uso do azeite no preparo de receitas ajuda a preservar os nutrientes dos outros ingredientes. Estudos mostram que cozinhar com azeite extravirgem ajuda a conservar os nutrientes dos alimentos durante o processo de preparação.

Embora seja importante considerar o preço elevado do azeite no Brasil, que limita seu uso em grandes quantidades, cada tipo de azeite pode ser empregado para uma preparação específica. O extravirgem é indicado para temperar saladas e finalizar pratos já preparados, garantindo a preservação dos nutrientes por mais tempo. O azeite virgem, que passou por temperaturas um pouco mais elevadas durante o processo de fabricação, é mais adequado para receitas que vão ao fogão ou forno.

Ao escolher um azeite no supermercado, é importante observar alguns fatores. Dê preferência aos azeites produzidos e envasados no local de origem, pois há menor risco de adulteração nessas condições. Desconfie de preços muito abaixo da média, pois quase 100% do azeite consumido no Brasil é importado. Verifique a data de fabricação e opte por opções produzidas há menos de seis meses, pois o azeite vai perdendo seus compostos benéficos ao longo do tempo. Mantenha os frascos tampados, em locais secos e escuros, e evite trocar de recipiente, pois o contato direto com luz e oxigênio degrada os nutrientes.

Fique atento às avaliações feitas por órgãos como o Mapa, Anvisa e Proteste para saber quais marcas não atenderam aos testes de qualidade e apresentaram fraudes recentemente.

Seguindo essas orientações, você poderá escolher um azeite de qualidade e aproveitar todos os benefícios que ele oferece para a saúde e culinária.

Continua após a publicidade..