Na segunda partida da Copa neste domingo (24), depois de estar em vantagem no placar duas vezes, Senegal sofreu, aos 32 minutos do segundo temp,o o gol que definiu o empate por 2 a 2 com o Japão. O resultado, porém, não desanimou a torcida senegalesa.
Com 4 pontos no Grupo H, a seleção do Senegal depende só de si mesma para avançar às oitavas de final. Por essa razão, cerca de 60 senegaleses reunidos em um quiosque em Copacabana demonstravam confiança após assistirem à partida com muita música e animação. São moradores de diversos bairros da capital fluminense.
“Como imaginar que a África pode ser campeã sendo conduzida pela cabeça dos outros? Quando entramos em campo, há toda uma questão de representatividade, de superação, da importância de mostrarmos nossa identidade. Quem somos e quais valores que defendemos? A Copa de Mundo é uma grande oportunidade. Metade da população mundial viu hoje pela televisão o Senegal jogando bola, liderado por um treinador senegalês. Ganhando ou perdendo, é melhor que seja dessa forma”, afirmou.
Comunidade
A população senegalesa no Brasil não é pequena e vem crescendo nos últimos anos. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, entre 2000 e 2014, foram assinadas 4.096 carteiras de senegaleses residindo no Brasil. No entanto, o número de imigrantes é bem maior, pois muitos são absorvidos pelo mercado informal, o que dificulta a elaboração de estatísticas. O último relatório Refúgio em Números, divulgado em abril pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), mostra que no ano passado 1.221 senegaleses pediram reconhecimento da condição de refugiado, o que representa 4% do total de pedidos e deixa a nacionalidade na sexta posição.
No Rio de Janeiro, eles cultivam um senso de comunidade e buscam criar um ambiente propício para a inclusão dos compatriotas que chegam ao país. Por meio das redes sociais, são organizados encontros, assim como ocorreu com a mobilização para assistir ao jogo de hoje. Os torcedores, muitos vestidos com roupas típicas nas cores da bandeira do país, cantavam músicas locais e também algumas em português, como o refrão: “Eu sou Senegal, com muito orgulho, com muito amor”.
O carinho com o Brasil se manifesta na expectativa de uma final inédita, já que nunca uma seleção africana chegou à decisão da Copa do Mundo. “Os brasileiros nos receberam muito bem. São muito legais. Queremos chegar à final com o Brasil. Seria especial”, diz a empresária Sokhna Ndiaye, esposa de Mamour.
Segunda vez
Senegal participa de um Mundial pela segunda vez. Na primeira, em 2002, a seleção surpreendeu e chegou às quartas de final, quando foi eliminada pela Turquia por um placar apertado de 1 a 0. Desta vez, os torcedores estão confiantes em ir mais longe e contam com a liderança do atacante Sadio Mané, que, junto com o egípcio Mohamed Salah e o brasileiro Roberto Firmino, levou o Liverpool à final da Liga dos Campeões da Europa neste ano.