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Brescia podia ter ‘abraçado’ Balotelli, mas optou por transformá-lo em vilão




Brescia podia ter 'abraçado' Balotelli, mas optou por transformá-lo em vilão - 1

​Inversão total de valores. O futebol italiano, através de seus gestores, dirigentes e torcedores, tem dado uma aula de como NÃO se agir diante de um mal estrutural enraizado. As denúncias de racismo se acumulam no país, mas a questão continua sendo tratada de maneira superficial e, por vezes até jocosa, sempre com a vítima sendo descredibilizada. Esse é o exato caso de ​Mario Balotelli, que experimenta o isolamento e o status de ‘vilão’ após ter reagido contra os insultos racistas deflagrados pela torcida do Hellas Verona.

 

​​Na ocasião, o atacante foi convencido por seus companheiros a permanecer no campo durante a partida em que sofreu injúria racial. O primeiro erro já está aí, pois era momento de seus colegas de equipe se unirem à Balotelli e recusarem permanecer em campo. Em seguida, ultras do Hellas Verona e do próprio Brescia, seu clube, se manifestaram em tom de repúdio à atitude do jogador. Por fim, a gota d’água veio nesta segunda-feira (25), quando o presidente do Brescia, Massimo Cellino, utilizou de uma expressão racista para se referir à Balotelli: ‘É negro, o que devo dizer? Está trabalhando para se clarear, mas encontra dificuldades’, disse.

 

 

​​No início da temporada, Mario Balotelli decidiu retornar ao Brescia, clube que o revelou, na tentativa de reencontrar seu bom futebol justamente no lugar onde tudo começou. Propostas bem mais vantajosas financeiramente ​como a do Flamengo foram rechaçadas pelo atacante, por sua identificação com o clube biancazzurri. Como retorno ao gesto, o Brescia não só tem dado as costas às denúncias do atacante, como tem sido mais uma voz, dentre as tantas no país, de desprezo ao combate aos preconceitos.

Seguir no clube e continuar lutando para que sua voz seja ouvida ou buscar um novo rumo, em um lugar que o trate com respeito? Qualquer decisão que o camisa 45 tomar será justa, pois só ele é capaz de saber e sentir a dimensão do vive diariamente ao vestir a camisa do Brescia e encarar todos esses ‘algozes’. Uma coisa, no entanto, é certa: o futebol italiano é racista e continuará sendo por muito tempo, com a aprovação e blindagem de dirigentes, federações e demais autoridades locais.

 

Mario Balotelli

 

Fonte: 90min

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