Em 2017, Fábio Carille levava o Corinthians à conquista do sétimo Campeonato Brasileiro da história do clube. Também nesse ano, começavam boatos, que mais tarde se confirmariam, de que o técnico havia recebido propostas para treinar o Al Wehda, na Arábia Saudita.
Pela quantia oferecida a Carille, poucas pessoas recusariam a proposta. Ele, claro, não recusou. Mas voltou antes do previsto: depois de uma campanha sem sucessos em 2018, a diretoria do Timão, anunciou que o treinador voltaria para a temporada de 2019. Porém, o clube paulista não vive seus melhores momentos sob o comando do técnico.
Na atual temporada, só sobrou para o Timão disputar o Brasileirão, e mesmo assim, o sonho do título não parece estar próximo: são 11 pontos atrás do Flamengo, atual líder. Entretanto, Carille tem o dever de levar a equipe, pelo menos, a se classificar para a Libertadores do ano que vem. Caso isso não aconteça, e seja necessário jogar a Pré-Libertadores, o técnico pode perder o comando do time.
A química que Carille nutriu em 2017 com seus jogadores, hoje, já não é notada com mais tanta frequência. A relação com o presidente Andrés Sanchez também parece estremecida, após derrotas ou empates que custaram – e muito – nas campanhas deste ano. Perder pontos para times que estão flertando com o rebaixamento não é postura de um clube com o histórico do Corinthians. A torcida sabe, e cobra.
A eliminação nas oitavas da Copa do Brasil e na semifinal da Copa Sul-Americana não foram derrotas bem digeridas. A torcida sabia que o time poderia ter ido mais longe, mas por uma série de motivos, não foi. As substituições durante os jogos têm sido problemáticas: frequentemente, o treinador tem feito trocas que não correspondem com a estratégia do time, ou seja, ao invés de pensar ofensivamente, Carille tem feito trocas que deixam o time na defensiva, o que regularmente não funciona.
O treinador também tem pecado em não definir um time titular, ou até mesmo, não aproveitar peças que podem fazer a diferença para as pretensões do clube. O atacante Boselli, por exemplo, poderia muito bem frequentar mais o plantel de jogadores utilizado por Fábio, mas é raro ver o argentino em campo.
segunda vez que o boselli sai recebendo aplausos da fiel na arena corinthians e choca fabio carille que n consegue queimar o argentino de jeito nenhum
— 풌풂풓풊풏풆 ˢᶜᶜᵖ (@firesmokwr) 29 de setembro de 2019
Os atritos extra campo também valem a pena ser mencionados. É cada vez mais comum ver o técnico agir de forma ríspida nas coletivas de imprensa, ou ainda tendo discussões com jogadores do time, como foi o caso de Pedrinho e Mateus Vital.
Problema do Corinthians foi o elenco que o Carille montou. Acredito que ele tinha uma ideia diferente de modelo de jogo, mas por pressão lá no início da temporada abandonou essa possibilidade e se apegou a ser competitivo apenas. Ele espera um time mas os jogadores não encaixam.
— Giselle Andreolla ✊ (@andreolla77) October 2, 2019
Entretanto, Fábio Carille vem melhorando nos últimos jogos. Suas estratégias têm combinado mais com o estilo de jogo do Corinthians: o time está visivelmente mais ofensivo e equilibrado coletivamente. Apesar de a Arena Corinthians ter sido palco de farpas e discussões calorosas, parece que aos poucos, as coisas se ajeitam. A parte boa é que os torcedores podem ver finalmente um time sincronizado dentro e fora de campo. A parte ruim, é que a boa só aconteceu quando o único torneio que restou foi o Brasileiro. E agora pode ser um pouco tarde.
O histórico de Carille pode e deve favorecer sua presença para os planos de 2020. Afinal, além do Brasileirão de 2017, são três campeonatos paulistas como treinador do Timão. Mas vale ressaltar que a classificação do clube paulista para a Libertadores é crucial para o treinador. Caso o time não consiga, dificilmente ele estará nos planos para a próxima temporada.
Fonte: 90min