Futebol

Incivilidade: usar tragédia como provocação esportiva beira a barbárie




Incivilidade: usar tragédia como provocação esportiva beira a barbárie - 1

​Na noite da última quarta-feira (29), ​Flamengo e ​Fluminense se enfrentaram no Maracanã pela quarta rodada do Campeonato Carioca 2020. Atual campeão, o Rubro-Negro manteve seu time de garotos para o clássico, enquanto o Tricolor enviou a campo uma formação mais próxima do que pensa como ‘equipe ideal’, mas também com desfalques. A partida foi parelha e terminou 1 a 0 para o clube das Laranjeiras, graças a um golaço de Nenê. Mas o grande gol contra do duelo veio de uma ala das arquibancadas tricolores.

Durante a partida, uma parte da torcida do Fluminense entoou o grito de ‘time assassino!’ para o arquirrival, em alusão ao incêndio de fevereiro de 2019 que vitimou fatalmente 10 atletas das categorias de base rubro-negras. Independente dos questionamentos (pertinentes) em torno da atuação institucional do Flamengo diante do caso – é possível debater sobre a forma como o clube da Gávea vem lidando com as indenizações e sobreviventes -, jamais será de bom tom utilizar mortes como provocação esportiva.

 

Flamengo v Fluminense - State Championship Semi-Final

 

Infelizmente, o gesto de incivilidade desta ala da torcida do Fluminense não é inédito no nosso país: atacar rivais a partir de tragédias é um expediente tristemente comum no Brasil, vide o caso do técnico Ricardo Gomes, que sofreu um AVC em campo sob os gritos de ‘vai morrer!’ partidos da torcida rubro-negra; e do garoto Kevin Spada, que veio a falecer após ser atingido por um sinalizador disparado pela torcida do ​Corinthians, estigmatizada de ‘assassina’ após o caso. Urge que torcedores entendam que o futebol não dá ‘carta branca’ para comportamentos desumanos, selvagens e bárbaros. Urge que a arquibancada seja um lugar seguro para torcer e que as provocações, que fazem parte do esporte, respeitem as fronteiras éticas e morais. Nenhuma rivalidade justifica a violência, seja ela física ou verbal.

Fonte: 90min

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