Um estudo recente, divulgado pela Associação Italiana de Jogadores, mostra que o número de casos de ofensas e agressões raciais nos estádios do país aumentam progressivamente desde 2015. Na temporada 2017/2018, por exemplo, a entidade contabilizou 129 episódios de violência e intimidação, sendo que 41% tiveram conotação racista. Pois em 2019/2020, diversos atletas que disputam a primeira divisão já foram alvos de insultos.
Jogadores como Romelu Lukaku, da Inter de Milão, Mario Balotelli, do Brescia, Dalbert, da Fiorentina, Franck Kessié, do Milan, Juan Jesus, da Roma, e Ronaldo Vieira, da Sampdoria, sofreram com ações discriminatórias. Mesmo que a Federação Italiana de Futebol tenha sido pressionada por conta da falta de punições severas, o problemas está longe de ter uma solução definitiva.
Em entrevista exclusiva ao 90min da Itália, o chefe de estratégia da Roma, Paul Rogers, foi questionado sobre o tema. Muito embora o clube da capital tente se utilizar de suas redes sociais para fazer uma comunicação positiva e incentivar seus torcedores a aderirem uma campanha contra o racismo, ele sabe que a situação é bastante complicada. “A luta contra o racismo deve ser um valor central para um clube de futebol. Me deprime que em 2020 ainda falemos de racismo no futebol, mas infelizmente acho que a situação reflete o problema de uma sociedade cada vez mais intolerante. A Roma não se sente sozinha nesta luta. No entanto, todos precisamos dar um passo adiante. Não basta ser antirracista, devemos fazer ouvir a voz e falar sempre que a situação o exigir. Temos que ser proativos nessa batalha. Temos de falar e empurrar o futebol italiano para a mudança”, disse o dirigente.
Segundo Rogers, este é um trabalho coletivo e que exige uma posição séria de todas as entidades envolvidas. “Penalidades mais duras ajudariam a erradicar o demônio do racismo do nosso esporte. A Premier League, que interveio anteriormente e com medidas sérias contra o racismo, também está enfrentando novos casos de abuso e ofensas raciais, especialmente de redes sociais. Para resolver a situação, precisamos de torcedores “reais” para assumir uma posição clara, tanto dentro quanto fora do estádio. Juntamente com o Milan, no ano passado, convidamos clubes, instituições e organizações de integração a se sentarem à mesa. Todos os clubes assinaram um acordo de intenções. Há muito trabalho a fazer, porque, enquanto trabalhamos para obter mensagens de inclusão e respeito, muitos políticos e parte da mídia enviam mensagens opostas que falam de divisão, medo do estrangeiro e perigo de imigrantes.” Pelo visto, a batalha se encontra bem longe de um final.
Fonte: 90min