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Professor Roger Machado deu aula sobre sociedade brasileira, e é importante escutá-lo…




Professor Roger Machado deu aula sobre sociedade brasileira, e é importante escutá-lo... - 1

FBL-SUDAMERICANA-LIVERPOOL-BAHIA

 

A derrota para o ​Fluminense, por 2 a 0 na noite de sábado, pode não ter sido o resultado esperado para os torcedores do ​Bahia. Mas é difícil imaginar que exista algum torcedor da equipe que não esteja orgulhoso de seu treinador, Roger Machado.

Ao enfrentar Marcão, seu antigo companheiro de Flu, ​Roger protagonizou um raro duelo entre dois técnicos negros na Série A. Não à toa, ambos vestiram uma camisa em alusão à causa, só que o debate foi ainda além. Se alongou, ainda bem. Minutos depois do jogo, a entrevista coletiva do comandante do Tricolor Baiano foi uma verdadeira aula. E não apenas de futebol.

 

 

Durante pouco mais de cinco minutos, Machado explicou passo a passo (e didaticamente) onde o racismo mais existe no país. Não à toa, onde menos é percebido também: o chamado “racismo estrutural”. O vídeo pode ser conferido aqui embaixo, postado pelo portal ​GloboEsporte:

 

​​A fala do técnico é histórica. Ainda mais em se tratando de um momento em que ​o Bahia tem apostado em acampar causas sociais em prol de minorias. Não há melhor nome para comandar o time neste momento. Sincronia perfeita.

 

Brazilian Football League Serie A - Brasileirao Assai 2019

 

Muitos falam que “Marcão e Roger são seres humanos, independente da cor da pele” e que chamar a atenção para o racismo seria forçar uma barra que, segundo estes, não existe. Não é bem assim. Sejamos humildes para entender o local de quem sente no dia a dia as diferenças. Quem se sente diferente sabe muito bem onde o calo aperta. E Roger Machado soube como ninguém tocar nesta ferida, com palavras fortes, politicamente engajadas e totalmente contextualizadas por quem se vê sempre em minoria, de geração em geração, em qualquer campo que esteja, como agora na área técnica do futebol brasileiro.

Existe o déficit e existe uma corrida contra o tempo, contra séculos de disparidade. Existe, sim, também a necessidade de buscar o senso de humanidade em todos nós. Se somos todos iguais, por que não dar a voz e ouvir quem se sente diferente?

Obrigado, professor, suas lições não foram em vão. A cada pessoa que te escuta e reflete, é uma vitória. Muito mais importante que os três pontos ao final de 90 minutos.

Fonte: 90min

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