Esportes

O futebol feminino no Brasil: suor, lágrimas, preconceito e muito talento




Fonte: pixabay/jorono

Falar sobre o futebol feminino no Brasil é contar a história de verdadeiras guerreiras, mulheres que se dedicaram de corpo e alma pela valorização e, acreditem, pela legalização desta modalidade. Pasmem, leitoras e leitores, em 1941, um decreto federal proibiu a prática de qualquer esporte não condizente com as características físicas das mulheres, brazino777 jogo do bicho observa, preconceito em estado bruto para impedir que as mulheres encontrassem no desporto liberdade e melhores condições. O mesmo decreto foi reeditado em 1965, desta vez ainda mais específico, citando diretamente o futebol.

Antes disso, a imprensa dá conta daquela que teria sido a primeira partida de futebol realizada somente entre mulheres, conforme noticiado pela Gazeta da Zona Norte (tradicional jornal de bairro da cidade de São Paulo), em 1921, deu-se o confronto entre senhoras do bairro do Tremembé e da Cantareira. Ocasionalmente, partidas eram realizadas até a proibição em 1941.

O futebol feminino só seria liberado em 1979, quando o decreto foi revogado e, em 1983, regulamentado. A partir dali, equipes pioneiras como o SAAD, Radar e Juventus formaram equipes no intuito de dar visibilidade à prática. Logo surgem os primeiros talentos e se, à época, a mídia e o próprio empresariado tivessem mais visão, certamente, o caminho para estes atletas teria sido mais fácil.

A primeira grande estrela do futebol feminino foi Sissi, a Imperatriz. Esteve presente na primeira convocação da seleção feminina que disputou o mundial em 1988, evento que serviu de laboratório para a modalidade. Dona de muito talento e de uma técnica apurada, além de exímia cobradora de faltas, em 2000, Sissi foi eleita a segunda melhor jogadora do planeta. Há quem diga que Sissi foi ainda melhor que Marta. Hoje ela mora nos Estados Unidos, onde dá aulas de futebol.

Falar das maiores é enaltecer a garra de Formiga. A incansável Formiga disputou sete mundiais e sete Olimpíadas, estando presente na Olimpíada de Tóquio. Recordista de jogos pela seleção brasileira, Formiga, a longeva, aposentou-se aos quarenta e três anos de idade e hoje é comentarista esportiva.

Pretinha é mais uma desbravadora. Esteve presente no primeiro mundial FIFA em 1991. Lutou muito para que a modalidade se tornasse olímpica, o que ocorreu em 1996 nos jogos de Atlanta, EUA. Foi artilheira naquela ocasião, como também nos jogos de Atenas, em 2004, quando ao lado de suas companheiras, conquistou a medalha de prata. Aos quarenta e cinco, Pretinha é palestrante e continua na linha de frente pelo desenvolvimento do futebol feminino.

Leveza e faro para o gol, são essas as principais características de Kátia Cilene, outra grande jogadora brasileira. Convocada pela primeira vez para a seleção, não se fez de rogada e brilhou. Nos EUA, foi a primeira artilheira estrangeira, com apenas dezesseis anos, jogando pelo San Jose Cyber Rays, também foi artilheira jogando pelo Lyon da França. Despediu-se do futebol com ouro conquistado no Pan do Rio de Janeiro e a prata no mundial de 2007.

Roseli, a atacante dos gols bonitos, é mais uma pioneira. Esteve no torneio experimental realizado em 1988, na China. Artilheira nata, foi tricampeã sul-americana pela seleção, sendo a principal goleadora no certame de 1998, com dezesseis gols. Destacou-se jogando nos EUA e no Japão.

A maior goleadora olímpica da história, não importando se homem ou mulher, chama-se Cristiane. Foram quatorze gols. Pela seleção já marcou mais de oitenta gols e só fica atrás de Marta. Pelo Santos Futebol Clube foi bicampeão da Libertadores (2009/2010). Jogou nos EUA, na Europa e no futebol chinês, onde, à época, foi a jogadora mais bem paga do mundo.

A comparação pode parecer afoita, mas se Pelé tivesse nascido depois, ele seria a Marta do futebol masculino. Indiscutivelmente, a alagoana é a maior jogadora de futebol do Brasil, quiçá do mundo, de todos os tempos. A mulher Marta é uma ativista pelos direitos civis, é uma referência à frente de lutas sociais. Como jogadora, é dona de raro talento, extrema habilidade, velocidade de raciocínio, além da plasticidade das suas jogadas. Autora de muitos gols, e são muitos mesmo, é a maior artilheira da seleção brasileira, chegando ao cúmulo de marcar em uma única edição da Copa do Mundo, dezesseis gols. Foi por seis vezes eleita a maior jogadora do mundo.

O futebol feminino continua crescendo no Brasil, não como deveria, pois ainda são muitos os entraves para que as equipes se organizem, continua imprimindo sua marca, combatendo o preconceito com muito suor, lágrimas e talento.

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