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7 táticas nacionais inovadoras no combate à dengue




7 táticas nacionais inovadoras no combate à dengue - 1

O Brasil enfrenta uma explosão de casos da dengue, com estados decretando situação de emergência por causa de epidemias. Diante desse cenário desafiador, é preciso apostar em táticas inovadoras e em pesquisas de ponta para o combate do mosquito da dengue (Aedes aegypti).

Entre as propostas inovadoras para controlar o vetor da dengue implementadas no Brasil, há o uso de drones para localizar focos de dengue. Mosquitos modificados ou estéreis também são liberados na natureza para atrapalhar a reprodução do inseto, além de outras inúmeras iniciativas.

A seguir, confira 7 novas estratégias para combater a dengue:


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1. Drones para localizar focos de dengue

Para localizar possíveis criadouros do mosquito da dengue, algumas prefeituras já implementam a fiscalização por drones. É o que acontece na cidade de São Paulo, onde a Guarda Civil Metropolitana utiliza 26 drones para realizar o mapeamento aéreo de imóveis de risco.

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No Brasil, drones monitoram áreas em busca de possíveis focos do mosquito da dengue (Imagem: Unsplash/Jason Blackeye)

Se forem localizadas caixas d’água sem tampa, acúmulo de água no teto de galpões ou lixo em terrenos baldios, equipes da própria prefeitura são direcionadas para realizar visitas ao local, orientando os proprietários em como evitar a proliferação do Aedes aegypti. A medida pode colocar em risco a privacidade dos moradores potencialmente monitorados.

2. Mosquito com bactéria Wolbachia

Para conter a dengue, uma das táticas inovadoras envolve infectar os mosquitos com uma cepa específica da bactéria Wolbachia — que não causa doenças em humanos em caso de picada —, e é transmitida para os descendentes.

Se o vetor for infectado por este agente infeccioso, as chances dele de transmitir também a dengue caem substancialmente. Nos locais em que foi usada, a estratégia reduziu em até 77% os casos de dengue.

O interessante é que a bactéria também dificulta a transmissão de outros vírus pelo vetor. Em testes, o uso de mosquitos infectados implicou numa redução de 60% nos casos de chikungunya na região em que foram liberados. Isso já é adotado em pontos estratégicos do país pelo Ministério da Saúde.

3. Modificações dos mosquitos

Além da bactéria Wolbachia, outras estratégias buscam modificar o mosquito da dengue, como o uso do Aedes aegypti estéril por irradiação — é a Técnica do Inseto Estéril (TIE). Neste caso, a ideia é expor os machos a um elemento radioativo que altera o DNA do inseto, sem gerar contaminação radioativa, o que vai torná-los estéreis. Em seguida, são liberados para cruzar com fêmeas saudáveis, mas os ovos gerados nunca vão se desenvolver, o que limita a população.

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Estratégia para combater a dengue torna os machos estéreis (Imagem: Mohamed Nuzrath/Pixabay)

Outra alternativa envolve o Aedes do Bem, da empresa Oxitec, onde os mosquitos passam por edição genética. Os resultados também tendem a ser promissores nas áreas de liberação.

4. Drones atuam em áreas remotas

Após modificar os mosquitos da dengue, é preciso pensar em maneiras de “devolvê-los” para a natureza. Para isso, a empresa brasileira Birdview, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), desenvolveu em mecanismo para a liberação dos insetos por drones.

Desenvolvida originalmente para a aplicação de biodefensivos contra pragas em lavouras, a tecnologia foi adaptada para liberar os mosquitos modificados, como os machos estéreis. De forma simples, é uma “caixinha” com os mosquitos para liberação em áreas mais remotas, reduzindo a população do vetor. A estratégia também permite a soltura mais precisa.

5. Estações disseminadoras

Nem toda tática inovadora contra a doença endêmica precisa envolver equipamentos de última geração, como demonstra a armadilha criada pela Fiocruz Amazônia. Bastante simples, a criação demanda apenas o uso de um pote plástico de 2 litros recoberto por um tecido sintético impregnado de larvicida — um tipo de inseticida feito para exterminar larvas.

O recipiente vai atrair as fêmeas do Aedes aegypti para colocar os ovos, mas, ao pousar, elas se impregnam com o larvicida. Contaminadas, elas levam o veneno para outros criadouros, reduzindo o número de mosquitos da próxima geração em uma área.

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Armadilhas feitas com larvicida podem destruir criadouros do mosquito da dengue (Imagem: CDC/Lauren Bishop/Amy E. Lockwood)

Conhecida oficialmente como estações disseminadoras, a técnica já foi testada em mais de 14 cidades brasileiras e, onde as armadilhas foram instaladas, os casos de dengue caíram entre 25% a 50%.

6. Remédio contra dengue grave

Em fase de testes pré-clínicos, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolvem potencial remédio contra a dengue grave. A medicação busca restaurar os níveis da proteína Anexina A1, responsável por regular a resposta imunológica e ativar os mastócitos (células do sistema imune), no organismo.

No experimento com camundongos, o tratamento atenuou os sintomas da dengue, impedindo que a infecção evoluísse para a dengue grave, condição com risco aumentado para internações e óbitos. Ainda não há planos para começar os testes do primeiro antiviral em humanos.

7. Vacina do Butantan

Hoje, o Brasil já incorporou a vacina Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, no Sistema Único de Saúde (SUS), para crianças e adolescentes. Entretanto, há uma potencial fórmula brasileira, feita pelo Instituto Butantan, o que pode tornar massiva a imunização contra a doença no país. A eficácia estimada é de 80%. Os dados são avaliados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que poderá conceder autorização de uso.

Com a implementação das novas táticas de combate à dengue, é possível que os próximos anos não sejam marcados por tantos casos da doença potencialmente fatal, quando evolui para a forma grave.

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Fonte: Canaltech

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