Brasil

Custo e infraestrutura são entraves para visitar parques, diz pesquisa




Os problemas de infraestrutura e os custos com transporte e alimentação são os principais fatores que afastam os brasileiros de parques públicos. Esse é o resultado da pesquisa Parques no Brasil – Percepções da População, divulgada nesta quarta-feira (25), pelo Instituto Semeia. Em relação aos parques naturais, que são áreas de conservação, 62% dos entrevistados apontaram como barreira à visitação os custos de viagem e hospedagem para visitar esses locais, em grande parte, distantes das cidades.

Alto Paraíso de Goiás (GO) - Vista de área pertencente à proposta de ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no município de Alto Paraíso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Vista de área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no município de Alto Paraíso, em Goiás Marcelo Camargo/Agência Brasil

Já em parques urbanos, 42% indicaram os gastos com transporte e alimentação como entrave para frequentar esses lugares. Para 43%, o maior problema é a falta de infraestrutura, como segurança, iluminação e banheiros inadequados. O estudo ouviu 815 pessoas em seis regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Manaus e Brasília. A amostra seguiu o perfil populacional por idade, sexo e escolaridade apontado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

O estudo também mostrou que a visitação a parques não é um hábito da população brasileira. Frequentam parques naturais várias vezes ao ano 23% dos entrevistados. Este mesmo percentual vai uma vez por ano ou uma vez a cada dois anos. A maioria dos entrevistados (54%) visitou esses locais apenas algumas vezes na vida. Sobre os parques urbanos, 14% vão pelo menos uma vez por semana e 28% uma vez por mês ou a cada quinze dias. Esses locais públicos são usados de forma esporádica por 42% dos ouvidos, que frequentam raramente até uma vez a cada seis meses. Já 16% dos ouvidos na pesquisa nunca foi a um parque.

“Há uma concentração muito grande naquele grupo de visitação esporádica. O que mostra que os parques não estão na cultura dos brasileiros, seja no dia a dia das cidades, seja como opção de lazer”, enfatizou o diretor executivo do Semeia, Fernando Pieroni. O instituto, uma organização sem fins lucrativos, se dedica a articular parcerias entre setor público e privado e desenvolver pesquisas sobre a gestão de parques.

Administração privada

Para 73% dos entrevistados, a concessão de parques à iniciativa privada tende a melhorar a gestão das áreas. A maioria das pessoas acredita que a administração por empresas pode melhorar os equipamentos de lazer (78%), os banheiros (77%), a segurança (75%) e a iluminação (76%). Existe, no entanto, a preocupação com o aumento da cobrança por serviços para 44% dos ouvidos.

Pieroni afirma que a concessão para administração privada não necessariamente implica em aumentar preços de itens como alimentação, mas para garantir que a gestão esteja em sintonia com os interesses da população, ele defende que haja ampla participação popular na construção dos contratos.

“Os ganhos podem ser advindos do aumento de visitação. Quando eu tenho um serviço muito caro é possível que eu tenha muito poucos usuários desse serviço.Você pode diminuir o preço e aumentar a visitação. O conjunto da obra acaba sendo mais rentável”, exemplificou sobre modelos que podem ser benéficos tanto para as concessionárias quanto para o público.

Outro ponto importante é, segundo Pieroni, o fortalecimento da fiscalização das concessões. “É importante, junto com o desenvolvimento desses contratos, que são processos longos, haver um envolvimento das pessoas da Secretaria do Verde [e do Meio Ambiente], para que elas entendam esses contratos. É importante ter essa atenção para a capacitação de quem vai gerir esse contrato”, enfatizou.


Edital em São Paulo

No dia 27 de fevereiro, a Prefeitura de São Paulo lançou, para consulta pública, um edital para conceder à iniciativa privada seis parques municipais, incluindo o Parque Ibirapuera. A concessão terá prazo de 35 anos, com valor mínimo de outorga de R$ 1,9 milhão. A administração municipal diz que espera R$ 100 milhões em investimentos somente no Ibirapuera.

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