Economia & Política

Guardia diz não ser possível reduzir impostos




O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, considera que existe espaço para simplificar o sistema tributário brasileiro, mas não é possível reduzir impostos. A declaração foi feita no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (5).

“Acho que existe espaço extraordinário para simplificar a estrutura tributária brasileira e melhorar a qualidade da carga tribuária e reduzir, sobretudo, os custos de cumprimento de obrigações tributárias tanto para o setor público como para o privado. Não vejo a menor possibilidade de reduzir a carga tributária. Temos um desafio fiscal muito grande”, disse, ao ser questionado sobre a proposta de simplificar e reduzir impostos do economista Paulo Guedes, futuro ministro do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. A ideia do próximo governo é simplificar e reduzir tributos sobre a folha de pagamentos para gerar novos empregos.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, fala na cerimônia de posse do novo diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Carlos Rebello, no Rio de Janeiro.
Ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, não vê espaço para redução de impostos – Arquivo/Agência Brasil

Na entrevista, Guardia também disse que o tripé da política macroeconômica brasileira tem que ser mantido. Ele criticou a ideia de criação de meta para o câmbio. “O tripé da política macroeconômica está calcado no regime de metas para a inflação, de câmbio flexível e de compromisso com a disciplina fiscal. Qualquer mudança desse arcabouço de política macroeconômica é um risco muito grande”, disse.

Guardia defendeu a proposta a independência do Banco Central. “O Banco Central independente é muito importante para que a gente possa passar segurança de que as coisas continuarão funcionando dessa maneira”, destacou. Ele acrescentou que a economia internacional vai apresentar “um cenário mais desafiador daqui para frente, para dizer o mínimo”. E defendeu a necessidade das reformas, como a da Previdência. Para o ministro, aprovar a reforma da Previdência, já em tramitação no Congresso, seria um “passo extraordinário”. Na visão de Guardia, a ideia de mudança para o sistema de capitalização não deveria ser discutido agora, mas posteriormente.

Guardia também afirmou que não é possível zerar o déficit fiscal em um ano, como propõe o próximo governo. Segundo ele, não haveria como fazer isso pelo lado da despesa, mas somente pelas receitas. Entretanto, ele lembrou que a carga tributária do país já é muito alta. “É muito desafiador”, concluiu.

Guardia também avaliou como complexa a junção dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços em um único órgão. “O número de conflitos que a gente tem que administrar no ministério é realmente muito grande com a estrutura que já tem hoje. Evidentemente que ao fazer a fusão do Planejamento, Fazenda e Indústria e Comércio, essa complexidade aumenta ainda mais”.

Nesta terça-feira (6), às 13h, Guardia terá uma reunião com Paulo Guedes, no Ministério da Fazenda.

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