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Indicador de status do WhatsApp vira arma para aplicativos de vigilância




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O WhatsApp é um dos apps mais populares de mensageria e, também, reconhecido por sua segurança de ponta a ponta, ainda que golpes e clonagens sejam frequentes na plataforma. Agora, uma informação pública começa a virar a principal arma para os aplicativos de vigilância, que prometem acompanhar contatos específicos sempre que estiverem online na plataforma. O foco, como dá para se imaginar, está na espionagem de cônjuges, com alguns fornecedores também falando, para amenizar as coisas, que esta pode ser uma boa opção de controle parental.

Esta utilização é citada como um furo nas políticas de segurança do WhatsApp pelos especialistas da Traced, que desenvolvem um aplicativo de controle, proteção e gerenciamento de celulares para o mercado corporativo. O status do mensageiro é público, sendo alterado toda vez que o usuário se conecta à aplicação, com estes softwares de espionagem capturando tais mudanças e as transformando em dados que podem ser usados para perseguição.

Tais atos não dependem de manipulação dos smartphones alheios ou da instalação de aplicativos maliciosos, como acontece com muitas soluções de espionagem. Basta ter o número de alguém para iniciar o rastreamento a partir destes softwares, alguns gratuitos e outros pagos, com direito a recursos que permitem acompanhar dados históricos ou receber notificações.


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Os especialistas não citam os nomes das aplicações espiãs, justamente como forma de não incentivar seu uso, enquanto citam alguns absurdos. Um dos softwares analisados pela equipe cita diretamente sua utilização para confirmar possíveis traições por um cônjuge, enquanto uma segunda solução é capaz de cruzar informações de dois números diferentes, indicando os momentos em que eles estiveram online ao mesmo tempo e mostrando um gráfico que exibe a “probabilidade de conversas” entre eles com base nessa telemetria.

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Alguns dos aplicativos analisados pelos especialistas podem comparar a atividade online de dois números, entretando um índice de “probabilidade de conversas” entre eles e podendo levar a situações de abuso (Imagem: Reprodução/Traced)

O que chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato de muitos destes aplicativos estarem disponíveis livremente na Play Store, do Google, e na App Store, da Apple, ainda que ambas possuam políticas contra a publicação e divulgação dos chamados stalkerwares. No caso do Android, por exemplo, as regras são claras ao permitirem apps de controle parental, mas proibirem veementemente aplicações usadas para espionar pessoas e, principalmente, cônjuges — ainda assim, a maioria dos exemplos citados faz pouco ou nenhum esforço para esconder seu intuito real.

Para Chloé Messdaghi, fundadora de organizações de combate ao preconceito e de apoio a mulheres no mercado de tecnologia, tais apps ajudam a disseminar a violência. Ela afirma, no relatório da Traced, que o uso dos status como ferramenta de controle pode levar a agressões e abusos, sem que as empresas responsáveis pelos sistemas operacionais façam algo a respeito.

Os olhares, também, se voltam ao próprio WhatsApp, já que alguns dos serviços analisados pelos especialistas também contam com versões online, que não dependem das regras de lojas de aplicativos. São plataformas pagas que prometem ajudar a rastrear os filhos, familiares e amigos, além de registrarem estatísticas sobre tempo de uso do mensageiro a partir destas informações de status disponíveis publicamente.

A Traced lembra, ainda, que o indicador de que um usuário está online difere da opção relacionada às últimas visualizações de mensagens — esta pode ser desligada, mas a outra, não, e é ativada automaticamente sempre que o WhatsApp é aberto. Novamente, o caso não é citado como uma falha de segurança, mas sim, como uma brecha que pode levar a esse tipo de comportamento nocivo.

Até que algo seja feito a respeito, a recomendação dos especialistas para quem estiver preocupado com esse tipo de rastreamento é evitar usar o WhatsApp, preferindo alternativas mais seguras de mensageria. Além disso, trocar de número também é uma opção, e ambas as alternativas drásticas mostram estarmos diante de um problema, na realidade, sem solução.

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Fonte: Canaltech

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