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Operação da PF investiga propina paga pela Odebrecht a Marconi Perillo




O Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram nesta sexta-feira (28) a Operação Preposto, com o objetivo de provar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa atribuídos ao ex-senador e ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.

As suspeitas têm como origem colaborações premiadas feitas por executivos da Odebrecht. De acordo com os investigadores, a operação tenta identificar o destino de aproximadamente R$ 12 milhões em recursos desviados.

Goiânia - O governador de Goiás, Marconi Perillo, dá entrevista coletiva após reunião com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Ex-governador de Goiás, Marconi Perillo é acusado de receber propina no valor de R$ 12 milhões, diz o MPF (Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Por determinação da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão nas cidades goianas de Pirenópolis, Aruanã, Aparecida de Goiânia, e Goiânia, além de Campinas (SP) e São Paulo. Ao todo, 65 policiais participam das ações.

Por meio de nota, o MPF informou que a Operação Preposto é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato, e decorre de acordos de leniência e colaboração premiada firmados pelo MPF com a Construtora Norberto Odebrecht e seus executivos.

Valores da propina

“Quando ainda era senador e, depois, também como governador, Marconi Perillo solicitou e recebeu propina no valor de, em 2010, R$ 2 milhões e, em 2014, R$ 10 milhões, em troca de favorecer interesses da empreiteira relacionados a contratos e obras no Estado de Goiás”, diz a nota do MPF.

Informa, ainda, que também são alvos da operação o ex-presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop), Jayme Eduardo Rincon, o filho dele, Rodrigo Godoi Rincon, o policial militar Márcio Garcia de Moura, o ex-policial militar e advogado Pablo Rogério de Oliveira e o empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior.

Segundo o MPF, o caso foi remetido à primeira instância a partir da renúncia de Marconi Perillo ao mandato de governador de Goiás e a consequente perda de foro privilegiado. O caso foi então assumido pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF em Goiás e pela Polícia Federal.

A investigação foi iniciada em junho de 2017, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a nota do MPF, em julho de 2018 a Justiça Federal autorizou acesso a e-mails e a extratos de ligações telefônicas dos investigados, bem como às suas respectivas localizações, com base em informações das antenas das operadoras de celulares.

Defesa nega mandado de prisão

A defesa de Marconi Perillo divulgou nota de repúdio à ação deflagrada hoje. Nela, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, voltou a criticar o que chamou de “espetacularização do direito penal e a criminalização da politica”.

Segundo o advogado, a palavra do delator “é isolada” e não apresenta “qualquer fiapo de indício contra o Marconi Perillo”.

“A busca e apreensão na residência do ex-governador há nove dias da eleição assume um caráter claramente eleitoreiro e demonstra um abuso por parte do Ministério Publico e do Poder Judiciário. É, sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a a estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator, sem provas, se referem a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já decidiu várias vezes o Supremo Tribunal, é impeditivo de prisões e qualquer outra medida constritiva contra qualquer cidadão”, acrescentou.

Kakay afirmou que não é verdade que o ex-governador tenha sido alvo de mandado de prisão decretado, mas confirma ter havido mandado de busca e apreensão, medida que, segundo ele, neste momento, seria “uma grave agressão” e uma “violência inexplicável ao estado democrático de direito”.

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