Economia & Política

Paulo Guedes nega possibilidade de renegociar dívida pública




O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, negou na terça-feira (6) a possibilidade de renegociação da dívida pública. Em entrevista a jornalistas ao chegar ao Ministério da Fazenda, ele disse que houve um mal-entendido sobre a necessidade de conter a expansão do endividamento do governo.

“Não se pensa nisso [na renegociação ou na auditoria da dívida pública]. Isso não existe, isso não é um problema. O que existe é uma preocupação com a dívida”, declarou Guedes.

Segundo o futuro ministro, que coordena a área econômica do presidente eleito Jair Bolsonaro, o Brasil precisa diminuir o pagamento dos juros da dívida pública. Ele, no entanto, negou que isso signifique uma renegociação.

“Durante a campanha, falei que [o Brasil] tinha uma despesa de juros demasiada [da dívida pública], de US$ 100 bilhões por ano. Isso é reconstruir uma Europa por ano. Eu falei tantas vezes que os juros são recessivos que o presidente pode ter entendido que íamos renegociar a dívida, mas isso está fora de questão”, enfatizou Guedes.

Para o futuro ministro da Economia, o caminho para o setor público diminuir o pagamento dos juros da dívida pública interna são as privatizações. “Como é que você ataca os juros da dívida interna? Exatamente fazendo como as empresas fazem. Vendem alguns ativos e não deixa a dívida crescer. Depois que o Pedro Parente [presidente da Petrobras até junho deste ano] vendeu algumas subsidiárias e pagou os bancos, a Petrobras valeu dez vezes mais. Com o país é a mesma coisa”, declarou.

O economista Paulo Guedes, que comanda o núcleo econômico da campanha do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, fala à imprensa.
O economista Paulo Guedes diz que o caminho para o setor público diminuir o pagamento dos juros da dívida pública interna são as privatizações – Fernando Frazão/Agência Brasil


Superministérios

Em relação à fusão de ministérios, Paulo Guedes disse que os futuros ministros nascerão com superpoderes. Segundo ele, a mudança visa a aumentar a eficiência do Estado e evitar superposições.

“Todo mundo está achando que os futuros ministros têm superpoderes. É o contrário. Os ministérios estão juntos para evitar superposição. Por exemplo, de repente, a Fazenda baixa os impostos e aí o Ministério da Indústria não abriu a economia. Ou então, o Ministério [da Indústria] abre a economia e prejudica a indústria brasileira porque os impostos não foram reduzidos ainda. Não posso promover a competição estrangeira no Brasil sem antes reduzir impostos”, explicou.

Democracia

O futuro ministro da economia disse que o Brasil é um exemplo de democracia emergente bem-sucedida, que tem instituições independentes, imprensa livre e que está num momento de transição para uma aliança de centro-direita. Segundo Guedes, a alternância de poder depois de governos de esquerda é saudável.

“Você vê que nós estamos numa longa transição. Quando tivemos o impeachment de dois presidentes, um de direita e outro de esquerda, nós mostramos a independência do Legislativo. Aí quando o Executivo tentou comprar sustentação parlamentar no Legislativo, o Judiciário despertou e andou prendendo gente do Executivo e do Legislativo. O Brasil é uma democracia emergente. Começou a fazer uma transição para a centro-direita que é importante”, declarou.

Para Guedes, a alternância de poder é importante. “A história é virtuosa. O Brasil é um Estado de Direito, tem a mídia livre, os poderes independente. Estamos num momento absolutamente tranquilo”, concluiu.

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