Tecnologia

A IA já resolve as fotos escuras, tremidas ou sem detalhes tiradas com smartphones

 

Cristiano de Freitas

Luz difícil, mãos trêmulas, cena viva e uma imagem impecável. Eis a tese: a fotografia móvel cruzou o ponto em que vidro e sensor definem limite de qualidade. A inteligência artificial passou a decidir uma parte significativa do resultado e elevou a câmera do celular ao patamar de sistema de visão. O mercado captou esse sinal, e isso pode ser comprovado em dados, já que no e segundo trimestre de 2025 houve crescimento de 1,4% em remessas globais por smartphones e os recursos de IA foram os grandes motores dessa demanda. A curva tecnológica empurra a experiência, e a experiência reordena a competição.

 

Desde que os celulares passaram a ter boas câmeras, a fotografia sempre pesou na escolha do aparelho. Não há dúvida. Atualmente, porém, ela pesa com um novo e decisivo detalhe: o processamento computacional que interpreta a cena, decide parâmetros e combina quadros com precisão de laboratório. Isso muda tudo para quem fotografa a criança na sala, o prato no restaurante e, claro, para quem trabalha na indústria criativa. A câmera deixa de apenas registrar luz e passa a compreender o contexto. A fatia de smartphones com capacidades de geração e compreensão de conteúdo por IA no próprio dispositivo supera 30% dos embarques em 2025, com movimento similar aos dos laptops. O significado é direto: cada foto recebe suporte de modelos que rodam perto do sensor, com latência mínima.

 

Convém explicar a arquitetura (sem jargão desnecessário). O que o setor chama de “câmera com IA” soma ótica, sensor, ISP (Image Signal Processor) e NPU (Neural Processing Unit) que avaliam a cena em tempo real, reconhecem padrões e aplicam ajustes dinâmicos. E é justamente aqui que a diferença fica gritante, pois diferentemente do “automático” clássico que tentava regras gerais, a IA monta uma solução adaptativa para cada situação. Em paisagens prioriza microcontraste e latitude tonal; para retratos separa sujeito e fundo com mapas de profundidade e cor, para um bokeh com bordas limpas. Já em comidas realça textura sem saturar tons Em arquitetura, estabiliza linhas e reduz “aliasing” – um tipo de distorção visual que acontece quando um sistema digital não consegue representar corretamente certos detalhes finos de uma imagem. Tudo isso ocorre dentro do ciclo de captura, com decisões a cada quadro.

 

A revolução de baixa luz simboliza essa virada. No passado, a mão tremia e o ruído dominava. Hoje, o modo noturno dispara uma sequência de exposições, alinha com modelos robustos, funde sinal e cancela ruído randômico por estatística. O resultado preserva a textura de pele, a letra de placa e o brilho de janela sem “estourar”.

 

A fusão de múltiplos quadros também trouxe um novo patamar ao HDR (High Dynamic Range), com diferenças entre as áreas mais claras e as mais escuras que a câmera consegue registrar numa mesma cena sem perder detalhe. Em vez de uma só medição impossível, a câmera coleta rajadas com diferentes exposições e reconstrói a cena com alcance dinâmico que antes exigia tripé e paciência de estúdio.

 

E há mais peças nesse tabuleiro. A redução de ruído evoluiu de filtros cegos para redes que distinguem grão de detalhe. A nitidez deixou de punir pele para valorizar poro e fio, sem halos artificiais. O zoom de alta resolução passou de ilusão para reconstrução plausível, apoiada em dados de múltiplos quadros e modelos que preservam contorno e textura. A estabilização inteligente combina giroscópio, fluxo óptico e estimativa de movimento para suprimir trepidações e garantir vídeo suave em caminhada. O reconhecimento de cena abre espaço para ajustes personalizados em pets, vegetação, pelee superfícies metálicas. A sensação para o usuário fica clara: apontar, tocar e obter uma foto publicável, sem uso de qualquer aplicativo ou filtro complementar.

 

Tudo isso precisa caber no bolso – e cabe surpreendentemente bem. Uma solução multiexposição eficiente tem capacidade de processar imagens 4K em menos de dois segundos em smartphones intermediários, o que confirma a viabilidade de pós-processamento complexo no dispositivo e reforça o papel da NPU como aceleradora de visão computacional. A consequência prática é poderosa. O fotógrafo amador ganha resposta imediata em eventos, interiores e rua. O profissional encontra um auxílio para backstage, making of e cobertura social com risco menor de perda de momento.

 

Eis o efeito mais profundo: simplificação radical da prática fotográfica sem achatamento estético. A IA remove atrito técnico e libera foco criativo. A pessoa que nunca estudou fotometria entende a luz porque a câmera devolve arquivos com latitude e cores coerentes. A vendedora de varejo demonstra benefício com uma foto perfeita dentro da loja em segundos. A liderança de uma fabricante lê o tabuleiro com frieza. A diferenciação passa por soluções proprietárias, dados bem curados e sinergia entre ISP, NPU e memória. Para mim, faz sentido ver essa camada como sistema operacional da imagem. E é justamente essa simplificação que marca a revolução real

 

Hoje, o futuro aponta para três vetores. Primeiro, edição objetiva no ato de captura (como remoção de elementos intrusos, correção de reflexo e desdobro de sombras sem artefato). Depois, guias contextuais no visor, com sugestões de enquadramento, luz e gesto. Por fim, a rastreabilidade do que foi alterado. E aqui mora o ponto ético! A cultura visual precisa de confiança. Já existem aparelhos que embutem credenciais de conteúdo e salvam metadados invisíveis que descrevem as transformações feitas por IA na imagem – um caminho promissor de transparência que protege autor, veículo e público. A fotografia se fortalece quando a autoria inclui esse vestígio técnico de verdade.

 

O impacto nos bastidores da indústria também merece atenção. Existe demanda por IA embarcada e previsão de escala rápida. Os desenvolvedores de smartphones com câmeras dotadas de IA que dominarem captura, fusão e renderização sob restrições de energia e térmica terão vantagem defensável.

 

Mas e a experiência diária do consumidor? Está melhorando paulatinamente, foto após foto. Pessoas em festa rendem rostos nítidos e pele fiel. Paisagens ao entardecer entregam cor saturada com céu preservado. Interiores de restaurantes perdem o velho amarelado. Retratos ganham desfoque com bordas corretas no cabelo, inclusive em mechas soltas. O zoom recupera detalhes de palco sem virar pintura. O vídeo registra a caminhada em calçada irregular com fluidez. Tudo isso passa a acontecer por padrão, com intervenção mínima, e o usuário sente profissionalismo ao alcance do dedo indicador.

 

A inteligência artificial, definitivamente, converteu a câmera do smartphone no instrumento central da cultura visual contemporânea. O mérito vai além do truque de pós. Trata-se de visão computacional madura, guiada por métrica séria, treinada para respeitar textura, luz e intenção. São recursos viáveis no dispositivo graças a NPUs e ISPs eficientes, além de mecanismos de transparência que projetam confiança. A fotografia móvel já vive a sua segunda revolução – e ignorar esse movimento é perder o fio da cultura visual contemporânea. Quem cria produtos precisa tratar a IA da câmera como estratégia. Quem fotografa ganha liberdade criativa com mais acerto técnico. O impacto cultural vem em seguida, quando imagens de maior qualidade contam histórias mais interessantes e consequentemente moldam o mundo que escolhemos ver.

                 Cristiano de Freitas é diretor de Negócios de Mobilidade da Positivo Tecnologia

Sobre a Positivo Tecnologia: A Positivo Tecnologia é uma empresa brasileira de tecnologia que desenvolve, fabrica e comercializa computadores, celulares, tablets, dispositivos para casas e escritórios inteligentes, servidores e demais soluções para infraestrutura de TI, além de máquinas de pagamento e tecnologias educacionais. Também oferece serviços gerenciados de TI. O conjunto de produtos e serviços é voltado para consumidores finais, empresas, condomínios residenciais, escolas e instituições públicas. A Companhia foi fundada em 1989, possui sede administrativa em Curitiba (PR), fábricas em Ilhéus (BA) e Manaus (AM), além de presença na Argentina, Quênia, Ruanda, China e Taiwan. O portfólio de marcas e negócios é composto por Positivo, Positivo Casa Inteligente, Positivo Servers & Solutions, PositivoSEG, Positivo as a Service, Positivo S+, VAIO, Infinix e Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação. Informações adicionais podem ser obtidas em  www.positivotecnologia.com.br. Para saber as últimas notícias sobre a Positivo Tecnologia, visite Sala de Imprensa, assim como os perfis da Companhia no LinkedIn, Facebook e Instagram.

  

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