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A Via Láctea não é um disco totalmente plano e deve ter bordas distorcidas




Um novo estudo, publicado na Nature Astronomy, revela que a nossa galáxia não é exatamente um disco plano como se acreditava até então, tendo, na verdade, bordas distorcidas.

Como vivemos na Via Láctea, não temos como observar o formato de nossa galáxia à distância, como fazemos com as outras galáxias e, por isso, precisamos estudar galáxias similares para estimarmos como é a aparência verdadeira da nossa. Andrômeda, por exemplo, é maior do que a Via Láctea, mas ambas são muito grandes, ambas são galáxias espirais e ambas têm mais ou menos a mesma idade. Portanto, Andrômeda serve como comparativo para tirarmos conclusões sobre a nossa galáxia.

Mas, de acordo com o novo estudo, astrofísicos descobriram que quanto mais longe do centro galáctico, mais distorcido e torcido o disco da Via Láctea se torna. Então, o plano galáctico da nossa galáxia não é uma linha reta, parecendo-se mais como uma letra “S” alongada. E essa conclusão foi possível a partir de novas medições das distâncias de estrelas nas regiões externas da galáxia.

A galáxia ESO 510-G13 tem estrutura de disco retorcido, e a Via Láctea deve ter bordas deformadas de acordo com o novo estudo (Foto: NASA)

Essas estrelas são do tipo Cefeida, gigantes ou supergigantes amarelas que são bastante massivas e brilhantes, que pulsam a uma frequência precisa e, portanto, permitem aos astrônomos calcularem sua magnitude absoluta, o que, por sua vez, permite o cálculo das distâncias dessas estrelas, que fazem parte da classe variável pulsante.

Os cientistas usaram a radiação infravermelha para fazer as medições, já que essa radiação pode penetrar nas nuvens de gás e poeira que ficam entre nós e as estrelas, resultando em dados mais precisos do que a observação do espectro óptico (pois a percepção do brilho das estrelas pode ser atrapalhada pelas nuvens de gás e poeira). De acordo com o astrofísico Richard de Grijs, da Universidade Macquarie, a equipe usou um novo catálogo de observações infravermelhas obtidas com o observatório espacial WISE, o que permitiu determinar as distâncias das Cefeidas com incertezas de menos de 3 a 5%.

Então, combinando essas observações com suas aparentes localizações no céu, a equipe criou um mapa tridimensional da Via Láctea, constatando que o modelo não era exatamente o de um disco achatado. Não é algo incomum encontrarmos galáxias espirais com bordas deformadas, mas no caso da Via Láctea em espacial a descoberta é interessante pois essas bordas distorcidas incluem estrelas. Para de Grijs, “a precessão do disco parece implicar que o disco interno maciço da Via Láctea pode ter forçado o disco externo a seguir sua rotação, mas a rotação do disco externo fica para trás, o que causa a torção”.

O estudo nos dá uma melhor compreensão da estrutura tridimensional e dinâmica da nossa galáxia, e ajudará os cientistas a entenderem melhor o relacionamento da Via Láctea com suas galáxias-satélites, em especial a Grande Nuvem de Magalhães, que deverá se colidir com a nossa galáxia dentro de 2 bilhões de anos — antes mesmo da colisão com a galáxia de Andrômeda, que deve acontecer somente em 4 bilhões de anos.

Fonte: Canaltech

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